Um levantamento da Secretaria Municipal de Saúde de Blumenau (SC) aponta que 426 pacientes aguardam por uma cirurgia de hérnia abdominal, via Sistema Único de Saúde (SUS), na cidade com 361 mil habitantes. Entre as integrantes da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí, somando Brusque e Gaspar, a fila é de 235 pacientes, totalizando 661 pessoas.
As hérnias abdominais são caracterizadas por um defeito na musculatura, que abrem um espaço na parede e permitem a passagem de uma porção de gordura ou uma alça intestinal através dela. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia, o cirurgião Marcelo Furtado, a doença causa sintomas e afeta a qualidade de vida do paciente. “É muito comum apresentar dor, principalmente durante a prática de atividades físicas, que melhoram com o repouso. Além disso, a hérnia provoca alterações estéticas e pode levar a complicações como o encarceramento e o estrangulamento”.
Dezenas de cirurgiões se reuniram em Blumenau, no último final de semana, para debater sobre a cirurgia de hérnia e a importância de sua realização antes de possíveis complicações. Para o cirurgião Pedro Trauczynski, coordenador local da Jornada Sul Brasileira de Hérnia, casos tardios podem se tornar urgência ou emergência médica. “Quando a hérnia está encarcerada ou estrangulada é essencial operar o paciente o mais breve possível para evitar casos de isquemia e gangrena, que podem até levar à morte se não tratados de forma adequada. Nesse caso, entre os sintomas estão dor intensa, inchaço abdominal e alteração no ritmo intestinal”, explica.
DADOS – O número de cirurgias realizadas no estado foi de 22,2 mil de 2019 a 2021, de acordo com dados divulgados pelo DataSus. Entre os procedimentos de urgência e emergência foram feitas 3 mil cirurgias no mesmo período, representando 13% do total. A queda no número anual de procedimentos foi de 52%, saindo de 11,1 mil em 2019 para 5,3 mil em 2021.
A queda se deve, principalmente, ao cancelamento das cirurgias eletivas que ocorreram durante a pandemia no Brasil. “O adiamento do procedimento pode trazer prejuízos ao paciente, como a evolução da doença e aumento dos sintomas”, afirma o Dr. Pedro Trauczynski.
Do total das 22 mil cirurgias de hérnias feitas pelo SUS entre 2019 e 2021, apenas 127 – ou 0,5% – foram feitas utilizando a videolaparoscopia, uma tecnologia minimamente invasiva. Para o Dr. Gustavo Soares, vice-presidente da SBH, as cirurgias menos invasivas trazem vantagens tanto ao paciente quanto ao cirurgião. “Estamos falando de procedimentos mais seguros, com menores riscos de complicação e de recidiva da hérnia. Hoje contamos com a tecnologia da cirurgia robótica que permite a realização de cirurgias mais complexas, com menores incisões. O paciente fica menos tempo internado e retorna às suas atividades laborais e profissionais de forma mais rápida”.
EVENTO – Aconteceu neste sábado (30) a Jornada Sul Brasileira de Hérnia, no Hotel Quality, em Blumenau (SC). Contamos com a participação de dezenas de cirurgiões de vários estados brasileiros, para a atualização científica dos cirurgiões, com o objetivo de oferecer sempre o melhor tratamento para o paciente.
Marcelo Furtado, presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia, entidade que organiza o evento, afirma que as discussões em tempo real são essenciais para os especialistas. “Todos os aspectos das hérnias abdominais, em seus diversos tipos foram discutidos, o evento teve nível científico elevado, com uma cirurgia robótica ao vivo e ampla participação dos cirurgiões. Discutimos as técnicas minimamente invasivas, avaliando suas indicações e vantagens”, ressaltou.
Em junho, a SBH realiza nova Jornada e um mutirão de cirurgias de hérnia, que vai atender 100 pacientes que aguardam na fila de espera do SUS, na cidade de Palmas (TO).