Um novo estudo avaliou os impactos econômicos do excesso de peso em 161 países. Os índices apontam que no Brasil cerca de 88,1% da população terá sobrepeso ou obesidade até 2060 e os gastos, diretos e indiretos com as doenças associadas, são estimados em 218 bilhões de dólares.
De acordo com o médico especialista no tratamento cirúrgico da obesidade, Dr. José Alfredo Sadowski, a obesidade é uma doença crônica e multifatorial que deve ser prevenida e tratada desde os primeiros anos de vida, com políticas públicas, incentivo à prática de atividades físicas e bons hábitos alimentares.
“A obesidade é uma doença causada por vários fatores, incluindo suscetibilidade genética, nutrição com alta densidade calórica, baixa atividade física e estresse. Bons hábitos são importantes para evitarmos o aumento da obesidade no futuro. Existindo o diagnóstico da doença, é fundamental a busca pelo tratamento clínico ou cirúrgico o quanto antes para evitar a progressão e graves danos à saúde como hipertensão, diabetes, danos no fígado e em outros órgãos vitais”, explica Sadowski.
Complicações do excesso de peso
As doenças relacionadas à obesidade são responsáveis por mais de 4,7 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano, metade das quais ocorrem entre pessoas com menos de 70 anos de idade.
Atualmente, a gordura no fígado causada pela obesidade é a principal causa de cirrose e outras lesões no órgão. Estima-se que 25% da população adulta com excesso de peso apresente algum nível da doença, que se agrava conforme o Índice de Massa Corporal (IMC) aumenta. Não existe tratamento para a redução da gordura no fígado e a única maneira de controlar a doença e evitar a evolução para cirrose, ou até mesmo câncer de fígado, é perder peso e melhorar dieta.
Segundo a hepatologista Dra. Juliana Arrais, a obesidade traz sérias consequências para a saúde do fígado. Em casos graves, o acúmulo de gordura no órgão pode causar até mesmo cirrose e necessidade de um transplante.
“Há anos tem se notado um aumento da população obesa no mundo e isso traz diversas consequências e preocupações. É uma doença silenciosa e pode levar inclusive ao desenvolvimento de cirrose. Ela está associada também ao aumento do risco cardiovascular de câncer e piora da qualidade de vida”, alerta a especialista.
Foi o que aconteceu com a paciente Regina Aparecida de Araújo, de 55 anos, que estava com um quadro grave de esteatose hepática e foi submetida à cirurgia bariátrica em janeiro de 2021. Os exames realizados um ano após o procedimento já indicavam condições de um fígado normal.
“Eu estava com 90 quilos e não tinha sintomas. Fui ao médico da família e depois ao hepatologista e descobri que estava com o fígado ‘tomado’ de gordura, prestes a ter uma cirrose. Recebi a indicação de cirurgia bariátrica, que eu já conhecia, e realizei em janeiro de 2021. Depois da cirurgia foram seis meses fazendo exames a cada quatro semanas e com um ano estava completamente curada do fígado”, conta Regina.
“As indicações para a cirurgia bariátrica são muito claras e se o paciente tiver doenças associadas à obesidade, o procedimento apresenta excelentes resultados no médio e longo prazo para controle e remissão dessas doenças”, explica Sadowski, cirurgião responsável pelo procedimento. As principais doenças associadas à obesidade são o diabetes, a pressão alta, a apneia do sono, elevados níveis de colesterol, esteatose hepática e problemas de coluna ou articulares de membros inferiores.
Além dos efeitos conhecidos da obesidade na saúde do fígado, a gordura também causa problemas cardiovasculares, como o entupimento das artérias e inflamação crônica. Segundo o cardiologista, Dr. Francisco Pupo, a obesidade desregula o metabolismo e com isso pode gerar problemas cardíacos graves.
“A obesidade acaba desregulando vários sistemas do organismo. Com isso há um aumento de pressão arterial, possibilidade de aumento da glicose, diabetes e aumento do colesterol. Esses três fatos levam principalmente ao infarto do coração e também ao Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, explica Pupo.
Tratamento cirúrgico da obesidade
Os critérios de indicação do Ministério da Saúde e Conselho Federal de Medicina (CFM) para a cirurgia bariátrica preveem o encaminhamento quando o paciente apresenta Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m², com ou sem comorbidades; acima de 35 kg/m², na presença de comorbidades como a esteatose hepática, hipertensão, diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares, entre outras relacionadas ao excesso de peso, sem sucesso no tratamento clínico. A cirurgia metabólica, voltada para pacientes com obesidade leve e diabetes tipo 2 sem sucesso no tratamento clínico, pode ser indicada quando o paciente apresenta IMC acima de 30 kg/m².
“A obesidade, além da sobrecarga do peso, traz outros problemas de saúde como a hipertensão, o diabetes, problemas cardiovasculares e pode até aumentar o risco de alguns tipos de câncer se não houver um controle adequado. Entre estes tratamentos está a cirurgia bariátrica, considerado o método mais eficaz até o momento para controle da obesidade em seus níveis mais graves”, explica o Dr. José Alfredo Sadowski.