Pesquisa revela distorções no setor de saúde

A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde – ABRAIDI acaba de concluir uma pesquisa inédita sobre o mercado e que será apresentada durante o I Fórum Brasileiro de Importadores e Distribuidores de Produtos para a Saúde, em 25 e 26 de abril, em São Paulo (SP). O estudo elaborado por uma empresa de consultoria especializada no setor revela dados alarmantes sobre a saúde privada e pública brasileira.

O estudo “O ciclo de fornecimento de produtos para a saúde no Brasil” realizado com mais de 300 associados, que geram 13.600 empregos diretos e faturaram R$ 5,5 bilhões, em 2017, constata uma série de distorções. A primeira relacionada na pesquisa é a retenção de faturamento que chega a R$ 539,6 milhões, sendo R$ 331 milhões retidos por convênios, planos de saúde e seguradoras, R$ 113,8 milhões por hospitais privados e R$ 94,8 milhões por hospitais conveniados ao SUS. “O objetivo do levantamento não é culpar ninguém, mas traçar um raios X do segmento, jogar luz no problema e, juntos, encontrarmos uma solução comum”, defende o presidente da ABRAIDI, Sérgio Rocha, que convida todos a participar do Fórum.

A retenção de faturamento é quando uma fonte pagadora (plano de saúde ou hospital), após a realização de uma cirurgia previamente autorizada, não autoriza o faturamento dos produtos consumidos, postergando assim o pagamento. Pela pesquisa, convênios, planos de saúde e seguradoras demoraram 68 dias para autorizar o faturamento, hospitais do SUS 62 dias, e hospitais privados 54 dias. “Somente depois do faturamento autorizado é que correm os 90 dias para pagamento. Em 29% dos casos, o distribuidor demorou 180 dias para receber”, lembra Rocha citando a pesquisa.

As glosas previamente autorizadas também são outro problema enfrentado e totalizaram R$ 100,8 milhões, atingindo 87% dos associados pesquisados. Os planos de saúde representam 79% deste universo, os hospitais conveniados ao SUS 7% e outras fontes pagadoras 15%. “Vemos que existe uma glosa linear de cerca de 20%, sem qualquer critério, apenas para postergar ainda mais os pagamentos”, lamenta o presidente da ABRAIDI.

A inadimplência foi outra distorção do setor de saúde apontada pela pesquisa da ABRAIDI e ela atinge 91% dos associados pesquisados. A estimativa com perdas por conta da falta de pagamento é de R$ 692,2 milhões. O presidente da ABRAIDI explica que a inadimplência só é contabilizada quando todos os prazos, mesmo os relativos às distorções (retenção de pagamento) foram vencidos e uma fonte pagadora fica sem quitar a dívida por outros 180 dias. “São quase dois anos sem receber valores extremamente expressivos que comprometem o fluxo de caixa. As margens de lucro são estreitas já que em 80% dos produtos são tabelados pelas fontes pagadoras. Vivemos a pior situação desde que atuo nesse segmento há mais de 38 anos”, diz Sérgio Rocha.

Segundo o presidente da ABRAIDI, as distorções provocam uma eterna luta, um verdadeiro ‘cabo de guerra’, entre os players do setor. “Não dá mais para seguir assim e também não mais há espaço para discursos éticos se eles não forem colocados em prática. “A transparência é questão de sobrevivência nos dias atuais. A sociedade irá expurgar quem não agir dessa forma”, completa.

Informações: www.abraidi.com.br

Redação

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