Ventilação mecânica: confira 3 pontos que todo gestor hospitalar precisa saber

A crise de saúde provocada pela Covid-19 chamou a atenção para as desigualdades de acesso a ventiladores mecânicos no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, antes da pandemia, 33% das cidades brasileiras tinham no máximo 10 ventiladores mecânicos para atender toda a sua população.  Nos últimos meses, investimentos públicos e privados foram anunciados para suprir esse gargalo, mas, à medida que os equipamentos chegam aos hospitais, se percebe outro dilema: nem sempre o que se adquiriu é o mais adequado para o cuidado dos pacientes.

Confira três pontos que merecem a atenção de todo gestor hospitalar na hora de adquirir equipamentos para ventilação mecânica.

  1. Pense em alternativas à ventilação invasiva

Para ter um parque completo de suporte respiratório, dê atenção também a equipamentos que utilizam técnicas não invasivas de ventilação e que podem ser alternativas viáveis à ventilação mecânica. Além de menos agressivos, eles auxiliam na mais rápida recuperação do paciente e na redução dos custos e tempo de internação na maioria dos casos”, explica o fisioterapeuta Tiago Cremonese, gerente no Brasil da empresa Vapotherm.

Hoje já existe tecnologia capaz de reduzir em 80% o uso dos ventiladores mecânicos invasivos, evitando a intubação dos pacientes. É o caso dos equipamentos para alto fluxo de oxigênio1, com tecnologia conhecida como Hi-VNI – ventilação não-invasiva sem máscara para pacientes que respiram espontaneamente.

Com esse tipo de equipamento, chamado de Precision Flow, é possível atender emergências de pacientes com desconforto respiratório, impedir a Intubação Orotraqueal (IOT) e atender a demanda de oxigênio, sem o uso de ventiladores com máscaras.

Para uso do equipamento, não são colocados tubos na traqueia dos pacientes e, consequentemente, não há necessidade de sedação, por exemplo. Isso gera redução considerável nos gastos com insumos – cerca de R$ 1 mil a menos por paciente por dia.

2. Analise a velocidade, e não só a quantidade de oxigênio

Um erro comum na escolha dos equipamentos para suporte respiratório é olhar apenas a quantidade de oxigênio entregue, sem levar em conta a velocidade que esse oxigênio no circuito do aparelho chega para o paciente.

A velocidade do oxigênio é tão importante quanto o volume entregue pelo equipamento, indicam estudos clínicos2,3. Com mais velocidade, o O2 chega mais rapidamente aos pulmões e o paciente também elimina CO2 com mais facilidade.

Para se ter uma maior velocidade, opte por circuitos com cânulas nasais afuniladas. Fazendo uma analogia, é como quando temos uma mangueira de jardim e bloqueamos parte da saída de água com o dedo. O volume de água pode ser o mesmo, mas a velocidade com que a água sai é maior, fazendo com que ela chegue mais longe e mais rápido. O mesmo ocorre em ventilação mecânica”, aponta Cremonese.

3. Segurança é sempre prioridade

Existem aparelhos que atendem parte dos requisitos necessários para suporte respiratório, mas não priorizam a segurança do paciente e da equipe.

Um item que chama atenção em alguns equipamentos é a falta de alarmes necessários, dando alertas para interrupções no fluxo de oxigênio, por exemplo, redobrando ainda mais a atenção da equipe para detalhes que comprometem o bem-estar do usuário e de quem o manuseia.

Outro ponto a se observar é se os circuitos que levam oxigênio para o paciente são aquecidos. Alguns podem aquecer por fora e por dentro, isso pode levar a queimaduras na pele.

Aparelhos inadequados podem condensar água nos circuitos, provocada pelo choque térmico do ar quente do circuito com o ambiente mais frio. Essa água acumulada e quente inicia a proliferação de bactérias, que correm o risco de atingir os pulmões. O ideal é que o circuito seja isolado por camadas, não estando sujeito a variações de temperatura, aquecendo somente o ar levado para os pulmões.

Outro detalhe na segurança do paciente é a locomoção. Se for necessário que o paciente caminhe ou seja transferido para outras unidades ou setores, isso não pode comprometer o suporte respiratório. Por isso, os aparelhos precisam ter algum tempo de bateria para manter o fluxo e a umidificação funcionando normalmente.

Redação

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