Nos últimos meses tem se tornado frequente a discussão a respeito da superlotação de
Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatal e infantil em diversos estados brasileiros
e a principal causa é o retorno da circulação de vírus respiratórios, com tendência de
aumento durante o inverno. Para dimensionar a diferença entre a realidade enfrentada
pela população e as condições ideais preconizadas para um sistema de saúde eficiente,
a LifesHub, healthtech sediada em Florianópolis (SC) que estruturou uma plataforma de
inteligência com mais de 5 terabytes de dados em saúde, cruzou informações do
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), Organização Mundial da
Saúde (OMS), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Ministério da Saúde (MS) e o
resultado demonstra que o país sofre um déficit de 2066 leitos de UTIs específicos para
o acolhimento de nascidos vivos de qualquer idade gestacional que apresentem
quadro clínico grave ou que necessitam de observação.
Esse número foi estimado com base no parâmetro ideal estabelecido pela SBP, que
recomenda a existência de quatro leitos para cada grupo de mil nascidos vivos.
Entretanto, de acordo com a portaria nº 930/2012 do Ministério da Saúde, são
recomendados apenas dois leitos de UTI para cada mil nascidos vivos. Diante desta
divergência, a LifesHub listou os estados que possuem uma estrutura que cumpre com
o preconizado pela SBP, estados que cumprem com o indicado pelo MS e os estados
que estão em déficit considerando ambas as recomendações, conforme abaixo:
Contabilizando o total de UTIs neonatal disponibilizadas no país, sem considerar
diferenças de demandas regionalizadas, o Brasil oferece uma média de 3,74 unidades
para cada mil nascidos vivos. Já se considerarmos a disponibilidade de leitos apenas
pelo SUS, a média é de 1,89 leitos, abaixo inclusive do recomendado pelo próprio
Ministério da Saúde.
De acordo com o médico Ademar Paes Júnior, um dos fundadores da LifesHub e
também membro da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED), outra
questão importante e que merece observação é a maior probabilidade de
complicações no atendimento a recém-nascidos. “Quando o número de UTIs é menor,
a ocorrência de dificuldades de manejo tende a aumentar”.