Brasil se torna referência mundial em medicina de mergulho

Ao completar 10 anos de atividades no Brasil, a afiliada da Divers Alert Network (DAN) – organização sem fins lucrativos que é a principal referência em segurança no mergulho para praticantes amadores e profissionais, é reconhecida por seus constantes investimentos no aprimoramento e promoção de conhecimentos para o melhor atendimento de intercorrências no segmento, recrutando o médico brasileiro, Camilo Saraiva, para a coordenação dá sua área médica internacional, baseada nos EUA.

Profissional de mergulho com quase 1.000 mergulhos e médico voluntário da DAN desde a sua fundação no Brasil, em 2008, Camilo foi escolhido por unir a prática profissional do mergulho à especialização profissional em medicina hiperbárica, os quais sempre destacaram a atuação da afiliada brasileira nas reuniões internacionais da DAN ao longo dos últimos anos.

“É um fato inédito esta representação brasileira dentro de uma organização que é a meca de segurança do mergulho no mundo, o que nos orgulha bastante diante de tantos esforços que realizamos para a qualificação das práticas de segurança no segmento, inclusive desenvolvendo protocolos diferenciados dentro dos já estabelecidos no grupo”, relata a presidente da DAN Brasil, Irene Demetrescu.

Contando com mais de 200 mil associados no mundo, sendo 3 mil no Brasil, a DAN oferece uma “linha de emergência” para a comunidade de praticantes de mergulho, operando uma linha telefônica única com acesso gratuito, disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, dedicada exclusivamente para a orientação sobre procedimentos específicos em acidentes de mergulho.

“Importante destacar que qualquer pessoa pode acionar a linha de emergência da DAN para receber orientação, sendo associado DAN ou não. A diferença para os associados é o benefício do Plano de Assistência que viabiliza os pagamentos dos tratamentos”, destaca a presidente da ONG.

No Brasil, desde 2015 as ligações de emergência que antes eram triadas a partir dos EUA, em inglês, passaram a ser realizadas em português com direcionamento para o Centro de Controle de Intoxicação da UNICAMP, em uma parceria da DAN com a Universidade, em que cerca de 40 estagiários de medicina e enfermagem filtram as primeiras informações e analisam a necessidade de direcionamento para o médico especializado. A estrutura do Brasil conta atualmente com seis médicos de suporte.

“A iniciativa da parceria com uma faculdade de medicina também figurou em uma ação inédita dentro da DAN em nível mundial, destacando as iniciativas da ONG no Brasil. É uma ação que fortalece não apenas a estrutura de atendimento da DAN, mas a própria instituição de ensino, fornecendo um conhecimento extra que não existe na grade curricular regular de medicina”, destaca dr. Camilo.

Neste mês de agosto, pela primeira vez também o Brasil sediou o DAN Academy of Dive Medicine, evento que em sua terceira edição reuniu médicos de diversas especialidades, mergulhadores recreativos, comerciais, militares e mergulhadores de segurança pública de toda a América Latina para a atualização a respeito das práticas essenciais da medicina do mergulho, bem como dos equipamentos hiperbáricos em geral.

Dados sobre segurança em medicina de mergulho

Em se tratando de acidentes de mergulho, após o ataque cardíaco, a principal ocorrência de saúde se caracteriza pelo “mal descompressivo”, que pode evoluir para uma doença descompressiva ou uma embolia arterial gasosa. Ambas as situações são graves e requerem atendimento médico especializado emergencial.

Segundo dr. Camilo Saraiva, “estas ocorrências se dão, em sua grande maioria, devido ao equívoco na execução do planejamento do mergulho pela não observância  adequada do tempo, profundidade e velocidade de subida quando se respira gases comprimidos que podem ser ar ou outras misturas gasosas”. E complementa que “a descompressão da profundidade, somada a algum desses erros, leva a formação de bolhas de nitrogênio nos tecidos do corpo do mergulhador, gerando diversas consequências, como o bloqueio de um vaso sanguíneo que supre uma determinada região do cérebro”.

Preparo dos serviços de saúde – No Brasil e no mundo, excetuando as áreas com alto turismo de mergulho como, por exemplo, Cancun, os serviços de saúde estão pouco preparados para lidar com atendimentos do mal descompressivo e neste sentido o trabalho da DAN se apresenta como um aliado fundamental na assistência dos acidentados e dos serviços de saúde que os atendem, bem como na formação de profissionais e fomento de pesquisas para todos os envolvidos com a área.

Atuação da câmera hiperbárica no atendimento de um mergulhador acidentado – tem a função principal de recomprimir o mergulhador acidentado, reduzindo e eliminando as bolhas de nitrogênio formadas nos seus tecidos.

Cada sessão de tratamento de recompressão em câmara hiperbárica pode levar de 2,5 a 72 horas, dependendo do caso, podendo requerer múltiplas sessões para casos mais graves. Cada hora de tratamento custa, conforme tabela oficial da Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica, de R$ 880,00 a R$ 1.320,00.

Conhecimentos necessários para o atendimento médico de acidente de mergulho – Embora tenhamos que considerar que os serviços de saúde não possuem necessariamente em sua equipe um médico hiperbarista e que nem todo médico hiperbarista possua conhecimento sobre mergulho, idealmente seria importante compreender a fisiologia de ambientes sob pressão, a fisiologia do mergulho, diagnósticos diferenciais com diversas patologias, como cardiovasculares e neurológicas (principalmente), que são adquiridos somente nas formações de médico hiperbarista e de medicina de mergulho. Também ajuda muito se o médico tiver bastante familiaridade com os equipamentos e jargões do mergulho, sendo um mergulhador.

Tempo para o aperfeiçoamento profissional em medicina hiperbárica – No Brasil requer inicialmente um curso de extensão universitária de 54 horas e treinamento pratico em serviços de hiperbárica reconhecidos pela Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica para poder ingressar na Sociedade. A partir daí é importante a realização de treinamentos especializados, como o realizado pelo médico brasileiro Camilo Saraiva, na Duke University dos EUA, bem como treinamentos específicos de mergulho na marinha e na DAN.

No Brasil existem apenas 271 médicos hiperbaritas cadastrados, sendo 88 ativos no país, conforme dados atuais da SBMH.

Certificação em mergulho recreativo autônomo (SCUBA) – Ela inclui já desde o nível básico, técnicas de resgate e auto resgate e recomenda aos participantes que façam um curso de primeiros-socorros. A quantidade e complexidade das técnicas, bem como o tempo de curso dedicado a elas, aumentam à medida que vai se avançando na progressão dos cursos até o profissionalizante.

No link a seguir, o relatório de 2016 e 2017 da DAN, com números de ocorrências envolvendo acidentes de mergulho no Brasil: www.danbrasil.org.br/relatorios-anuais

Redação

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