Terapia de infusão de medicamentos, usualmente aplicada no tratamento de câncer, melhora qualidade de vida de pacientes com esclerose múltipla

Cerca de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo convivem com a esclerose múltipla (EM), segundo estatísticas da Federação Internacional de EM, uma rede global de representantes civis e de organizações sobre a doença. Já no país, a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla estima que, aproximadamente, 40 mil indivíduos vivem com essa condição.

A PhD em neurorradiologista do CHN – Complexo Hospitalar de Niterói (RJ) – pertencente à Dasa, a maior rede de saúde integrada do país – dra. Fernanda Rueda esclarece que a esclerose múltipla é uma doença neurológica, crônica e inflamatória, ou seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares.

“A doença não tem causas conhecidas, mas sabe-se que afeta, principalmente, mulheres entre 20 e 40 anos. A EM não é uma doença mental nem contagiosa e pode se manifestar por meio de diversos sintomas, como fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio da coordenação motora e disfunção da bexiga. Não há cura, mas existem tratamentos que podem alterar a evolução do quadro, diminuir os surtos e proporcionar mais qualidade de vida”, enfatiza a médica.

A especialista explica que a infusão de medicamentos endovenosos e subcutâneos, técnica muito utilizada em quimioterapias para o tratamento de diversos tipos de câncer, também é uma boa alternativa para o tratamento da EM.

“Na última década, muitas terapias foram desenvolvidas para o controle adequado da esclerose múltipla, com menos efeitos colaterais que as drogas iniciais e a prevenção do surgimento dos surtos. Os medicamentos mais antigos, por exemplo, incluíam o uso semanal ou diário de injeções administradas pelo próprio paciente em casa. Já as terapias adotadas hoje são feitas em intervalos maiores de tempo e ministradas em centros de infusão especializados, como o que temos no CHN. Esses locais são os espaços adequados para esse tipo de procedimento, pois oferecem segurança, qualidade, monitoramento assistencial, conforto e acolhimento”, pontua a Dra. Fernanda Rueda.

A frequência do uso das medicações depende da estratégia médica prescrita e pode incluir administrações venosas mensais ou até mesmo semestrais, sempre em centros de infusão. Para ela, essas terapias são eficazes no controle dos surtos, reduzem os sintomas neurológicos agudos que aparecem ao longo da doença, incluindo perda da força e dificuldade visual, além de retardar o aparecimento de atrofia cerebral e os danos nas funções motoras e cognitivas.

“No CHN, temos capacidade de infundir todas as medicações de última geração aprovadas pela Anvisa e estamos atentos às novas possibilidades pesquisadas na atualidade, incluindo o inibidor da molécula tirosina quinase de Bruton (BTK), capaz de reduzir as lesões cerebrais recorrentes provocadas pela doença. Além do tratamento clínico, é muito importante vencer as barreiras sociais e o estigma que cercam a doença e isolam os pacientes da vida. Podemos, sim, estimular o autocuidado e o autoamor para que as pessoas que vivem com EM tenham mais bem-estar”, finaliza.

Redação

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