Sysmex Week começa com megatendências em saúde e evolução do laboratório clínico

A abertura da segunda edição do Sysmex Week, jornada on-line gratuita, que acontece entre 23 e 26 de agosto, com foco em atualização clínico-laboratorial para profissionais da saúde, teve início nesta segunda-feira (23) com a Aula Magna do Dr. Edgar Gil Rizzatti, Médico Hematologista e Patologista Clínico e Diretor Executivo Médico e Técnico e de Negócios B2B do Grupo Fleury, que trouxe um tema base para o futuro em medicina diagnóstica: ‘A Importância do laboratório clínico para o ecossistema da saúde’.

Confira os principais tópicos:

Megatendências em saúde

O ‘envelhecimento populacional’ resultará em sérias consequências para o setor da saúde, como aumento na prevalência das doenças crônico degenerativas e na incidência de câncer. “Estima-se que atualmente temos mais de 600 mil novos casos de câncer a cada ano no Brasil, um número que só deve aumentar. Isso tem implicações diretas para muito do que fazemos em medicina diagnóstica e nos laboratórios clínicos”, afirma.

A ‘medicina de precisão’ foi outra megatendência abordada durante a apresentação. “Em oncologia, por exemplo, saímos de um cenário em que um único tratamento era utilizado para todos os pacientes com um determinado tipo de câncer, passamos por uma era de estratificação dos casos e dos tratamentos com base em critérios clínicos, e, mais recentemente, temos visto uma otimização crescente dos conceitos de medicina de precisão com a personalização dos tratamentos. Essas inovações têm permitido uma verdadeira personalização do tratamento de grande parte de pacientes com câncer”, ressalta.

Dr. Edgar, explica que atualmente muitas áreas e especialidades médicas estão saindo de um cenário de investigação diagnóstica baseada em métodos empíricos, muitas vezes limitados e com lacunas no conhecimento e estão caminhando rapidamente em direção a um novo tipo de investigação, com o uso intensivo de dados e de conhecimento por meio de métodos com uma abordagem sistêmica em larga escala, genômica, proteômica, metabolômica, dentre outras. Isso permite compor um quadro cada vez mais completo e personalizado dos pacientes.

“Nó estamos evoluindo para um sistema de classificação de doenças que combina cada vez mais aspectos clínicos de uma forma organizada e orquestrada pelo prontuário eletrônico com dados sobre investigação genética e caracterização molecular. Dando origem a uma classificação das doenças baseada em mecanismos e relações de causa e efeito. Isso permitirá que tenhamos um auxílio cada vez maior dos computadores para identificar essas relações, inclusive incluindo novos tipos de dados, sobre exercício físico, dieta e sequenciamento genético, por exemplo”.

Outra megatendência global em saúde citada é a ‘digitalização da saúde’. “Observamos uma verdadeira explosão no uso da telemedicina durante a pandemia no mundo todo. Mesmo antes, a modalidade já vinha ganhando adeptos em muitos locais. Nos EUA, 80% dos médicos, por exemplo, têm a expectativa de continuar usando essa modalidade em nível iguais ou superiores aos que eles usaram durante a fase mais crítica da pandemia”.

Ele também comentou a ampliação do uso dos celulares na pandemia e a busca por informações de saúde por este canal. “São mais de 220 milhões de smartphones ativos no país – mais celulares ativos do que habitantes – sendo que, 97% desses usuários, utilizam o aparelho para acessar a internet”, diz.

Mais uma tendência extremamente importante na digitalização da saúde, é o uso crescente e cada vez mais intensivo de ‘Inteligência Artificial’. De acordo com o profissional, no laboratório clínico tem acontecido principalmente nos sistemas de apoio a decisão médica, nos algoritmos de ciência de dados, nos pipelines de bioinformática, principalmente em genômica e em diversas interfaces com áreas de apoio e de negócios.

“Essa tecnologia, com certeza vai nos ajudar a melhorar a nossa qualidade a nossa eficiência no laboratório e seu uso deve ser bastante ampliado nos próximos anos”, prevê.

Dr. Edgar finaliza esse tópico, falando do crescimento uso dos dispositivos e sensores vestíveis, os chamados wearables, que permitem monitorar exercícios, sinais vitais, a qualidade do sono e produzem dados muito relevantes sobre a saúde e que poderão ser capturados pelas plataformas digitais, e transmitido aos médicos por meio de interfaces de dashboards. “Essa, certamente, é outra tendência que deveremos ver ampliada num futuro próximo”, conclui.

O novo papel da liderança

Nesse processo de transformação, o papel da liderança será fundamental para dar suporte à equipe, diante da descoberta de novas oportunidades para inovação em produtos, serviços e em novos negócios.

“Temos de cultivar nas equipes, um ambiente de diversidade de pensamento, um estímulo às novas ideias e aos riscos controlados, para que possamos evoluir, buscando soluções cada vez melhores para os pacientes”.

A evolução do laboratório clínico

A terceira parte da apresentação traz uma correlação das duas partes anteriores com a evolução no laboratório clínico. “Há alguns autores que acreditam na convergência cada vez maior entre a patologia e a radiologia, especialidades que têm como característica o uso intensivo de dados para criação de uma nova especialidade médica integrada num futuro próximo, os chamados especialistas da informação”, comenta o especialista.

Para ele, outro aspecto extremamente importante do trabalho no laboratório é dar suporte às ações que promovam a qualidade e a segurança do paciente. “Temos de fazer o adequado acompanhamento de indicadores operacionais relacionados a mensuração do erro diagnóstico, no que se refere a laudos incorretos, atrasos nos laudos, e a falhas de comunicação de resultados relevantes e críticos aos médicos assistentes”, enfatiza.

Ele também lembra que outra forma de beneficiar o paciente é na melhoria da comunicação entre os profissionais do laboratório e entre os médicos nas diferentes especialidades e com pacientes e familiares.

“Em uma pesquisa feita no Brasil, pela Sysmex, apenas 17% dos médicos e profissionais entrevistados estão satisfeitos com a comunicação com o laboratório clínico. Isso significa que nós temos de promover melhorias nessa comunicação. Então, temos aqui uma grande oportunidade”, ressalta.

A programação do primeiro dia do evento, também contou com o painel ‘Abordagem clínico-laboratorial das trombocitopenias’. Com as palestras ‘O valor do diagnóstico laboratorial para o médico nas abordagens clínicas de trombocitopenia’, apresentada pela Dra. Andrea Ap. Garcia, Diretora Técnica do Hemocentro de São José do Rio Preto e ‘O valor do IPF como um parâmetro em evolução e suas novas aplicações clínicas’, ministrada pela Dra. Terezinha Paz Munhoz, Profa. Titular da Escola de Ciências da Saúde e da Vida – PUC-RS.

A programação faz parte da II Sysmex Week, evento on-line e gratuito que traz novidades das áreas clínico-laboratoriais em Hematologia, Urinálise e Citometria de Fluxo com uma série de conteúdos voltados profissionais do setor de medicina diagnóstica. Inscrições no site www.sysmexweek.com.

Redação

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