2020: o ano da telemedicina

Telemedicina é um termo que engloba a utilização de ferramentas tecnológicas para facilitar o acesso e atendimento à saúde para a população. De acordo com o artigo “Telehealth”, do The New England Journal of Medicine, existem quatro objetivos a serem alcançados pelo sistema de saúde que podem ser auxiliados por esse método, são eles: melhorar a experiência do paciente durante o atendimento, melhorar a saúde da população, reduzir o custo per capita de cuidados com a saúde, e melhorar a experiência em serviços de saúde.

“É inegável que se trata de um inevitável avanço para a medicina brasileira. Aliás, os principais países do mundo já usam o modelo como uma ferramenta de acesso à saúde e para a redução de custos. Além disso, é uma excelente ferramenta para viabilizar os sistemas de saúde e otimizar o tempo médico, gerando benefícios para todos os envolvidos e colocando o Brasil em linha com as boas práticas adotadas por outras nações”, comenta Fábio Tiepolo, CEO e fundador da Docway, uma das principais startups de tecnologia na área da saúde no Brasil.

Entre as vantagens da telemedicina, estão, por exemplo, a facilidade de acesso a serviços após o horário normal de funcionamento e a redução do incômodo do paciente e família com locomoção até centros médicos. A telemedicina pode, ainda, promover serviços como agendamento de consultas e prescrição de remédios já receitados anteriormente. Existe uma urgência em aumentar a evidência das aplicações de tecnologias ligadas à telessaúde, já que as clínicas e pacientes estão cada vez mais familiarizados com o uso de ferramentas tecnológicas para facilitar o dia a dia.

Toda essa tecnologia engloba, por exemplo, consultas em tempo real com especialistas em áreas como cardiologia, dermatologia, psiquiatria, infectologia, reumatologia e oncologia; atendimentos primários por telefone, e-mail ou vídeo; prescrição e monitoramento de medicações, gerenciamento de tratamentos a longo prazo; tecnologia de transferência de dados e imagens de radiografia; serviços prestados dentro de hospitais, como emergências e traumas, derrames, unidade de tratamento intensivo, cuidados com ferimentos; e consultas especiais realizadas por videoconferência e transmitidas com segurança por imagens em alta resolução.

De acordo com Tiepolo, a Docway está caminhando junto com esse novo modelo de telemedicina. “Já temos um sistema 100% operacional, mas ainda estamos aguardando a regulamentação para colocá-lo para rodar. Por enquanto, estamos apostando em teletriagens e orientações, que fazem uma grande diferença quando uma pessoa não sabe se deve ou não ir a um posto de atendimento. E a gente percebe que cresce cada vez mais o número de pessoas que evitam esse deslocamento desnecessário”, completa.

Há mais de três anos em debate no Brasil, a telemedicina ainda não foi autorizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A última proposta, discutida em fevereiro de 2019, não entrou em vigor, mas já está despertando dúvidas e muito interesse por parte das administrações públicas e dos próprios profissionais. A resolução debatida foi composta por 23 artigos, e trouxe uma série de princípios e regras que devem ser respeitados. Em tese, a teleconsulta será permitida após consulta presencial inicial, ou se o paciente estiver em locais remotos e de difícil acesso. “À medida que mais pacientes se tornam proativos sobre o uso de tecnologia para gerenciar sua saúde, eles também estarão mais abertos a novas alternativas para se cuidar através da telemedicina. É uma evolução natural dos cuidados de saúde no mundo digital. A cada dia, torna-se mais indiscutível a capacidade que ela tem de melhorar a qualidade, a equidade e a acessibilidade”, diz um texto, disponível na resolução, apresentando as razões para introduzir o conceito no país.

Em países onde já é uma realidade, a telemedicina apresenta números muito interessantes e empolgantes. Uma pesquisa realizada pela consultoria Towers Watson mostrou que o potencial de economia da telemedicina nos Estados Unidos seria de US$ 6 bilhões por ano para as empresas. Na Inglaterra, um programa de telemedicina, que envolveu 6 mil pacientes (sendo 3 mil deles com diabetes, problemas cardiológicos ou pulmonares) e 238 médicos, apontou benefícios para todos os envolvidos. Uma redução de, ao menos, 8% nas tarifas e um potencial de queda de 45% nas taxas de mortalidade; de 20% nas admissões por emergências; de 14% nas consultas eletivas; e de 15% no atendimento a acidentes e emergências.

“No entanto, não se trata somente de regulamentar e esperar que o sistema funcione de forma adequada. Os médicos precisam se capacitar para dar conta dessa nova demanda: há uma diferença clara entre querer atuar com a telemedicina e saber fazê-la”, explica Fábio Tiepolo. “Os profissionais precisam ser treinados em diversas frentes, como no uso de equipamentos específicos. O médico vai precisar criar meios para que o paciente receba a melhor assistência possível por meio de vídeo”, complementa.

A Docway acredita que toda e qualquer pessoa com uma necessidade de atendimento médico faça parte desse público que vai se beneficiar com a telemedicina. “Existem as exceções, nas quais o paciente precisa ser encaminhado imediatamente para um pronto atendimento, porém, para que haja a certeza dessa necessidade, o atendimento à distância pode dar uma assistência e uma solução quase imediata em casos menos complexos”, completa Fábio.

Redação

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