Vera Cruz Hospital alerta para poder do diálogo na prevenção de suicídios

Você sabia que é possível salvar vidas apenas batendo um papo? O ato de se dialogar sobre problemas ou sentimentos pessoais é tão poderoso que se transformou em uma hashtag especial do Vera Cruz Hospital, de Campinas (SP), para lembrar do Setembro Amarelo, o mês de combate ao suicídio: #VocêNuncaEstaráSozinho.

A cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida no Brasil e 17% das pessoas no País já pensaram, em algum momento, em cometer suicídio. Os dados constam na cartilha “Suicídio – Informando para Prevenir”, elaborada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em parceria com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). E ao contrário do que se presume, falar sobre o assunto não aumenta os riscos. Divulgar informações, como métodos de se identificar sintomas e sinais, e a relevância de se procurar por ajuda profissional, pode salvar vidas. Conversar sobre o problema alivia sentimentos de angústia, tensão, e pode ter papel fundamental no convencimento a potenciais suicidas em buscar auxílio assertivo.

“Aquela história de ‘cão que ladra, não morde’, é um mito. Quem fala, faz. E, muitas vezes, quem não fala, faz também. Quem fala, porém, se dá a oportunidade de ser ajudado. O que a pessoa precisa saber, nesta hora, é que ela nunca estará sozinha”, argumenta Gabriel Banzato, coordenador da Psicologia do Vera Cruz Hospital. “Muitas vezes, a pessoa que idealiza um suicídio não está pensando em tirar a própria vida. Está pensando em acabar com um sofrimento, com uma dor. Se esta dor for física, até um analgésico pode resolver. Mas, e se não for? Viver com dor é muito difícil. Por isso, a importância da conversa, da comunicação”, completa o especialista.

Na visão do médico psiquiatra responsável pelos Serviços de Interconsulta em Psiquiatria do Vera Cruz Hospital e do Vera Cruz Casa de Saúde, Petrus Raulino, o assunto tem de ser levado à sério também por se tratar de uma emergência médica. “Mais de 90% dos casos de suicídio são relacionados a transtornos mentais e principalmente a quatro grupos de transtornos psiquiátricos: o primeiro é relativo a transtornos de humor, como depressões e transtorno bipolar, por exemplo; o segundo é composto por transtornos pelo uso de substâncias psicoativas, como álcool e drogas; o terceiro grupo é de transtornos de personalidade, como, por exemplo, pessoas impulsivas ou com outro tipo de instabilidade emocional. O quarto e último é o que chamamos de transtornos psicóticos como a esquizofrenia. Portanto, transtornos mentais precisam ser avaliados em pessoas sob risco de suicídio para a abordagem adequada. E tentativas de suicídio são consideradas emergências médicas que devem ser atendidas, em um primeiro momento, por serviços de emergência em saúde”, explica.

Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. O Setembro Amarelo começou em 2014 no Brasil, por meio do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal De Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

“Precisamos derrubar alguns mitos sobre este assunto. O primeiro: ‘quando a pessoa decide cometer suicídio, ninguém consegue convencê-la do contrário’. Em mais de 50% dos casos as pessoas verbalizam antes. Portanto, buscam uma forma de apoio. A conversa é super importante, por este motivo, para ajudar a salvar vidas. O segundo é que ‘pessoas que possuem algum tipo de transtorno psiquiátrico que pode levar ao suicídio não procuram serviços de saúde’. Novamente, em mais de 50% dos casos, pessoas que tiveram ou têm – comportamento suicida passaram por serviços de saúde anteriormente, pois o transtorno mental, com frequência, não provoca apenas sintomas psíquicos, mas também sensações físicas, como falta de ar e angústia, para citar algumas”, reforça Raulino.

Segundo o especialista, o comportamento suicida varia de pensamentos e ideias até a concretização, passando por planos e planejamentos. E a tentativa de suicídio se caracteriza por uma emergência médica, pois precisa de intervenção imediata em razão do risco de morte.

Redação

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