Cada setor da sociedade tem as suas peculiaridades, mesmo assim, alguns aprendizados podem ser compartilhados quando tratamos da gestão de empresas. Na área da saúde, aprendemos a lidar com o bem-estar dos pacientes e dos colaboradores, ao mesmo tempo em que precisamos de um olhar estratégico de negócios para resistir em um mercado tão competitivo e com players tão poderosos. O equilíbrio entre esses dois mundos é o nirvana de qualquer gestor, mas, para alcançá-lo é preciso parar e readequar a rota.
Em rotinas tão corridas, pode parecer desafiador pensar em parar todas as demandas, só que é dever da alta administração ter entre as suas tarefas um período para olhar com atenção para dentro de casa e verificar o que está funcionando e o que pode ser melhorado. Seja semestral, anual ou bienal, esses instantes de atenção aos detalhes podem ser cruciais para gerar insights e traçar novas estratégias que serão primordiais para o futuro.
O tradicional modelo japonês de administração, pautado no toyotismo, tem como um dos pilares que todo trabalhador tem o poder de interromper a linha de produção, caso identifique contratempos que não consiga resolver até que se chegue à causa raiz do problema e à sua solução. Nisso, surge o “5 Whys”, os 5 porquês, que visam encontrar uma resolução. É mais ou menos essa lógica a que me refiro, por vezes, voltar à causa matriz do problema pode ser trabalhoso, mas certamente só trará benefícios para a continuidade do serviço. O que não era um obstáculo previamente, pode se tornar, portanto, esteja atento para agir.
Nestes períodos de reavaliação é recomendável que sejam feitas pesquisas internas para compreender a visão dos colaboradores, pesquisas externas para compreender as percepções de clientes, pacientes, fornecedores, entre outros públicos, além de compreender o cenário do setor nacional e internacional, considerando todos os pontos críticos que podem atingir. Alguns modelos de análise, como a clássica SWOT, e outras como PEST e BCG podem auxiliar na estruturação.
As demandas de todos os públicos da organização são o grande objetivo a ser alcançado, assim, os ouvidos devem estar atentos para os seus pedidos. Isso também está ligado à inovação e às tecnologias, sempre tenha as tendências em vista para conseguir se adaptar, aplicá-las para não ficar desatualizado e manter a qualidade diante das transformações inevitáveis da sociedade. As pessoas querem ser ouvidas e as empresas estão aqui por elas, desse modo, escute-as.
Tenha em mente aquilo que o seu público mais precisa nas atuais circunstâncias, isso é o que deve te guiar nas tomadas de decisão.
Quem irá dizer que é o momento de adaptar a sua empresa são os seus stakeholders. O papel do gestor é conciliar as demandas e saber o momento certo de recebê-las e acatá-las.
*Dr. Sérgio Okamoto é médico especialista em Saúde Ocupacional e Superintendente Geral do Hospital Nipo-Brasileiro. O Hospital Nipo-Brasileiro (HNipo) foi fundado nos 80 anos da imigração japonesa no Brasil.