A chegada dos meses mais frios provoca um aumento no número de pacientes que procuram os consultórios com sintomas de doenças alérgicas e respiratórias. Os dias mais secos e com temperaturas baixas do outono-inverno agravam os quadros de doenças crônicas como asma, bronquite, rinite e sinusite. A gripe, causada pelo vírus influenza, é a doença mais comum nesse período e se caracteriza pela infecção no sistema respiratório. O que diferencia a gripe das outras viroses respiratórias é o fato dela ter um grupo diferente de vírus, e o influenza é o mais conhecido. Esse tipo de vírus atinge o pulmão e costuma sofrer mutações a cada ano, podendo ficar mais ou menos agressivo para as pessoas.
“Por conta dessas modificações do vírus Influenza, a vacina precisa ser reformulada a cada ano, com base na maior prevalência da circulação viral do ano anterior. Com isso, para evitar a doença, é fundamental que as pessoas tomem uma nova dose da vacina anualmente”, afirma a pediatra Renata Scatena, diretora da Casa Crescer, clínica que reúne várias especialidades para atendimento infantil.
Um surto de gripe se espalhou pelo mundo. Nos Estados Unidos, a doença atingiu praticamente todos estados no início do inverno, com um total de 47 mil casos confirmados. 20 crianças morreram, a maioria delas não estava imunizada. No Brasil, o estado de Goiás foi o mais atingido com 44 casos confirmados e três mortes. As campanhas de vacinação já começaram no país nas clínicas particulares. Na rede pública é possível tomar a vacina Trivalente que cobre as duas cepas de influenza A (H1N1 H3N2) e uma cepa do Influenza B. Nas clínicas de vacinação, está disponível a vacina Tetravalente que cobre as duas cepas de influenza A (H1N1 H3N2) e duas cepas de influenza B.
“A vacina da gripe é extremamente segura, não tem nenhuma contraindicação. Ela pode ser administrada junto com outras vacinas do calendário de vacinação, no mesmo dia, e é um mito falar que a vacina da gripe deixa a pessoa com a doença. Ela é composta por vírus inativado, ou seja, partículas virais incapazes de causarem a doença”, afirma a Dra. Renata.
A médica dá orientações sobre alguns cuidados que precisam ser tomados para tratamento e prevenção da doença. As grávidas devem procurar o obstetra que está cuidando da gestação para que ele dê o tratamento específico. Já as crianças, se estiverem doentes, devem evitar locais fechados, como creches e berçários, e ficar em casa, em repouso.
“A gripe deve ser tratada com antitérmico e hidratação, a criança deve higienizar as mãos com álcool em gel, e fazer a lavagem nasal com soro fisiológico pelo menos duas vezes por dia. É fundamental evitar os locais fechados por causa do risco de propagação do vírus”, conclui a pediatra.
Especialistas do Hospital e Maternidade São Luiz tiram dúvidas sobre o vírus H3N2
Todos devem se lembrar da grande pandemia de H1N1 que matou mais de duas mil pessoas no Brasil em 2009, ano em que a vacina contra a doença ainda estava em desenvolvimento no país. Agora, em 2018, um vírus semelhante começa a causar mortes. Somente nos EUA, até o momento foram registrados mais de 47 mil casos de gripe H3N2, mais do que o dobro do número de casos registrados no mesmo período do ano passado para a região.
No Brasil, as informações divulgadas no último informe epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde mostram que 13 estados brasileiros já registraram um total de 57 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave causada pelo influenza H3N2. Do total, dez pacientes morreram, sendo três em São Paulo.
Desde o ano passado, a vacina produzida pelo Ministério da Saúde já contemplava o vírus H3N2. “O grande problema é que somente metade da população alvo se vacinou, a outra metade está desprotegida para a ação do vírus, grupo que pode acabar desenvolvendo uma forma mais grave da doença”, explica a Dra. Andrea Sette, pneumologista do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim. “A chegada do vírus no país é totalmente normal, pois há um número muito grande de viajantes entre os países”, completa.
A Dra. Regia Damous, infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, explica que é interessante que quem está fora do público-alvo da Campanha de Vacinação determinado pelo Ministério da Saúde também se vacine. “Essa atitude ajudará no controle da doença, pois quanto mais pessoas vacinadas menos indivíduos suscetíveis à doença, reduzindo a circulação do vírus, que é o causador das doenças”, orienta.
Os sintomas da gripe são bastante semelhantes, independentemente da modalidade da doença. Dentre os casos já diagnosticados com H3N2, os pacientes apresentaram sintomas mais severos. A pneumologista orienta que o médico é o responsável pelo diagnóstico final. E que em caso de alguma dúvida, as pessoas devem procurar diretamente um pronto-socorro.
O vírus H3N2 não exige prevenção especial, bastando-se apenas seguir as mesmas regras para as outras doenças respiratórias:
– Coloque o braço em frente à boca ao tossir;
– Higienize as mãos com água e sabão ou solução alcoólica;
– Evite ambientes fechados ou com pouca circulação de ar;
– Procure um serviço de saúde após a permanência por três dias ou agravamento dos sintomas.
Com foco na imunização, Dasa disponibiliza vacina quadrivalente contra gripe
A queda na média de temperatura no país que se observa no Outono e Inverno, aumenta a incidência e risco de mortes por doenças respiratórias, como a gripe. Nesse período, costuma haver maior aglomeração de pessoas e tempo de permanência em locais fechados e pouco ventilados, fatores que facilitam a contaminação e disseminação do vírus.
Com a proposta de contribuir com a imunização dos brasileiros contra as Influenzas A e B, o Grupo Dasa, quinta maior empresa de medicina diagnóstica no mundo, dispõe de doses da vacina contra a gripe em suas marcas em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Brasília e Ceará. As vacinas são oferecidas a um preço que varia entre 90 e 160 reais.
No Sul, onde há a maior demanda, o Laboratório Frischmann Aisengart, de Curitiba, prevê a disponibilidade de 15 mil doses. A imunização está disponível nas unidades de Xaxim, Alto da XV e Batel. Dispondo de 15 mil doses da vacina quadrivalente, as três unidades, juntas, estimam vacinar 500 pessoas por dia durante as primeiras semanas do Outono. Em Santa Catarina, o Laboratório Santa Luzia, de Joinville, conta com um lote de 3 mil vacinas.
No Centro Oeste, a maior preocupação se dá em Goiás, onde, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, já foram confirmadas 13 mortes por H1N1. As unidades do Laboratório Atalaia, de Goiânia, estão tendo grande procura. Até o inverno, a expectativa é que sejam pedidas 3.500 doses. A marca Exame, de Brasília, está com um estoque inicial de 400 doses e novos pedidos serão feitos de acordo com a demanda até o inverno. Na região Nordeste, o LabPasteur, de Fortaleza, está com um estoque inicial de 500 doses.
Em São Paulo, as doses da vacina contra gripe podem ser adquiridas nos laboratórios das marcas Alta Excelência Diagnóstica, Delboni Auriemo e Lavoisier. No Rio de Janeiro, o Laboratório Lâmina está operando com um lote inicial de 500 doses nas unidades Voluntários da Pátria, Barra da Tijuca e Icaraí. A marca tem a expectativa de aquisição de 1 mil doses para a temporada de campanha.
Imunização da vacina quadrivalente
A vacina tetravalente contra a gripe é indicada para crianças a partir de seis meses. Não há limite de idade para receber a vacina, que é intramuscular. A imunização ocorre a partir de três a seis semanas depois de se receber a dose e, após período de 9 a 12 meses, há uma redução importante dos níveis de imunidade. Em razão disso, é fundamental que as pessoas sejam vacinadas todos os anos. Historicamente, a imunização tem maior adesão das crianças e idosos, mas é preciso atrair a sociedade como um todo, inclusive os homens adultos jovens, que são os que menos se vacinam. A vacina tetravalente imuniza contra duas cepas de Influenza A (H1N1 e H3N2) e duas cepas de Influenza B (Phuket e Brisbane). A definição das cepas da vacina se dá com base na ocorrência de gripe no hemisfério norte e na retrospectiva do ano anterior no hemisfério Sul. A contaminação ocorre pelo ar, por contato direto (em secreções de alguém doente quando se leva a mão aos olhos, boca ou nariz) e indireto (tocando em objetos ou superfícies contaminadas por alguém que expeliu o vírus e colocando a mão em uma das mucosas).
A eficácia da vacina, depende do grau de agressividade da cepa circulante. Em média, a eficácia da imunização da vacina gira em torno de 60%. A agressividade e, por sua vez, a eficácia, depende mais do estado de imunidade do indivíduo. Qualquer um dos vírus influenza pode determinar desde uma simples gripe até um quadro de insuficiência respiratória ou levar à morte. “A vacina para Influenza deve ser realizada por todos, uma vez que protege contra uma doença grave que anualmente é responsável por inúmeras internações e mortes”, alerta o médico infectologista do Grupo Dasa, Alberto Chebabo.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2018, até 7 de abril, foram registrados 286 casos de Influenza em todo o país, com 41 óbitos. Do total, 71 casos e 12 óbitos foram por Influenza A/H3N2 e 116 casos e 16 óbitos por Influenza A/H1N1pdm09. Foram registrados também 52 casos e 6 óbitos por influenza B e outros 46 casos e 7 óbitos por influenza A não subtipados.
Contraindicações e efeitos adversos
São raras as contraindicações da vacina contra a gripe. Não podem receber a dose apenas os bebês com menos de seis meses ou pessoas, de qualquer idade, que tenham reação alérgica grave às proteínas do ovo. Também são incomuns os efeitos adversos, pois a vacina é de um vírus inativado (morto) e, portanto, não causa a doença. Os efeitos adversos se apresentam como dor ou vermelhidão no local da aplicação e sinais leves de resposta imunológica como febre e dor no corpo. Eles costumam surgir entre seis e doze horas após a aplicação e podem persistir por uma semana.
Como se prevenir
– Recomenda-se que se lave as mãos com água e sabão, várias vezes ao dia, principalmente antes de comer ou tocar os olhos, nariz ou boca e depois de tossir, espirrar e de usar o banheiro.
– Evitar contato direto com pessoas gripadas (abraço, beijo, apertos de mão etc.), e não compartilhar objetos de uso pessoal.
– Cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel ao tossir ou espirrar.
– Evitar permanecer em locais fechados com grande aglomeração de pessoas.
Como saber se é resfriado ou gripe
A gripe se manifesta com sintomas parecidos com o resfriado comum, como dores pelo corpo, especialmente nos músculos e nas articulações, tremores e frio intenso, cansaço, febre acima de 37,5ºC, tosse seca e coriza. A grande diferença entre gripe e resfriado está na intensidade dos sintomas e na evolução, que no caso da infecção pelo Influenza, pode ser mais rápida e de maior gravidade. A diferenciação definitiva da infecção pelo Influenza ou pelo vírus do resfriado (rinovírus) só é possível com a realização de um exame laboratorial.
Curiosidades sobre Influenza
Há diferenças entre os vírus da Influenza quanto à contaminação, disseminação e espécies que podem ser atingidas:
Influenza A: pode afetar diversas espécies, incluindo humanos, aves, suínos, cavalos e até baleias. Este tipo é o principal responsável por epidemias sazonais e pandemias, sendo classificado em diferentes subtipos de acordo com as proteínas de superfície, hemaglutinina (HA ou H) e neuraminidase (NA ou N).
Influenza B: afeta apenas seres humanos e mamíferos marinhos, sendo dividido em apenas duas cepas: Yamagata e Victoria. Tem o mesmo tipo de gravidade da maioria das gripes causadas por Influenza A.
Influenza C: afeta seres humanos e suínos, porém, causam infecções mais brandas e está associado com casos esporádicos. Por não ter impacto na saúde pública, esse tipo de vírus influenza não entra na imunização pela vacina.