Superinfecção por fungos invasivos são detectados em pacientes com Covid-19 na Índia e Brasil

A Academia Brasileira de Rinologia, exercendo seu papel científico e educacional, vem a público alertar sobre os casos de fungos invasivos que têm acometido pacientes de Covid-19 na Índia e no Brasil. Esse tipo de superinfecção ocorre em pessoas debilitadas imunologicamente, como transplantados, e portadores de distúrbios metabólicos descontrolados, como os diabéticos.

“Temos percebido o desenvolvimento destas infecções fúngicas na região do nariz e seios paranasais em pacientes convalescendo pela Covid-19. A preocupação de nossa Academia está associada à importância do diagnóstico precoce, pela elevada letalidade. Mesmo diante de intervenções cirúrgicas (com princípios oncológicos e mutilantes), além de medicamentos antifúngicos (de alto custo e com efeitos adversos marcados), a morbimortalidade é muito elevada”, alerta o médico otorrinolaringologista Fabrizio Ricci Romano, presidente da Academia Brasileira de Rinologia.

Embora os casos sejam mais comuns na Índia, e no Brasil ainda pontuais, de acordo com o Dr. Fabrizio Romano, fica o importante alerta para todos profissionais de saúde ficarem atentos para mais esta potencial grave complicação em pacientes afetados na pandemia, assim como para a importância dos pacientes diabéticos, em especial, terem seus níveis glicêmicos controlados rigorosamente.

Neste tipo de processo, fungos normalmente inofensivos, encontrados na natureza, invadem o revestimento do trato respiratório superior e chegam aos vasos que nutrem a região onde causam isquemia, morte dos tecidos e progressão rápida da destruição tecidual. A progressão da doença leva ao comprometimento das estruturas vizinhas nobres, como olhos e cérebro.

“Os estudos observacionais publicados até o momento não permitem garantir todos os mecanismos associados à identificação desse tipo de infecção por fungos entre os pacientes convalescendo pelo vírus do SARS COV-2, mas, ao que tudo indica, o desequilíbrio metabólico causado pelo uso de corticosteroides sistêmicos em pacientes diabéticos parece se constituir no principal fator de risco. Outras questões relacionadas às características climáticas de cada região, assim como particularidades de cada instituição no que diz respeito a processos humanos e físicos para diminuir exposição destes pacientes a ambientes colonizados por este tipo de micro-organismo, também deverão ser estudadas”, explica o médico otorrinolaringologista Otavio Piltcher, secretário da Academia Brasileira de Rinologia.

A Academia Brasileira de Rinologia, afiliada da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial), está desenvolvendo um artigo científico sobre o tema para publicação no BJORL (Brazilian Journal of Otorhinolaryngology), a revista otorrinolaringológica mais importante na América Latina.

Redação

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