Superlotação de hospitais afeta cirurgias de urgência, emergência e oncológicas em Campinas

A superlotação dos hospitais de Campinas, Valinhos e Vinhedo (SP), tanto da rede pública quanto privada, causada pelo aumento de casos de Covid-19, também está comprometendo a realização de cirurgias de urgência, emergência e oncológicas. Esta é a primeira vez que isso ocorre na região, desde o início da pandemia. A informação é do Grupo Surgical, responsável por este tipo de procedimento em nove hospitais das três cidades.

“Estamos sem leitos nos prontos-socorros, nas enfermarias e nas UTIs. Os hospitais já estão com plano de contingência nas UTIs, ou seja, por causa da alta demanda, ocuparam leitos de UTIs, que seriam para pacientes com outras urgências, com pacientes Covid. E a gente fica na demanda do gerenciamento de leitos diário para saber se consegue ou não colocar pacientes que necessitam de UTI”, explica. “Outro problema são as cirurgias oncológicas. A gente não está mais conseguindo colocar as cirurgias oncológicas como na onda de 2020, porque não existem mais vagas de UTI. Então a gente não pode operar o doente sem vaga de UTI porque o risco é muito maior que a necessidade de operar”, conta. “A gente está tardando, semana a semana, esses pacientes oncológicos para poder ter uma ideia de como vai ficar o processo e, assim, conseguir se programar. Hoje, está impossível”, afirma.

Como cirurgias de urgência e emergência, como o próprio nome diz, precisam ser realizadas dentro de um determinado período, os pacientes correm sérios riscos de ter o problema agravado. “Estamos tentando, em alguns casos, como de hérnia encarcerada, fazer tratamento clínico”, explica. “Não é o ideal, mas precisamos priorizar pacientes dentro de um grupo que já é prioritário”, afirma Pereira.

De acordo com o cirurgião, apesar de as cirurgias eletivas terem sido suspensas na maior parte do período de pandemia, as cirurgias de urgência e emergência continuaram sendo realizadas. “Mas agora estamos com muitas dificuldades. Até as cirurgias oncológicas, que nunca deixaram de ser feitas, estão sendo adiadas. É uma situação inédita e muito grave”, lamenta.

Ele destaca que, infelizmente, é o que é possível fazer dentro de um cenário em que tantas pessoas precisam de atendimento ao mesmo tempo. “As administrações dos hospitais e as equipes de saúde estão se desdobrando para atender todo mundo, mas há um limite. Hoje, já não são mais os pacientes de Covid-19 que correm o risco de ficar sem atendimento. Os pacientes de outras patologias também correm. E não há vaga para ninguém, não importa se é do SUS, convênio ou particular. Chegamos ao limite”, afirma.

Para o cirurgião, a população precisa se conscientizar e, mais do que nunca, seguir os protocolos de saúde preconizados para prevenir a contaminação de Covid-19. “Neste momento, a única maneira de melhorar isso é evitando aglomeração, usando máscara, higienizando as mãos. Faz um ano que essas informações são difundidas por todos os lados, mas ainda tem gente que não cumpre. Nesse cenário, é inadmissível”, diz. Para reforçar, o grupo criou uma campanha em suas redes sociais, falando sobre a falta de leitos, e reforçando a importância da prevenção em sete passos: 1- Lavar as mãos regularmente, 2- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca, 3 – Utilizar máscara e, se possível, proteção para os olhos; 4 – Evitar aglomeração e manter o isolamento social, 5- Permanecer em casa e procurar o hospital se não estiver se sentindo bem, 6- Manter-se informado sobre o cenário atual da pandemia e sobre as datas de vacinação e 7- Respeitar as fases de contingência determinadas pelas autoridades sanitárias.

Redação

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