Um dia, Malcolm Forbes, quando ainda comandava a revista de negócios Forbes, nos Estados Unidos, lançou uma frase que marcaria a vida de muitas pessoas: “Diamantes nada mais são do que pedaços de carvão que fizeram seu trabalho com competência”.
Não dá para negar, ele estava coberto de razão, principalmente quando nos enveredamos pelo tema “investimento humano”. Investir pressupõe fé. Quando tomamos a decisão de utilizar recursos institucionais para uma determinada área, estamos naturalmente assumindo uma crença de que este esforço consciente será recompensado por resultados, o que nem sempre é uma verdade absoluta.
Numa época marcada por tantas revoluções culturais, organizacionais, globais e adicionais, não basta investir. É fundamental acompanhar de perto os fatores críticos de competitividade, pois tudo é muito rápido, tudo para ontem – porque o concorrente já fez anteontem –, os dias se tornam um turbilhão de novas informações, novas tendências, novas perspectivas de mudar o foco da visão gerencial, por demais, desgastado.
Vivemos numa transição que marca com duas palavras inglesas um cenário confuso para muitos líderes: “OUT” aos processos verticalizados e “IN” ao ser humano.
Aliás, nunca se falou tanto em humanidade como nesta última década. Após a aventura um tanto quanto irresponsável da reengenharia – que, sabe Deus, foi um naufrágio em alto mar –, consultores aqui e ali afirmam convictos que o ser humano é a base de tudo.
Drucker (1994) foi muito perspicaz ao definir que a gerência como prática é muito antiga. O executivo mais bem-sucedido em toda a história foi aquele egípcio que, há 4.500 anos, ou mais, concebeu a pirâmide sem qualquer precedente, a projetou e a construiu e o fez num período de tempo surpreendentemente curto. Mas tudo isso só foi possível porque havia pessoas.
Que tipo de gestor você é?
Tudo na vida é uma cadeia de acontecimentos, mas, infelizmente, nem sempre percebemos isso. Pior, às vezes invertemos a ordem por acreditar que estamos ganhando tempo e dinheiro e acabamos perdendo tempo, dinheiro e credibilidade.
Mas o mundo mudou. Esta é, sem dúvida, a hora. Não dá mais para adiar para o próximo século. Investir em novas competências e gerenciá-las nesta nova percepção é o grande desafio de uma administração inteligente.
Investimento humano é, por consequência, a visão gerencial de longo alcance, manifestada por meio da prioridade séria e compromissada de um programa de desenvolvimento.
Neste contexto, há dois tipos clássicos de gestor: carvão e diamante. Do lado do gerente carvão, encontramos via de regra um profissional tecnicamente bom no cargo de liderança, embora “líder” não seja bem o melhor conceito para defini-lo… Na verdade, ele já trabalha há anos na profissão e aprendeu que o mais importante em um funcionário é que ele seja obediente, que não chegue atrasado, se possível, que leve trabalho para casa.
A visão do que é um bom empregado ainda é um modelo meio voltado ao gerenciamento do tipo capataz. Afinal, o gerente carvão não reconhece nenhum talento humano dentro da sua organização. Pelo contrário, por ser carvão, acredita cegamente que todos abaixo dele devem seguir o mesmo padrão.
Em contrapartida, no outro extremo da realidade, encontramos o gerente diamante. Este profissional é o primeiro a descobrir outros diamantes e a potencializá-los, pois sabe que sua performance e da instituição que representa irá melhorar à medida que conseguir mais talentos humanos, agregando-os à equipe de trabalho.
O gerente diamante sincroniza perfeitamente três palavras de ordem, dentro da lógica gerencial deste século. São elas: certificação, competências e investimento humano.
Como menciona o livro Gestão ou Indigestão de Pessoas? (Rosso, 2003), o maior problema de gestão de pessoas é o descaso total com as oportunidades de resgate dos neurônios sobreviventes em nossas organizações. Enquanto estivermos usando palavras vazias, discursos enlatados e uma visão de gerência carvão, tudo que veremos é apenas a repetição do passado.
A gerência (liderança) diamante faz a diferença ao aprender com o passado (para não repeti-lo) e ao construir o futuro pela única via consistente e sustentável: a educação.
Prof. Fabrizio Rosso é administrador Hospitalar pela São Camilo, pós-graduado em RH e Didática do Ensino Superior, Mestrado em Recursos Humanos pela Universidade Mackenzie, SP, sócio e diretor executivo da FATOR RH – Solução em Educação e Gestão de Pessoas. Foi eleito o melhor educador em saúde no Brasil pela ABMS.
Conteúdo originalmente publicado na Revista Hospitais Brasil edição 94, de novembro/dezembro de 2018. Para vê-la no original, acesse: portalhospitaisbrasil.com.br/edicao-94-revista-hospitais-brasil