O Projeto Atitude, estudo pioneiro coordenado pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), para mapear o comportamento, as práticas e os cuidados da população gaúcha em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), está passando por Canoas. Até o dia 23 de abril, os moradores da cidade irão receber visitas das equipes que estão recrutando voluntários para a pesquisa. Além de responder a questionamentos, os participantes serão testados para HIV, sífilis e hepatites B e C.
O principal objetivo é identificar os motivos pelos quais o RS aparece em primeiro lugar nos casos de HIV e outras ISTs no país. É a primeira vez que uma pesquisa desse tipo acontece no Brasil. O Projeto Atitude deve entrevistar, ao todo, 8,2 mil pessoas no Rio Grande do Sul. De acordo com a epidemiologista Eliana Wendland, que lidera o projeto, a estratégia é facilitar o acesso das pessoas aos testes sorológicos. “Responder a essas entrevistas é fundamental para identificação de grupos de maior risco e para o desenvolvimento de estratégias de prevenção direcionadas a estas populações”, explica a médica.
Confira o cronograma das próximas semanas:
Esteio – 25 a 28 de abril
Sapucaia do Sul – 29 de abril a 6 de maio
Pelotas – 23 de abril a 5 de maio
Capão do Leão – 6 e 7 de maio
Cachoeirinha – 9 a 28 de maio
Projeto Atitude
O Projeto Atitude irá percorrer 56 municípios do Rio Grande do Sul. A coleta de dados se iniciou em dezembro de 2020 e, devido ao agravamento da pandemia, foi interrompida até agosto de 2021. A iniciativa é desenvolvida em conjunto com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), e conta com a parceria da Secretaria Estadual da Saúde.
As equipes — compostas por entrevistadores e um técnico de enfermagem — foram treinadas, e os profissionais estão identificados com colete e crachá com foto e um QR Code que pode ser scaneado para que as pessoas que estão sendo visitadas tenham a certeza de que a equipe faz parte da pesquisa. Também é possível conferir a identidade dos pesquisadores pelo telefone (51) 3537-8092.
Mortalidade alta no RS
Dados da Secretaria Estadual da Saúde de 2019 indicam que o Rio Grande do Sul apresenta a maior taxa de mortalidade por Aids no país, com nove óbitos por 100 mil habitantes — a média nacional é de 4,8 óbitos. Já a taxa de infecção de HIV em gestantes também é a maior do Brasil, com 9,5 casos para cada mil nascidos vivos — sendo em 2,8 o indicador nacional. O RS tem a segunda maior taxa de detecção de sífilis adquirida no país, com 116 casos por 100 mil habitantes — o indicador nacional é de 58 — e a terceira maior incidência de sífilis congênita em menores de um ano, com 14,2 casos a cada 1 mil nascidos vivos, quando a taxa brasileira é 8,6.