Viúva e mãe solo, enfermeira fala sobre perda e importância da rede de apoio

A enfermeira do Hospital Universitário de Jundiaí (SP), Tarcila Simonetto Borges, sentiu o chão se abrir com a notícia da morte do marido, Anderson Borges, em um acidente de moto em junho de 2016, aos 37 anos. O filho do casal, Theo, era um bebê e Tarcila estava prestes a voltar de licença-maternidade para suas funções no HU, onde começou a trabalhar em 2003 após a faculdade cursada por incentivo do então namorado.

Tarcila tinha se casado havia 3 anos e perder o amor de sua vida, como ela diz, com um bebê nos braços foi uma das situações mais dolorosas que já viveu. E contar com uma nova rede de apoio, os amigos do hospital, mudou uma rotina à qual nem ela sabia se conseguiria se adaptar. “Voltar ao trabalho após essa tragédia ajudou a amenizar minha dor. Meus colegas vinham me abraçar e sempre me ajudaram. Fui colocando minha cabeça no lugar”, lembra ela.

Quem vê Tarcila hoje pelos corredores do HU, distribuindo sorrisos e simpatia, não imagina o desafio que foi essa reconstrução. “O HU foi essencial em minha recuperação, o amor à minha profissão também”, diz ela que sentiu na pele a realidade de muitas mulheres que passam pela instituição: a maternidade solo. “Não é fácil”, diz.

Apesar da força ter se tornado uma convenção quando se fala em mulheres, relembrar essa história de dor, de medos, de vulnerabilidade neste 8 de março, é um ato de coragem para Tarcila. “Foi o apoio dos meus colegas que me ajudou a colocar a cabeça no lugar”, disse Tarcila sobre a importância de ter uma rede de apoio após as perdas.

Hoje, é ela quem ajuda mulheres a caminharem, passo a passo, em sua recuperação. Tarcila é uma das 539 profissionais do HU que se dedicam todos os dias a comemorar com outras mulheres suas alegrias e ampará-las quando elas se veem sem chão, como Tarcila se sentiu um dia.

A dedicação ao trabalho ajudou a enfermeira de 38 anos a se fortalecer. Mas foi saber que tinha uma outra família, como ela diz, que a permitiu chorar suas dores e ganhar o colo tão importante, quando precisou. “O HU sempre esteve em minha vida. Namorei, me formei, casei, tive meu filho, infelizmente perdi meu grande amor, mas continuo aqui em minha segunda casa”, afirma.

Redação

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