Diabetes tipo 1 é tema de projeto inédito de capacitação no SUS

Segundo a International Diabetes Federation (IDF), o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking de países com o maior número de pessoas com diabetes mellitus. Quando o assunto é o volume de crianças e adolescentes com diabetes tipo 1, somos “medalha de bronze”, figurando na terceira colocação. O diabetes mellitus tipo 1 ocorre quando o organismo do paciente não é capaz de produzir insulina, tornando necessário que os níveis de açúcar no sangue (glicose) tenham que ser regulados com injeções de insulina, em combinação com dietas específicas e exercícios físicos regulares.

Como é uma doença crônica, os pacientes precisam receber tratamento com insulina por toda a vida, buscando o equilíbrio entre altas e baixas concentrações de glicose no sangue: as hiperglicemias (altas taxas de glicose no sangue) e hipoglicemias (taxa baixa de glicose no sangue) capazes de causar outras doenças e até levar o indivíduo a óbito. A busca por esse equilíbrio é um desafio constante não apenas para eles, mas para familiares e profissionais da área da saúde que os atendem nas esferas municipais, estaduais e federal.

Para atender essa demanda por conhecimento e ajudar nessa difícil jornada surgiu o projeto Glica Melito, realizado por meio de uma parceria entre o Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde (CONASEMS), a empresa Novo Nordisk e o Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (IPADS). Seu objetivo é qualificar o cuidado ofertado às pessoas com DM1, capacitar as equipes de saúde para o tratamento e o uso de tecnologias disponibilizadas no SUS. Além disso, a ação busca instruir pessoas com DM1 e seus cuidadores sobre as práticas do autocuidado por meio da educação em diabetes.

O projeto Glica Melito conta com cursos, vídeos educativos e uma pesquisa para investigação da inserção das novas tecnologias no tratamento do DM1 no SUS. A implementação contará com o suporte técnico do IPADS e é composta por cinco vídeos com foco no autocuidado direcionados às pessoas com DM1. Os temas dos vídeos serão: Auto Estima e Estilo: convivendo com DM1; Conhecendo o DM1, conhecendo as insulinas e os dispositivos de aplicação; Alimentação saudável e o DM1; Atividade Física como aliada no controle do DM1. Além dos vídeos, o projeto Glica Melito ainda disponibilizará três cursos na modalidade de ensino à distância auto instrucional para aprimoramento dos profissionais de saúde do SUS. Eles são direcionados à equipe médica e a profissionais de saúde de nível superior e profissionais de saúde de nível médio, com carga horária entre 10 a 15 horas.

“Dessa forma, atuamos em duas frentes importantes e diretamente envolvidas no cenário do diabetes: os profissionais e os pacientes. Além disso, é importante buscar informações que contribuam para a tomada de decisão dos gestores em relação aos fluxos estabelecidos para o aprimoramento no acesso e adequada utilização das tecnologias incorporadas ao SUS no conjunto dos municípios brasileiros”, explica Orlando Soeiro, presidente do IPADS.

Cuidando melhor

O projeto Glica Melito dialoga ainda com o novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) – Diabetes Mellitus tipo 12. O documento foi aprovado em 2018 pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção à Saúde e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, e estabelece critérios de diagnóstico e tratamento, além de mecanismos de regulação em nível nacional, servindo como norte para Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes.

No entanto, para que o Protocolo se efetive na prática e apoie o cuidado de pessoas com diabetes mellitus tipo 1 no Sistema Único de Saúde (SUS), é necessária a sua utilização pelos profissionais da saúde, além de apoiar os municípios no processo de regulação.

“O PCDT certamente é um passo importante para as pessoas com diabetes, mas também um grande desafio para os municípios, que precisam buscar meios de garantir que essa população tenha acesso às tecnologias incorporadas no SUS”, comenta Mauro Junqueira, presidente do Conasems.

O mesmo documento também ressalta a importância da educação de pacientes e familiares para o autocuidado, passando por esferas como: alimentação saudável, contagem de carboidratos, prática de exercícios físicos, identificação e tratamento da hipoglicemia, administração de insulina, insulinoterapia intensiva e automonitorização da glicemia capilar.

O sucesso da disseminação e do acesso a esta forma de encarar o DM1 depende de um esforço coletivo que, novamente, passa pela informação. É o que comenta Simone Tcherniakovsky, Diretora de Acesso a Mercado, Relações Institucionais e Comunicação da Novo Nordisk, empresa global de saúde com 95 anos de inovação e liderança no tratamento do diabetes: “Educar continuamente pacientes e profissionais de saúde é um objetivo fundamental para a Novo Nordisk. Esta é uma peça fundamental para garantir que as melhores tecnologias cheguem até os pacientes e sejam usadas da maneira correta, propiciando todos os benefícios para as pessoas com diabetes. Daí a relevância de um projeto como o Glica Melito”, conta.

A proposta do projeto Glica Melito foi validada em conjunto pelo Conasems, a Novo Nordisk e o IPADS e apresentadA no 1o Seminário de Fortalecimento da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica, promovido pelo Conasems em setembro de 2018. Além da pesquisa em andamento, agora o projeto encontra-se na fase de produção dos materiais educativos, que serão apresentados no XXXV Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, que acontecerá entre os dias 2 e 5 de julho em Brasília com o tema “Diálogos no Cotidiano do SUS”.

Saiba mais sobre o projeto: ipads.org.br/glicamelito

Redação

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