Hospitais de campanha reforçam o enfrentamento à Covid-19

Por Carol Gonçalves

O Hospital Municipal de Campanha do Pacaembu (SP), tem 200 leitos de baixa e média complexidades

Devido à pandemia de Coronavírus, muitos hospitais de campanha estão sendo montados em todo o Brasil para garantir o atendimento à população. Trata-se de uma unidade hospitalar móvel, que temporariamente cuida de pessoas atingidas por situações de emergências e calamidades públicas.

“Seja militar, seja civil, a estrutura oferta serviços de atenção à saúde, com apoio de equipes multiprofissionais, em atendimentos de urgência e emergência, atendimento ambulatorial, internações, remoções, realização de procedimentos cirúrgicos, exames laboratoriais e de imagem. O processo só é finalizado com as altas e as transferências dos pacientes”, explica a Comandante Cíntia Lobo, da Marinha do Brasil, em matéria publicada no site do Ministério da Defesa.

Na operacionalização do apoio de saúde, diversas ações devem ser planejadas, de forma geral, envolvendo três processos básicos: o atendimento, o apoio logístico e o apoio administrativo. Além dos protocolos assistenciais, deve ser estabelecido um fluxo de fornecimento de medicamentos, materiais e recolhimento dos resíduos sólidos.

Os hospitais de campanha militares estão localizados no Rio de Janeiro, Recife e Campo Grande. A seguir, veja alguns dos principais montados no Brasil pelo governo e pela iniciativa privada:

São Paulo

Hospital Municipal de Campanha do Pacaembu

O Hospital Municipal de Campanha do Pacaembu, da Prefeitura Municipal de São Paulo, tem 200 leitos de baixa e média complexidades, sendo oito de UTI, para socorrer pacientes que apresentem complicações. A Organização Social da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein é a responsável pela administração dos serviços de saúde.

O objetivo do HMCamp, inaugurado no dia 1º de abril, é liberar os leitos dos hospitais municipais, de maior complexidade, para internação de pacientes com quadros mais graves, particularmente aqueles com necessidade de internação em UTI.

De portas fechadas, a unidade conta com 520 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais, divididos em três turnos. O local possui equipamentos para realização de exames de imagens, incluindo tomografia, e laboratório para realização de exames de análises clínicas. São 6.300 m² de área, onde ficam localizadas as 10 enfermarias. As paredes e os pisos dos módulos são laváveis para facilitar a higiene e a desinfecção.

Hospital Municipal de Campanha do Anhembi

Ainda em São Paulo, o Hospital Municipal de Campanha do Anhembi, localizado na Zona Norte da cidade, começou a ser implantado no dia 22 de março, de forma gradual, com previsão para 1.800 leitos. No dia 11 de abril entrou em operação os 326 leitos localizados no Palácio de Convenções e que são gerenciados pela SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina. No dia 16 do mesmo mês, foram entregues 561 leitos, sendo 513 de baixa complexidade e 48 de UTI (estabilização), que somados aos leitos que já estavam em operação, totalizam 887 – sendo 64 de UTI (estabilização).

Os leitos localizados nos Pavilhões Oeste e Norte/Sul, que compõem a maior parte do hospital, serão gerenciados pelo IABAS – Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde.

O hospital, que funciona de portas fechadas, possui 80 mil m² de área e contará com aproximadamente 2.100 profissionais de saúde quando em pleno funcionamento, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais.

Hospital de Campanha do Complexo Esportivo do Ibirapuera

Já no dia 1 de maio, foi inaugurada a terceira unidade temporária da capital criada pelo Governo de São Paulo para atender os casos de Covid-19. O Hospital de Campanha do Complexo Esportivo do Ibirapuera tem 240 leitos de baixa complexidade, 28 leitos de estabilização, sala de descompressão, consultórios médicos e tomografia. A unidade é referenciada e vai receber pacientes encaminhados por serviços de pronto atendimento.

Os internados têm suporte de uma equipe multiprofissional e atividades focadas no bem-estar emocional, como biblioteca itinerante, mandalas para colorir e outras atividades culturais. Equipes de saúde e pacientes possuem acesso à internet wi-fi para manter contato com familiares, já que visitas e presença de acompanhantes serão restritas. Os boletins médicos são enviados por videochamadas, além de um canal por WhatsApp para contato diário.

Com investimento de R$ 12 milhões na obra e custeio de R$ 10 milhões mensais, o hospital foi erguido no Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães. A área total é de 7,5 mil m² e ocupa o gramado e a parte da pista de atletismo do complexo, graças a uma parceria com a Secretaria de Estado de Esportes, que cedeu o espaço para montagem.

Rio de Janeiro

Hospital de Campanha da Prefeitura do Rio de Janeiro

Localizado no RioCentro, o Hospital de Campanha da Prefeitura do Rio de Janeiro foi inaugurado no dia 1 de maio. Com 16,5 mil m² de pavilhão e 13 mil m² de área construída,a unidade será a maior do estado. Quando estiver em pleno funcionamento, com seus 500 leitos ativos, terá mais de 2 mil profissionais atuando, sendo 463 médicos, entre intensivistas, infectologistas e clínicos gerais. As equipes assistenciais serão formadas também por enfermeiros e técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e assistentes sociais.

Profissionais de radiologia atuarão no Centro de Imagens da unidade, que conta inclusive com um tomógrafo de 128 canais, com imagem de alta definição, para ampliar a precisão do diagnóstico da Covid-19.

Com 100 leitos de UTI (20% do total de leitos), 15 deles com recursos para hemodiálise, o hospital de campanha contará com todos os equipamentos necessários aos cuidados intensivos dos pacientes mais graves do novo coronavírus, como ventiladores mecânicos (respiradores), monitores multiparamétricos, bombas infusoras de medicamentos, cardioversor e carrinhos de anestesia.

Para humanizar e diminuir a separação entre familiares e pessoas internadas, serão utilizados tablets para a realização de videochamadas.

A Prefeitura investiu R$ 10 milhões na implantação do hospital de campanha, que custará por mês R$ 25 milhões, entre custeio e folha de pagamento dos profissionais. O custo de implantação foi reduzido graças a doações recebidas de empresas. A Belo Monte e Xingu Transmissão de Energia doou 264 camas hospitalares; a M3 Manutenção, 2 mil lençóis e 500 fronhas; a Nexus do Brasil, 18 km de cabo de TI; a Direcional Engenharia, nobreaks para as UTIs; a Caixa Econômica Federal, 100 mesas e cadeiras de apoio; o projeto SOS 3D Covid-19, 2.500 máscaras do tipo face Shields, para proteção dos profissionais que cuidarão dos pacientes. A gestão do hospital de campanha é da empresa pública RioSaúde.

Hospital de Campanha Lagoa-Barra. Foto: Mauricio Bazilio

Já o Hospital de Campanha Lagoa-Barra entrou em operação no dia 25 de abril. A estrutura disponibiliza 200 leitos exclusivos para o combate à pandemia de Covid-19, sendo 100 de UTI e 100 de enfermaria, e ficará aberta até setembro. Além disso, conta com tomografia digital, radiologia convencional, aparelhos de ultrassom e ecocardiograma e laboratório de patologia clínica.

A construção e a operação são lideradas pela Rede D’Or, que arcou com R$ 25 milhões, contando com apoio de Bradesco Seguros, Lojas Americanas, Instituto Brasileiro de Petróleo e Banco Safra, que investiram mais R$ 20 milhões divididos em partes iguais. Entre a contratação de operários, na fase de construção, até profissionais de saúde e demais técnicos, durante a operacionalização do hospital, a iniciativa vai gerar mais de 1.000 empregos diretos e indiretos.

“Será uma das maiores ações da iniciativa privada em parceria com o poder público para o combate ao coronavírus em todo o Brasil”, ressalta Paulo Moll, presidente da Rede D’Or.

Pará

Hospital de Campanha de Belém. Foto: Bruno Cecim/Agência Pará

Inaugurado no dia 10 de abril, o Hospital de Campanha de Belém (PA), está localizado no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. É voltado ao atendimento da Região Metropolitana de Belém e das Regiões Nordeste e Marajó Oriental.

A estrutura tem 420 leitos, de baixa e média complexidades, e recebe pacientes estáveis de Covid-19. Conta, ainda, com postos de enfermagem, áreas específicas para higienização dos profissionais de saúde, estrutura para embarque e desembarque de pacientes, área de recepção para os familiares e banheiros.

Em maio, a unidade recebeu 60 respiradores, enviados pelo Ministério da Saúde, bem como monitores e demais equipamentos, passando a ter 95 leitos de tratamento intensivo de pacientes com o novo coronavírus.

Hospital de Campanha de Marabá

Para minimizar os efeitos negativos que o isolamento dos pacientes provoca em internados e parentes, o hospital realiza televisitas entre pacientes e familiares, que se comunicam por meio de um tablet. Na unidade foi instalado, ainda, um aparelho de tomografia computadorizada.

O segundo hospital de campanha do Pará foi instalado no Carajás Centro de Convenções, na sede municipal de Marabá, com 120 leitos distribuídos por uma área de 4 mil m². O Hospital de Campanha de Marabá foi entregue no dia 14 de abril.

Goiás

Hospital de Campanha para o Enfrentamento ao Coronavírus. Foto: Iron Braz/SES-GO

Localizado no Parque Acalanto, em Goiânia (GO), o Hospital de Campanha para o Enfrentamento ao Coronavírus conta, em um primeiro momento, com 16 pontos de atendimento, também chamados de consultórios; 70 leitos de pacientes críticos; e 140 para pacientes em estado semicrítico. Ao todo, tem capacidade física para oferecer até 222 leitos à população, mas essa utilização será gradual, conforme a chegada de mais pacientes, assim como a contratação de mais funcionários para atendimento.

Inaugurada em 26 de março, a unidade funciona 24h por dia e tem suporte das seguintes especialidades: infectologia, radiologia, cardiologia, pneumologia, cirurgia torácica, medicina intensiva, nefrologia, fonoaudiologia, psicologia, assistência social, e nutrição. O hospital conta com setor de imagens, dois equipamentos de tomografia, raios X, dois aparelhos de ultrassonografia e ecocardiograma, além de laboratório de análises clínicas.

Sob gestão da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) e da OSS Associação Goiana de Integralização e Reabilitação, dispõe, nesta primeira etapa, de 406 profissionais preparados e treinados, sendo 89 médicos. A unidade receberá pacientes de duas formas: ou pela emergência, que chegam de ambulância, em estados mais críticos, ou pelo sistema de regulação, após terem passado pelas unidades básicas de saúde do município.

Ainda haverá a possibilidade de utilização de quatro salas modulares, que já se encontram no terreno do hospital. Elas poderão auxiliar a gestão da unidade de saúde de diversas formas, como locais para a realização da telemedicina e videoconferência entre familiares de pacientes e a equipe que está dentro do hospital.

Pernambuco

Hospital Provisório Recife 3. Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR

A Prefeitura do Recife (PE) já colocou em funcionamentos todos os hospitais de campanha previstos no Plano Municipal de Contingência Covid-19, ultrapassando a marca de mais de mil leitos municipais criados para atender os pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em 40 dias.

O sétimo hospital de campanha municipal, chamado de Hospital Provisório Recife 3 (HPR 3), está localizado na Imbiribeira e foi entregue no dia 5 de maio. Com mais de 2.300 m² de área construída, conta com 107 leitos, sendo 80 de UTI e 27 de enfermaria.

No total, 1.054 leitos da Secretaria de Saúde do Recife estão com estrutura física pronta, sendo 313 de UTI e 741 de enfermaria. Desses, 494 estão abertos para os pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 (114 leitos de UTI e 380 de enfermaria).

O sétimo hospital de campanha municipal é administrado pelo IHARS – Instituto Humanize de Assistência e Responsabilidade Social, que contratou 667 profissionais para atuar na unidade, sendo 110 médicos, 87 enfermeiros e 189 técnicos de enfermagem.

A unidade conta com área segura para que os profissionais coloquem e tirem os EPIs, além de dormitório e refeitório para a equipe. As paredes internas do HPR3, assim como de outros hospitais de campanha municipais, receberam adesivação com imagens de janelas com fotos de paisagens e intervenções gráficas.

O centro hospitalar vai receber apenas pessoas encaminhadas de outras unidades de saúde, como policlínicas municipais e UPAs – Unidades de Pronto Atendimento estaduais, através da Central de Regulação de Leitos.

Os outros hospitais de campanha municipais foram construídos na Rua da Aurora, em Santo Amaro (Hospital Provisório Recife 1), nos Coelhos (Hospital Provisório Recife 2); e nas áreas externas do Hospital da Mulher do Recife (HMR), no Curado, da Policlínicas Amaury Coutinho, na Campina do Barreto; Barros Lima, em Casa Amarela; e Arnaldo Marques, no Ibura.

Além dos sete hospitais de campanha, a Secretaria de Saúde do Recife ainda tem leitos na Policlínica Agamenon Magalhães, em Afogados, e no Hospital Evangélico de Pernambuco, unidade filantrópica conveniada à Prefeitura do Recife.

Redação

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