Tabagismo é determinante fator de risco cardiovascular, mas maioria dos médicos não sabe tratar

Uma pesquisa de percepção mostra que 32,7% dos endocrinologistas, cardiologistas e demais especialistas – de áreas médicas relacionadas com o cuidado a pacientes com diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares – se sentem, de fato, capacitados a ajudar o paciente a cessar o tabagismo. Os dados fazem parte da pesquisa de percepção “RECEITA DE MÉDICO: o que pensa quem cuida de diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares”.

Quando questionados sobre qual era a conduta quando o paciente é tabagista, os dados obtidos foram: 32,7% tratam esse indivíduo para apagar o cigarro porque estão capacitados para isso; 16,2% não conseguem tratar, mas gostariam de saber como fazer isso 41,9% indicam medicamentos antitabagismo, mesmo sem ter total capacitação; 37,3% encaminham a um especialista; 25,5% explicam os riscos e pedem que a pessoa tenha força de vontade para parar de fumar; 0,3 afiram que nada fazem e 1% não responderam.

Observamos que, embora estes médicos tratem pacientes com colesterol alto, diabetes, obesidade e hipertensão, poucos se sentem capacitados para tratar o tabagismo, um dos fatores que mais provoca mortes por problemas do coração no mundo. “O médico sabe controlar a pressão, colesterol e diabetes, mas, se ele não consegue que seu paciente pare de fumar, o benefício de controlar esses outros fatores faz bem menos diferença. Chama a atenção, inclusive que um bom percentual dos médicos indica medicamentos antitabagismo, apesar de boa parte deles não de sentir capacitado para isso”, questiona o especialista, que acrescenta. “Cuidar de tudo isso sem olhar para o cigarro é como tentar sanar o financeiro de uma empresa cortando o cafezinho, ou seja, não adianta”, conclui

Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que o tabaco mata até metade de seus usuários. Anualmente, são mais oito milhões de vidas perdidas. Mais de sete milhões dessas mortes são resultado do uso direto do tabaco, enquanto cerca de 1,2 milhão são resultado de não fumantes expostos ao fumo passivo. Mais de 80% dos 1,3 bilhão de usuários de tabaco do mundo vivem em países de baixa e média renda.

TABAGISMO E DOENÇAS DO CORAÇÃO

O tabagismo eleva o risco de doença cardíaca coronária, uma doença em que depósitos de gordura compostos de colesterol e outros materiais celulares (coletivamente chamados de placas) se acumulam dentro das artérias coronárias na superfície do coração, levando ao estreitamento das artérias.

Existe uma relação causal bem estabelecida entre o tabagismo e a morbidade e mortalidade relacionadas com doença arterial coronariana. A doença contribui para 9,4 milhões, ou 16,6%, das 56 milhões de mortes anuais globais, sendo que o tabagismo é responsável por 1,62 milhão, ou 18%, das mortes globais por doença coronariana.

PERFIL DOS ENTREVISTADOS – O questionário foi aplicado durante o Congresso ENDODEBATE 2022 e, em menos de 30 dias, teve a adesão de 654 respondentes de 17 especialidades, que atuam nas cinco regiões do país. A análise quantitativa e qualitativa contemplou as categorias geral, endocrinologistas e cardiologistas. Nesta amostra, a maioria dos médicos atende principalmente pacientes das classes A e B, sendo que 401 (61,3%) atuam exclusivamente na rede privada (particular e convênio) e apenas 36 médicos (5,5%) atuam exclusivamente no SUS. Os demais (217/33,2%) conciliam o SUS com atendimento aos pacientes de convênios e particular. Este perfil da amostragem é considerado no momento de interpretação do resultado.

Os dados completos serão apresentados em encontro exclusivo para a imprensa no dia 26 de outubro, véspera do DIACORDIS 2022, evento que acontece de 27 a 29 de outubro no Hotel Bourbon Convention Ibirapuera, em São Paulo. A análise trazida no relatório RECEITA DE MÉDICO passa também por temas como diabetes, obesidade, doença gordurosa do fígado, hipertensão, dislipidemias e doenças cardiovasculares. “Perguntamos também sobre temas frequentes no nosso dia-a-dia, como doença renal crônica, climatério e compulsão alimentar”, ressalta Carlos Couri.

DIACORDIS 2022/HÍBRIDO – Coordenado pelo endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, o DIACORDIS 2022 tem “Obesidade e coração, eu cuido!” como tema central. Inovador e altamente tecnológico, o DIACORDIS traz mais do que a atualização científica necessária para o dia a dia clínico, promovendo uma verdadeira experiência interdisciplinar que marca, de forma única, a rotina de especialistas de todo o Brasil. Programação: www.diacordis.com.br.

Redação

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