Há anos o setor privado de saúde brasileiro discute a substituição do tradicional modelo de remuneração fee for service por outros formatos, como forma de evitar o desperdício e reduzir os custos. A Organização Mundial de Saúde (OMS), que criou em 7 de abril de 1948 o Dia Mundial da saúde, estima uma perda de 20% a 40% de recursos na área. São custos que, em sua maioria, não trazem contrapartida para o paciente. Apesar disso, o fee for service permanece como o mais utilizado no país. Entretanto, na visão do presidente da Unimed Nacional, Luiz Paulo Tostes Coimbra, a tendência é de que o setor passe a adotar modelos baseados em valor, pois pensando em longo prazo, não há como se manter sustentável com o formato atual.
À frente da cooperativa nacional da marca Unimed, com mais de 2 milhões de vidas, Luiz Paulo conta que tem adotado formatos de remuneração baseado em valor e defende que essa é a única saída para que se valorize os prestadores que entregam qualidade e eficiência no atendimento aos pacientes. “É preciso que se migre o modelo do fee for service e se pague pelo resultado clínico. Clínicas e hospitais precisam receber pela qualidade do serviço que é entregue ao paciente. Assim quem for mais eficiente clinicamente, vai ganhar mais”, ressalta.
Ele também ressalta que superar o modelo tradicional abre novos horizontes, permitindo que a operadora avalie qual opção é a melhor para cada tipo de prestador, pode ser capitation, por pacote, entre outros. Em casos de doenças nos quais há maior previsibilidade clínica, o modelo por pacote pode ser mais interessante, pois permite estabelecer previamente um valor por todo o atendimento prestado.
No entanto, observa Luiz Paulo, para que haja ganho para o paciente e, ao mesmo tempo, se reduza o desperdício, é preciso que a remuneração esteja atrelada a indicadores de performance. Ele cita como exemplo um programa para doenças crônicas, no qual os beneficiários da Unimed são atendidos por uma clínica especializada. Nesse caso, o risco é compartilhado com o prestador. Isso significa que o ganho dele varia de acordo com os indicadores estabelecidos. “Se o atendimento não resultar em ganho de qualidade de vida para o paciente, ou seja, em redução de tempo de internação ou de ia ao pronto de socorro, o prestador não recebe um valor menor ou pode nem receber nada”, destaca.
O caso do programa de crônicos é apenas um de várias relações com prestadores que já se baseiam em modelos de remuneração por valor. Para a Unimed Nacional, esse é um caminho sem volta, pois privilegia os prestadores que realmente entregam serviços de excelência e acaba com um modelo de pagamento que não prioriza a saúde do paciente. “A Unimed quer ser referência nessa transformação, para que não se pague mais por desperdícios que prejudicam o paciente e inviabilizam a sustentabilidade do setor”, afirma Luiz Paulo.