Imagine uma pessoa cujos rins não funcionam mais e os médicos simplesmente “imprimem” outros novinhos para substituí-los. O surgimento da bioimpressão, evolução da tecnologia de impressão 3D, possibilitará que a troca de órgãos se pareça muito com uma simples substituição de peças de um automóvel, por exemplo. Esse é o futuro da medicina, chamado pelos especialistas de Saúde 4.0, e que será fruto de palestras e debates durante o congresso Inside 3D Printing Conference & Expo, dias 10 e 11 de junho, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.
A impressão de órgãos completos e funcionais ainda levará algum tempo para ser realidade, mas a ciência anda a passos largos e esse objetivo pode ser alcançado muito antes do que imaginamos. A bióloga geneticista e pesquisadora na área de Biofabricação e Bioimpressão de Tecidos, Janaina Dernowsek, acredita que dentro de dez anos será possível fazer curativos por meio de tecidos bioimpressos como a substituição de um trecho danificado de alguma artéria, cartilagem ou tecido ósseo, etapa que, ao ser atingida, abrirá as portas para desenvolvimento e produção de partes maiores do corpo humano. A cientista participará da mesa redonda “Saúde 4.0 – uma visão multidisciplinar do cenário brasileiro de manufatura aditiva”, no segundo dia da Inside 3D Printing Conference & Expo.
“É possível fazermos tecidos humanos bioimpressos em pequena quantidade. Mas o tempo de vida útil deles é baixo, em torno de 30 dias porque não há estímulo físico, ou seja, eles perdem a propriedade mecânica dos vasos sanguíneos”, explica. O desafio é torná-los funcionais e duráveis como os tecidos humanos, que ao longo da vida se regeneram, mas isso depende da evolução tecnológica tanto no que envolve o material biogenético, quanto na melhoria das impressoras e softwares utilizados.
No momento, a bioimpressão começa a ser usada para estudo e análise de tumores. Com o uso de células doentes, o tumor é impresso no mesmo formato e dimensão do encontrado no paciente. “Essa réplica é estudada individualmente, fora do corpo, e permite que os especialistas testem as drogas capazes ou não de aniquilar a doença, o que possibilita a produção de medicamentos personalizados. Neste contexto, a indústria farmacêutica deve ser a primeira a se beneficiar deste novo segmento”, diz Janaina Dernowsek.
Biogel – Numa impressora comum é preciso tinta para imprimir palavras ou desenhos no papel. Uma impressora 3D usa polímeros para construir objetos. Na bioimpressão, a matéria-prima é o biogel, uma espécie de gelatina formada por proteína e água, misturada com certos nutrientes que servem de alimento para as células introduzidas em seu interior. Essas células, retiradas do corpo do paciente, são reprogramadas geneticamente para que se transformem no tecido humano desejado. Depois de impresso, o tecido passa por um tempo de maturação em ambiente controlado para que as células se multipliquem e se juntem formando a estrutura desejada para ser implantada no corpo.
Informações: inside3dprintingbrasil.com.br