Entenda por que compliance em saúde é uma das profissões em alta para 2022

A economia brasileira e mundial aos poucos vai retomando seu ritmo. Segundo o Boletim Macro, publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) em outubro de 2021, a expectativa é que o ano de 2022 venha acompanhado por uma diminuição na taxa de desemprego do país. Após dois anos de impactos negativos causados pela pandemia do novo Coronavírus, o mercado começa a dar sinais de melhoras em diversas áreas, entre elas, a saúde. O enfrentamento da Covid-19 colocou em cheque os serviços de saúde no Brasil que, para se manterem em desenvolvimento, estão buscando investir em pessoas, tecnologia, humanização de processos e gestão de riscos.

A consultoria de Recursos Humanos da Robert Half para a América Latina divulgou a lista dos cargos em alta para 2022 e, entre as profissões listadas, está o compliance. O aumento das fusões e aquisições no Brasil favorece os profissionais da área jurídica, e isso inclui o setor de saúde. A demanda por especialistas em Direito Societário e Contratos tende a crescer, pois, é uma área que além de apoiar as estratégias de crescimento das empresas, também trabalha na reestruturação societária e patrimonial de companhias que tiveram problemas durante a crise.

Desde o início da pandemia, a área de saúde é o setor que mais contratou funcionários. No início, o foco era em profissionais que trabalhassem na linha de frente contra a Covid-19, como médicos e enfermeiros, agora, a busca é por profissionais especializados em estratégia e governança de riscos. “Durante o auge da pandemia esse setor ficou bastante exposto e foi testado de diversas formas. Nesse cenário, as empresas de saúde perceberam o quanto um programa de compliance pode ajudar na prevenção e mitigação de riscos, trazendo mais segurança, economicidade e credibilidade para a imagem da empresa”, explica Waldyr Ceciliano, CEO da True auditoria, empresa especializada em auditoria, compliance e consultoria para esse segmento. Ele complementa que o compliance em saúde hoje funciona como um selo de qualidade, visto que leis como a Nova Lei Anticorrupção podem exigir programas de integridade para a contratação de empresas pelo poder público.

Quem atua no compliance em saúde?

Atualmente, não há um curso de nível superior específico para formação de compliance, porém, profissionais das áreas de Direito e Administração ocupam em maioria os setores da profissão tanto no Brasil quanto no exterior. Um profissional que busca trabalhar com compliance voltado para área de saúde deve estar familiarizado com o mercado de atuação e, principalmente, estar atento aos órgãos fiscalizadores e controladores do setor (ANS, ANVISA, etc.).

Esse profissional precisa se relacionar com todos os níveis hierárquicos da instituição, ter uma conduta padronizada e resiliente para ser capaz de lidar com os problemas internos. Deve acompanhar métricas, elaborar códigos de conduta e ter, principalmente, capacidade analítica para compreender e inovar na solução de problemas. O compliance é responsável por disseminar na instituição uma cultura corporativa de cumprimento de normas, o que exige muita organização e postura de quem executa essa tarefa.

A faixa salarial inicial de quem atua como Compliance Officer no Brasil é de aproximadamente R$ 6.500, podendo chegar até R$ 15 mil, o que resulta  em uma média geral de aproximadamente R$ 11 mil. Já um CCO (Chief Compliance Officer) possui uma variação maior, dependendo da empresa em que atua, do ramo e da abrangência da mesma. Um CCO no Brasil pode ganhar R$ 20 mil, sendo que esse valor pode variar para mais ou para menos de acordo com as especificações da empresa.

O trabalho do compliance em saúde é impulsionado por algumas demandas que o setor tem em sua rotina. Uma delas é a questão do sigilo médico, que exige alto cuidado no trato das informações dos pacientes. Outros pilares do compliance em saúde também devem ser considerados para um bom desenvolvimento da empresa, como a disponibilidade de canais de denúncias, investigações e auditorias. Atualmente, o faturamento do setor de saúde chega a 6,5% do PIB nacional, aproximadamente R$ 70 bilhões, e conta com cerca de 2 milhões de profissionais diretos e indiretos. Em pesquisa recente realizada por Catran Crespo, autor do livro “Um novo compliance da saúde suplementar para solução de um velho problema”, estima-se que os custos das operadoras de planos de saúde brasileiras com fraudes, desvios e outros desperdícios, equivalem, anualmente, a 19 % de toda despesa assistencial, o que representa um total de R$ 22,5 bilhões. Analisando esses dados, fica clara a importância da atuação do compliance no setor da saúde, para promover a melhor gestão dos gastos e da imagem da empresa.

O CEO da True afirma que a empresa expandiu mercado no ano de 2021 e tem projeções positivas para 2022. “Algumas coisas que passaram a ser usadas por conta da pandemia vieram pra ficar, e o compliance em saúde é uma delas. Tivemos um aumento significativo em nossa cartela de clientes e calculamos que a estimativa deve crescer neste ano, pois, após o pico da crise é que as organizações fazem o balanço dos ganhos e das perdas. Profissionais que estão adentrando ao mercado agora devem se atentar às possibilidades desse setor”, destaca Ceciliano. Segundo a publicação do estudo “O mercado Global de Governança, Riscos e Compliance (GRC) até 2025”, desenvolvido pela Bravo Research, o mercado de GRC no Brasil terá um crescimento anual médio de 10,8% para o setor de saúde entre 2019-2025. No mundo, o setor de saúde poderá se tornar o segundo maior em mercado após 2025, com projeções de US$ 7,5 bilhões.

Outras áreas que possuem ligação com a saúde também estão em alta em 2022. Um dos principais exemplos é a Tecnologia da Informação e Inteligência Artificial, visto que novas legislações e normativas, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a Nova Lei do Sigilo, demandam maior investimento das empresas em segurança da informação.

Redação

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