Técnica inédita de transposição uterina desenvolvida por brasileiro vence prêmio de inovação médica

Dr. Reitan Ribeiro

A técnica de transposição uterina, que tem como objetivo manter a fertilidade em mulheres que estão em tratamento contra câncer na região pélvica, desenvolvida de maneira inédita no mundo, pelo cirurgião oncológico Dr. Reitan Ribeiro, de Curitiba (PR), foi vencedora do 5º Prêmio de Inovação Médica da Veja Saúde e Dasa, na categoria Inovação em Tratamento.

O projeto foi o mais bem votado na análise do júri técnico-científico da premiação. A cerimônia aconteceu em 23 de novembro, com transmissão ao vivo para todo o país.

Intitulado como “Transposição uterina: estudo de viabilidade” , o projeto de pesquisa foi coordenado pelo Dr. Reitan, no Hospital Erasto Gaertner, e comprovou que o câncer não é uma doença que torna a paciente infértil, a não ser que tenha atingido órgãos reprodutivos femininos ou masculinos.

O procedimento reposiciona os órgãos reprodutivos para mantê-los seguros. “Trata-se de uma cirurgia, que retira o útero do seu local original e o reposiciona na parte de cima do abdômen, para preservá-lo durante o tratamento, e o devolve ao local original após a alta do tratamento contra o câncer”, ressalta o cirurgião.

Ele explica que, muitas vezes, o tratamento contra a doença – que envolve quimioterapia e radioterapia – pode levar à morte dos óvulos, causando a infertilidade nas mulheres. “Esta técnica visa proteger a capacidade reprodutiva, mas o tumor não pode estar comprometendo o útero, trompas ou ovários”, esclarece.

A função ovariana e uterina continuam funcionando normalmente durante todo o período. A cirurgia é feita de forma minimamente invasiva, com o auxílio da plataforma robótica, o que permite manter maior preservação da região. Atualmente o procedimento não é coberto pelo Sistema Único de Saúde e também não está no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS).

DADOS

Em todo o Brasil são esperados 625,9 mil diagnósticos de câncer a cada ano, sendo 316,2 mil em mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Apenas no Paraná o total de casos chega a 35 mil, com 16 mil mulheres afetadas ao ano. Estudos estimam que, do total, 13% das neoplasias afetam mulheres em idade fértil, abaixo dos 50 anos de idade.

Uma pesquisa que ouviu 630 mulheres jovens com câncer de mama, em relação à preocupação com a fertilidade após o tratamento, apontou que 37% das participantes desejavam ter filhos no futuro, 51% se preocupavam com a infertilidade e 26% disseram que o risco foi determinante na escolha do tratamento.

PRÊMIO

O Prêmio Dasa de Inovação Médica com a curadoria de VEJA SAÚDE visa reconhecer projetos, instituições e profissionais de saúde que fazem a diferença nas áreas científica, clínica e assistencial. “Queremos descobrir ideias e realizações com potencial inovador capazes de mudar a vida e a saúde dos brasileiros”, afirma Diogo Sponchiato, redator-chefe de Veja Saúde, da Editora Abril.

CURRÍCULO

O Dr. Reitan Ribeiro é cirurgião oncológico, diretor de ensino em cirurgia robótica e um dos fundadores do Instituto de Cirurgia Robótica do Paraná, (ICRP), é coordenador de pesquisa em oncologia ginecológica e secretário geral da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica. Ele também atua no Eco Medical Center, em Curitiba.

O ICRP reúne cirurgiões renomados em cirurgia robótica do Sul do Brasil – e em suas respectivas áreas de atuação, com certificação e know-how para oferecer melhor atendimento ao paciente, com o que há de mais atual e seguro na medicina.

Referência:

Fertilidad y anticoncepción en mujeres con cáncer en tratamiento quimioterápico

Redação

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