É possível que você já tenha ouvido alguém referir-se ao termo “infecção generalizada”, popularmente utilizado para informar que o organismo de certa pessoa esteve exposto a uma infecção e teve uma resposta excessiva ao tentar combatê-la. Essa patologia, que merece atenção em razão de sua alta taxa de incidência e mortalidade, possui uma denominação própria: sepse.
A sepse acontece quando, em um processo infeccioso causado por vírus ou bactérias, o organismo transporta a inflamação para outras regiões do corpo, ocasionando um completo desequilíbrio das funções vitais. Ela pode ser definida, portanto, como a presença de uma disfunção orgânica secundária a um agente infeccioso existente.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sepse é considerada a causa direta de mortalidade de mais de 11 milhões de pessoas em todo o mundo anualmente. Além disso, nos casos em que a sepse não leva o paciente a óbito, muitas vezes acaba ocasionando consequências graves e incapacitantes. Estudos realizados no Brasil estimam que cerca de 30% dos leitos de UTI do Brasil sejam ocupados por pacientes com sepse ou em choque séptico.
Conforme demonstram dados apresentados pelo Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS), atualmente a sepse é uma das principais causas de mortalidade hospitalar, superando o infarto do miocárdio e o câncer. Isso se deve ao fato de que, quando não tratada de forma precoce e adequada, a infecção se espalha rapidamente por todo o corpo do paciente, afetando drasticamente o sistema imunológico e dificultando o funcionamento dos órgãos. O resultado são alterações na temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca, na contagem de células brancas do sangue, nos sistemas neurológico, respiratório, dentre outros. Caso o tratamento adequado não seja realizado com a efetividade e rapidez necessárias, a consequência mais comum é a falência múltipla de órgãos, ocasionando o óbito do paciente.
Diante de sua elevada incidência em níveis globais e da altíssima taxa de mortalidade que a acompanha, é essencial que a população em geral e os profissionais de saúde tenham o conhecimento ampliado sobre os sinais e sintomas da sepse, de modo que ela possa ser reconhecida precocemente, permitindo que os profissionais ajam de forma imediata e que o tratamento ocorra de forma efetiva.
A SEPSE É CONSIDERADA CONTAGIOSA?
De forma geral, a sepse não é considerada uma doença contagiosa, uma vez que não é transmitida de pessoa para pessoa. Ela caracteriza-se pelo agravamento de uma condição infecciosa já existente, como por exemplo, pneumonias ou infecções urinárias, que evoluem de forma desregulada, espalhando-se pelo corpo.
Há, contudo, casos em que a origem preliminar da sepse é uma doença contagiosa, a exemplo da meningite bacteriana. Neste caso, há possibilidade de transmissão do patógeno causador da sepse.
COMO É REALIZADO O RECONHECIMENTO DA SEPSE
INFECÇÃO SEM DISFUNÇÃO: Caracteriza-se quando o paciente com infecção possui foco infeccioso sem apresentar disfunção orgânica.
SEPSE: O paciente apresenta infecção associada à disfunção orgânica, de forma independente da presença de sinais da Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS).
CHOQUE SÉPTICO: O paciente apresenta infecção alastrada pelo corpo afetando vários órgãos e com risco de morte.
O PROTOCOLO DE SEPSE NA UNIMED CHAPECÓ
Buscando padronizar e otimizar a conduta de atendimento, a Unimed Chapecó (SC) implantou, ainda no ano de 2012, o chamado Protocolo de Sepse, que orienta-se pelas recomendações do Instituto Latino Americano da Sepse, que por sua vez baseia-se nas diretrizes da Campanha de Sobrevivência a Sepse (SSC, Surviving Sepsis Campaign).
O protocolo busca organizar e priorizar os processos relacionados ao atendimento do paciente que apresenta sinais iniciais de sepse, otimizando tempo e recursos através de um tratamento assertivo que busca reduzir a gravidade e o tempo de internação, além de garantir boas condições ao paciente no período pós-sepse, possibilitando um rápido retorno às suas atividades habituais.
De acordo com análises realizadas pela coordenadoria do Serviço de Emergência Médica e Preventiva da Unimed Chapecó, os principais resultados nas taxas de mortalidade e sobrevida se concentram em uma atuação eficiente nas primeiras 6 a 12 horas de atendimento, período em que o paciente deve ser monitorizado mais de perto e devem ser tomadas as medidas adequadas para identificação e tratamento do foco infeccioso. Por esse motivo, um protocolo que oriente uma abordagem precoce, com o manejo adequado do paciente na fase inicial, demonstra-se essencial, exigindo que as equipes de atendimento multidisciplinar tenham o pleno conhecimento da realidade do paciente séptico.
As capacitações sobre o tema são regularmente ofertadas para as equipes da Unimed Chapecó, sabendo da importância de sempre suspeitar da possibilidade de sepse em pacientes com sinais e sintomas sugestivos de infecção. A equipe multidisciplinar deve se atentar à presença de SIRS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica), de disfunções orgânicas novas ou de piora em disfunções orgânicas prévias, alterações que podem caracterizar a presença de infecção e sepse.
CONHEÇA AS ETAPAS DO PROTOCOLO DE SEPSE:
- Identificação inicial dos sinais de sepse pela equipe multidisciplinar;
- Abertura do Protocolo;
- Avaliação médica para tomada de decisão sobre prosseguimento com o protocolo ou descarte da situação de sepse;
- Coleta de exames laboratoriais, com resultados preliminares em até 45 minutos;
- Administração de antibiótico conforme protocolo institucional;
- Recoleta de exames em até 4 horas em pacientes com alteração dos exames iniciais;
- Reavaliação clínica.