Uso de tecnologia para detecção de microrganismos e genes de resistência relacionados à sepse pode evitar milhões de mortes todos os anos

Em torno de 11 milhões de pessoas morrem todos os anos no mundo vítimas de complicações causadas pela sepse, uma disfunção de um ou mais órgãos do corpo humano, afetados por substâncias químicas que o organismo libera na corrente sanguínea na tentativa de combater infecções. O dado é da Organização Mundial da Saúde (OMS). O primeiro diagnóstico de sepse ocorreu na década de 1990, por pesquisadores norte-americanos.

No Brasil, estima-se que a marca chegue a 240 mil mortes, a maioria concentrada entre recém-nascidos, crianças e idosos. No entanto, a sepse afeta também pessoas com algum grau de deficiência no sistema imune, a chamada imunossupressão. Aos sobreviventes  da sepse, há uma grande quantidade de pessoas que levam sequelas para a vida toda. A OMS reconhece a doença – também chamada de septicemia – como um grave desafio global.

A infecção causa uma resposta inflamatória, normalmente no órgão onde se originou, e tende a gerar inflamações em todo o corpo. Pode ser causada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Esse processo danifica diversos sistemas de órgãos, levando-os a falhar. Os sintomas incluem febre, dificuldade respiratória, queda da pressão arterial, aceleração do ritmo cardíaco e confusão mental. Se diagnosticada precocemente, no entanto, pode ser controlada e tratada, evitando a piora do cenário e garantindo a recuperação da saúde integral do paciente. O tratamento inclui o uso de antibióticos e fluidos intravenosos. No caso de sepse causada por patógenos de não bactérias, o tratamento não será com antibiótico. “Nosso teste pode ser realizado para um diagnóstico viral”, diz.

Empresa brasileira fornece testes para diagnósticos precoces 

A empresa brasileira e curitibana Mobius Life Science desenvolve e fornece kits para identificação de patógenos e genes de resistência aos pacientes sépticos. Testes genéticos e de diagnósticos oncológicos precoces também estão entre os produtos ofertados pela empresa, que tem mais de 25 anos de atuação no mercado. Só em 2021, mais de três mil exames foram realizados com kits da Mobius Life Science, contribuindo para diagnósticos e tratamentos mais rápidos. Se o diagnóstico é feito rapidamente, identificando o patógeno responsável pela infecção, e o tratamento for iniciado no intervalo de poucas horas, o paciente tem mais chance de sobreviver e ficar sem sequelas. Mas quando diagnosticado e tratado tardiamente, lida com um risco muito maior de falecer.

Juliano Bison, coordenador da Mobius, explica que na microbiologia convencional ainda há um lapso entre a determinação precisa dos microrganismos causadores das infecções e possíveis genes de resistência que eles possam portar, o que limita o tratamento correto do problema. Já por meio da biologia molecular, utilizada nos kits fornecidos pela empresa, em poucas horas é possível ter a determinação do microrganismo e do gene de resistência, permitindo que o tratamento seja ajustado de forma precisa, segura e com rapidez. “Isso reduz o tempo de tratamento e o período de internação. Os hospitais também passam a ter menos custos com antimicrobianos e a agilidade no atendimento ao paciente possibilita um giro mais rápido dos leitos nos hospitais. Em tempos de Covid-19, isso também pode contribuir com o salvamento de muitas vidas”, lembra. O resultado do teste fica pronto dentro de seis a oito horas.

Juliano também conta que a capacidade de detectar mais de 40 patógenos e 20 genes de resistência simultaneamente de uma única amostra faz com que o teste de sepse da Mobius Life Science seja uma importante solução para o tão desejado tratamento assertivo. “O teste não se limita apenas a amostras de hemoculturas. Pode ser aplicado para amostras respiratórias – swabs de segurança, o que amplia o horizonte de investigação do paciente”, complementa.

Desinformação sobre sepse ainda faz maior número de vítimas entre populações mais vulneráveis 

O primeiro relatório global da OMS sobre sepse, lançado em 2020, conclui que os esforços para combater milhões de mortes e incapacidades devido à sepse ainda são dificultados por sérias lacunas no conhecimento, particularmente, em países de baixa e média renda, como o Brasil.

A sepse afeta desproporcionalmente as populações vulneráveis. Recém-nascidos, mulheres grávidas e pessoas que vivem em ambientes com poucos recursos representam aproximadamente 85% dos casos de sepse e mortes relacionadas ao problema.

Quase metade dos 49 milhões de casos de sepse a cada ano acomete crianças, resultando em 2,9 milhões de mortes. Infecções obstétricas são a terceira causa mais comum de mortalidade materna. Globalmente, estima-se que para cada mil mulheres que dão à luz, 11 sofrem disfunção orgânica grave relacionada a infecções ou morte.

O relatório também revelou que a sepse frequentemente resulta de infecções adquiridas em ambientes de saúde. Cerca de metade dos pacientes com sepse em unidades de terapia intensiva (49%) adquiriu a infecção no ambiente hospitalar. Estima-se que 27% das pessoas com sepse em hospitais e 42% das pessoas em unidades de terapia intensiva perderão a vida.

Melhorias na prevenção e rapidez do diagnóstico mudariam cenário

Melhorias no saneamento, na qualidade e disponibilidade da água para todas as pessoas e medidas de prevenção e controle de infecções, como higiene adequada das mãos, por exemplo, são capazes de prevenir a sepse e salvar vidas, mas devem ser combinadas com diagnóstico precoce, manejo clínico adequado e com o acesso a medicamentos e vacinas seguras e acessíveis. Essas intervenções podem prevenir até 84% das mortes de recém-nascidos pela sepse.

Entre as recomendações da OMS para enfrentamento do cenário, está o desenvolvimento e a adesão pelos países de ferramentas para o diagnóstico rápido. É importante também que elas sejam democratizadas. Hoje, os planos de saúde ainda não cobrem os testes.

Testes de diagnósticos precoces se alinham a conceito de “farmaeconomia”

Farmacoeconomia é a aplicação da economia ao estudo dos medicamentos, otimizando os gastos financeiros sem prejuízo ao tratamento do paciente. Diferentes estudos farmacoeconômicos podem ser empregados. Os principais são a minimização de custos, a análise custo-utilidade, o custo-benefício e  o custo-efetividade.

A escassez e limitação de recursos dos hospitais públicos brasileiros, aliado ao envelhecimento da população, torna a farmacoeconomia uma importante ferramenta para a tomada de decisão quanto aos recursos farmacológicos, permitindo a escolha da melhor opção de tratamento ao paciente adequada às possibilidades de custeio do hospital. O conceito, que se revela como uma tendência global, tem relação direta com as soluções ofertadas pela Mobius Life Science.

“Os exames moleculares, quando aplicados de forma ideal, ou seja, no tempo adequado em que permita ao médico direcionar o tratamento, faz com que haja uma expressiva redução de custos com medicamentos, intervenções, permanência no leite e outros recursos relacionados ao paciente que o valor do teste se torna irrisório”, comenta o coordenador da Mobius.

Redação

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