O Dia Mundial da Sepse é lembrado em 13 de setembro por iniciativa da Aliança Global da Sepse, uma organização de caridade sem fins lucrativos. Criada em 2010 com o objetivo de conscientizar sobre a doença e reduzir em 20% o número de mortes por sepse até 2020, a instituição promove mundialmente a data desde 2012.
A sepse, também conhecida como infecção generalizada, é um conjunto de manifestações de uma infecção por todo o corpo. Não significa que a infecção está em vários órgãos, mas, sim, que o organismo causa inflamações diversas na tentativa de combater os agentes da infecção (bactérias ou vírus), o que pode levar à disfunção ou falência dos órgãos e até mesmo à morte.
O Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS) estima que 400 mil casos de sepse são diagnosticados por ano no Brasil, causando a morte de 240 mil pessoas. A taxa de mortalidade no país é de 65% dos casos, pelo menos 25% maior que a média mundial (30 a 40%). Ainda segundo o ILAS, a doença é responsável pela ocupação de 25% de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e é a principal causa de morte nestes locais.
Os sintomas da sepse são inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico precoce. Os pacientes infectados devem ficar atentos a sinais como: febre ou temperatura muito baixa, aceleração do coração (taquicardia), respiração rápida (taquipneia), fraqueza, tonturas, pressão baixa, diminuição do volume de urina, falta de ar, sonolência excessiva e/ou confusão mental – principalmente em idosos. Ao apresentar estes sintomas, a pessoa deve acionar o médico imediatamente.
Embora a sepse possa atingir qualquer pessoa, os mais propensos a ter uma infecção generalizada são:
– Prematuros;
– Crianças com menos de um ano;
– Idosos com mais de 65 anos;
– Pacientes com câncer, AIDS, doenças crônicas (como insuficiência cardíaca e diabetes) ou que fizeram uso de quimioterapia ou outros medicamentos que afetam as defesas do organismo;
– Pessoas que usaram álcool e drogas;
– Pacientes hospitalizados que utilizam antibióticos, cateteres ou sondas.
Segundo o infectologista do Hospital Santa Paula, Claudio Gonsalez, “é essencial ficar atento a todos os tipos de infecção e tratá-las rapidamente; assim, as chances de desenvolver a sepse são menores. Além disso, é muito importante que o profissional de saúde esteja atento aos sintomas do paciente para tratar com a maior rapidez possível”.
Rápida identificação pode salvar vidas
De acordo com o infectologista, é comum que as pessoas subestimem quadros como pneumonia e infecção urinária, por exemplo, aparentemente simples de tratar. O problema é que, algumas vezes, o quadro pode evoluir para uma sepse grave e levar à morte.
“Sempre que um indivíduo apresentar quadro de dor, febre, alteração cardíaca e respiratória, o recomendado é que ele vá até um pronto-socorro e relate todos os sintomas ao médico. Com base nessas evidências, o médico pode pedir exames laboratoriais para a identificação da sepse e introduzir o antibiótico ainda nas primeiras horas”, explica o doutor.
Uma vez contraída a infecção generalizada, o tratamento é feito pela administração de antibiótico, podendo ser necessário o uso de outros medicamentos (como para o aumento da pressão arterial), oxigênio ou aparelho de respiração artificial.
Para garantir um diagnóstico preciso e rápido, o Programa Distinção no Tratamento da Sepse, desenvolvido pelo Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS) em parceira com o Instituto Qualisa de Gestão (IQG), certifica as instituições com excelência no tratamento da sepse. Atualmente, apenas três instituições possuem a certificação no Brasil.
“Os serviços de urgência, unidades regulares de internação e unidades de terapia intensiva do Hospital Santa Paula estão em avaliação para a obtenção do certificado do ILAS no início de 2019. Programas assim são extremamente importantes para que o paciente se sinta seguro ao dar entrada no pronto-atendimento. Médicos, enfermeiros e farmacêuticos do hospital seguem um protocolo para dar prioridade a esses pacientes, uma vez que o tratamento deve acontecer até uma hora após a identificação dos sinais”, conclui o infectologista.