Variante Delta do Coronavírus pode levar a aumento de doenças cardiovasculares entre pacientes infectados

A variante Delta do Coronavírus avança entre a população e os sintomas não são tão leves, apesar da queda no número de internações e mortes registrados nas últimas semanas. Há aumento de casos entre os grupos mais vulneráveis e mesmo entre aqueles que concluíram o ciclo de vacinação.

“Com isso, tende a crescer, no futuro próximo, a quantidade de indivíduos com problemas cardiovasculares que podem estar ligados à infecção pelo Coronavírus, a exemplo do que já vinha ocorrendo com os casos gerados pelas cepas anteriores”, afirma o cardiologista e coordenador do Centro de Tratamento Pós-Covid do Grupo Leforte, Heron Rached.

De acordo com informações apresentadas durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia 2021, no último dia 28 de agosto, a chamada Covid Longa, na qual o indivíduo apresenta sequelas, com disfunções de múltiplos órgãos, é uma das maiores preocupações entre os especialistas. Sequelas cardiovasculares – como miocardites, infarto do miocárdio e hipertensão arterial – têm sido comuns em pacientes após a infecção.

“Em consultório, temos percebido essa mesma tendência, com o aumento da ocorrência de pacientes hipertensos, infartados ou vítimas de AVC. Há, também, um crescimento no número de pacientes com miocardite”, destaca o Dr. Heron.

Além disso, um estudo feito pela Universidade de Cambridge e pela agência Public Health England, publicado na revista The Lancet, também no último sábado (28), aponta que a variante Delta do Coronavírus tem a capacidade de duplicar a tendência de internação entre os pacientes infectados, na comparação com a cepa Alpha, que foi identificada em novembro de 2020, no Reino Unido.

Para o especialista do Grupo Leforte, esse cenário mostra que é preciso acelerar a vacinação, incluindo a dose de reforço, e conscientizar a população sobre a importância da continuidade dos meios disponíveis de proteção – máscara e distanciamento social. “O sistema de saúde também precisa estar mais bem-preparado e estruturado para atender pacientes em fase aguda de infecção pelo Coronavírus e, principalmente, com as sequelas cardiovasculares decorrentes da pós-Covid.”

O Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia também destacou a ineficácia das drogas utilizadas para tratamento precoce ou mesmo de pessoas já infectadas, com destaque para os imunossupressores, corticóides e a hidroxicloroquina. Neste último caso, foram relatados casos de piora do quadro clínico de pacientes que utilizaram a medicação. “Não há tratamento sistematizado ou estabelecido, seja preventivo ou para tratamento dos pacientes pós-Covid. Isso só reforça a necessidade da prevenção e da vacinação acelerada da população”, destaca o Dr. Heron.

Centro de Tratamento Pós-Covid

Os quadros de saúde apresentados por pacientes internados por Covid-19, mesmo após a alta hospitalar, já haviam chamado a atenção dos especialistas do Grupo Leforte ainda em 2020. Por isso, no último mês de outubro, a instituição criou o Centro de Tratamento Pós-Covid, que funciona nas três unidades: Liberdade, Morumbi e no Hospital e Maternidade Christóvão da Gama.

O objetivo é garantir uma recuperação completa aos pacientes acometidos pela doença, com avaliação individualizada do paciente, feita por equipe multiprofissional, composta por cardiologistas, pneumologistas, nefrologistas e nutricionistas. São realizados exames prévios, como ecocardiograma, eletrocardiograma e tomografia do tórax, que podem ser combinados com outras investigações, conforme a necessidade.

Isso permite estipular o risco de futuros desdobramentos à saúde do paciente recuperado da Covid-19. “Desenvolvemos protocolos específicos para esse paciente, com acompanhamento e exames no período pós-alta, para que possamos identificar precocemente o surgimento de eventuais sequelas”, esclarece o cardiologista. Quanto mais cedo for o diagnóstico, maior a chance de o paciente se recuperar totalmente”, conclui o Dr. Heron.

Redação

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