Adrian Felipe, Antonella e Andrew Zonin Antunes são os primeiros trigêmeos a nascerem no Hospital Unimed Chapecó (SC). A gravidez planejada e natural do casal Ana Claudia Zonin, 27 anos, analista de processos e Cassiano dos Santos Antunes, 37 anos, eletricista, recebeu cuidados “triplicados” desde as primeiras semanas.
Ana relembra que a gravidez de trigêmeos foi descoberta durante o exame de ultrassom, quando estava de seis semanas e seis dias. “Era véspera de Natal e me acompanhavam meu esposo e minha mãe Eliane Aparecida Machado. No início foi um susto com a notícia, mas a emoção tomou conta de nós três ainda quando ouvíamos os corações”, comenta.
ZELO PELAS VIDAS
Ana trabalhava de casa em virtude da pandemia de Covid-19 e, depois que o Governo Federal liberou as gestantes para retornar ao trabalho presencial, ela permaneceu em home office por ser uma gravidez de risco. “Após as 20 semanas ficava mais em repouso e a maior parte do tempo deitada. Nesse período tive que colocar um aparelho para tentar manter a gestação por mais tempo, por conta da dilatação em função do peso da barriga”, comenta.
O ginecologista e obstetra, médico cooperado Dr. Sandro Montemezzo, iniciou o acompanhamento da família na 20ª semana de gestação. “Sabíamos do alto risco de prematuridade dos bebês, por isso com 26 semanas inserimos o Pessário Cervical (dispositivo de silicone colocado no fundo do saco vaginal) e aplicamos diariamente progesterona. Optamos pelo Pessário, mesmo não tendo evidências científicas em gemelares, para prolongar o tempo de gestação e em virtude de que no ultrassom apresentava um colo encurtado”, explica.
ESTRUTURA
De acordo com o médico, o diálogo com os pais dos trigêmeos sempre foi bem aberto, com definições em conjunto das melhores estratégias de tratamento. Dr. Sandro recorda que a família tinha duas opções de planos de saúde para internação e cesárea. “Apresentei os prós e os contra de cada um e os pais optaram pela Unimed Chapecó, principalmente por poderem acomodar os três bebês na mesma estrutura de UTI Neonatal e de não serem transferidos para municípios diferentes”, relata.
Na 29ª semana de gestação ocorreu o rompimento de uma das bolsas e Ana precisou permanecer internada até a cesárea. “Foi um período primordial para prolongar a gestação e reduzir o tempo de UTI neonatal. Foi quando notei que a barriga aumentou cada dia mais. O acompanhamento médico foi essencial tanto para mim quanto os bebês. Precisei repousar muito mais”, recorda sobre sua primeira gestação.
PREPARAÇÃO
Nesse período Ana conheceu a pediatra e médica cooperada Dra. Christiane Gruber, que posteriormente acompanhou o nascimento dos trigêmeos. A UTI neonatal estava organizada para receber os bebês, com profissional para atender cada um, três berços montados com todo o material de reanimação (caso necessário) e três leitos de UTI Neonatal com respiradores.
A médica explica que quando o pediatra presta atendimento ao recém-nascido em sala de parto, mesmo em situações sem risco, precisa verificar todo o material necessário: berço aquecido, oxigênio, aspirador, laringoscópio e cânula para entubação. “Com trigêmeos tudo isso é triplicado e ainda temos a prematuridade. Nesses casos, muitos não respiram ou não choram ao nascer e por isso seguimos protocolo de reanimação neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria, que consiste em vários passos conforme o recém-nascido reage”, comenta.
Após estabilizado o paciente é levado para UTI Neonatal, colocado na incubadora, no respirador (caso necessário), no soro para hidratação e na nutrição parenteral para oferta de nutrientes e calorias. Também é preciso acesso venoso central, que pode ser pela veia umbilical (cateterismo umbilical) ou cateter central de inserção periférica (PICC).
“Como todo prematuro, cada dia que passava contava uma vitória. No caso dos trigêmeos, ambos tiveram intercorrências, mas a evolução foi ótima. Receberam alta com dois quilos, após um mês e meio de internação. Daqui para frente é importante o acompanhamento ambulatorial e esperamos que cresçam saudáveis”, destaca a médica.
EMOÇÃO CONTAGIANTE
Os trigêmeos nasceram com 30 semanas e dois dias de gestação, com peso médio de 1,2 quilo. Para a mãe Ana, o que mais lhe marcou no atendimento prestado foi a atenção, a prestatividade, o respeito e a empatia demonstrado por cada profissional da saúde. “No momento da despedida teve até choro pelo afeto que havíamos criado com todos que nos atenderam”, destaca.
Para Dr. Sandro acompanhar uma gestação de trigêmeos é sempre marcante. “Eles são verdadeiros guerreiros lutando pela vida. Isso não é um caso do dia a dia. O desafio da gestação gemelar é chegar o mais próximo possível do termo para reduzir os riscos inerentes a prematuridade. Buscamos uma cesárea tranquila e os nascimentos são sempre emocionantes, ainda mais em casos como esse. Fico feliz com o resultado positivo, de já estarem em casa após os cuidados na UTI Neonatal. Agora esperamos que esses bebês tenham um bom desenvolvimento e que a família esteja bem”, analisa ao comentar que teve o privilégio de fazer dois partos de trigêmeos em Chapecó, um do Hospital Regional do Oeste e este na Unimed Chapecó.