Apoio à ciência é fundamental no enfrentamento de epidemias

“Nas respostas da ciência, viabilizam-se esperanças e soluções para a vitória da humanidade contra epidemias como a da Covid-19”, enfatiza Vera Murányi Kiss, presidente da Fundação Péter Murányi, que mantém um dos principais prêmios do Brasil de apoio à pesquisa.

O Prêmio Péter Murányi, que chegou em 2020 à 19ª edição, tem periodicidade anual, contemplando, em forma de rodízio, as áreas da Saúde, Educação, Alimentação e Ciência & Tecnologia. “Dentre os trabalhos inscritos, indicados por universidades e instituições de pesquisa, há exemplos concretos de como a ciência pode vencer doenças, epidemias e ajudar no seu enfrentamento”, salienta a presidente da fundação.

Dois exemplos encontram-se na edição de 2018. Em primeiro lugar, ficou trabalho, indicado pela Fundação Oswaldo Cruz, responsável pela associação entre infecção pelo zika vírus e a microcefalia. Estudo, cujo papel foi fundamental para abordagem e enfrentamento do problema, é de autoria dos pesquisadores Celina Maria Turchi Martelli, Thalia Velho Barreto de Araujo, Ricardo Ximenes, Demócrito de Barro Miranda Filho e Laura Cunha Rodrigues. Um dos finalistas foi “Ensaio clínico de segurança, imunogenicidade e eficácia da vacina contra 4 tipos de HPV”, da professora Luisa Lina Villa, com indicação da FAPESP -Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Outro exemplo é o trabalho vencedor de 2014, uma nova vacina contra leishmaniose visceral canina, cuja incidência é de 500 mil casos em humanos por ano em todo o mundo. O cão é um dos principais transmissores. Os professores doutores Ana Paula Salles Moura Fernandes e Ricardo Tostes Gazzinelli, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ao longo de vários anos identificaram e testaram diferentes antígenos de Leishmania, de maneira comparativa, até encontrarem o antígeno A2. Por meio de modernas tecnologias de engenharia genética, isolaram no genoma a região que codifica o antígeno A2 e inseriram em uma bactéria não patogênica (inócua), que se multiplica muito rapidamente, permitindo sua produção em escala industrial, de modo recombinante.

A edição de 2010 premiou os pesquisadores Neuza Maria Frazatti Gallina, Hisako Gondo Higashi, Rosana de Lima Paoli e Regina Maria Mourão Fuches, do Instituto Butantã, que desenvolveram uma nova vacina contra hidrofobia, em cultura de células, que apresenta pureza superior às existentes no mercado internacional até então e com alto teor de proteção, com apenas três doses. Foi um grande avanço para o Brasil quanto à qualidade do produto e diminuição considerável de custos, além da autossuficiência na produção deste imunobiológico. O fato também amplia o acesso de países pobres.

Em 2011, o vencedor do Prêmio Péter Murányi foi o médico Marcelo Britto Passos Amato, do Instituto do Coração de São Paulo. Ele desenvolveu um inovador monitor pulmonar (instalável à beira do leito), capaz de mostrar em tempo real a condição dos pulmões dos pacientes submetidos à respiração artificial, evitando mortes e diminuindo traumas em pacientes hospitalizados em UTI. Seu trabalho recebeu mais de 1.200 citações internacionais e é considerado uma das 100 descobertas mais relevantes neste último século na área respiratória pela American Thoracic Society. É uma solução original, de baixo custo, cujos resultados levaram a uma mudança de paradigma para o monitoramento da ventilação artificial.

Enfatizando a relevância deste último trabalho como referência para o atendimento a pacientes de Covid-19 internados em UTI, Vera Murányi Kiss ressalta sua confiança nas soluções da ciência para a presente pandemia, observando: “Os exemplos que demos aqui evidenciam que nenhum país pode negligenciar o apoio à pesquisa”.

Redação

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