Há alguns anos, outubro se tornou o mês para discutir a saúde feminina e a quebra de tabus para que mulheres conheçam melhor o próprio corpo ao longo da vida, desde a adolescência, passando pela gestação, menopausa e a terceira idade. Também é preciso lutar para garantir a elas o direito de fazer consultas de rotina com um ginecologista, com atendimento médico e suporte emocional de qualidade, para evitar uma série de doenças que são preveníveis.
Muito disso se deve à campanha Outubro Rosa, que desde a década de 1990 é voltada para a prevenção, diagnóstico precoce e qualidade de vida de quem enfrenta o câncer de mama, doença que gerou 66.280 novos casos no Brasil só em 2020, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), sendo a neoplasia maligna mais incidente entre as mulheres.
De acordo com o oncologista do Hospital Santa Catarina (HSC), de São Paulo (SP), Dr. Ângelo Bezerra de Souza, a mamografia de rastreamento, quando não há sinais ou sintomas suspeitos, é recomendada para mulheres entre 50 e 69 anos. Por isso, as pacientes mais jovens devem ser estimuladas a consultar preventivamente um mastologista e realizar o autoexame com toques. “Muitos tumores de mama são descobertos inicialmente pelas próprias mulheres. Ainda mais durante a pandemia de Covid-19, o principal conselho é discutir com seu médico a melhor forma e momento para a realização dos exames, de modo a não postergar o possível diagnóstico da doença”, afirma.
O especialista chama a atenção também para o câncer de colo de útero, que apesar de prevenível com vacinação e ter uma chance enorme de cura se houver detecção precoce do HPV, ainda é o quarto mais frequente no público feminino, tendo matado 300 mil mulheres em 2018. Pensando nisso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente um guia com táticas para erradicar esse câncer até 2030.
Novas tecnologias auxiliam o tratamento
A ginecologia é uma das especialidades mais beneficiadas pela cirurgia robótica, inovação que mais movimentou a área da saúde nos últimos tempos e cresceu cerca de 500% no Brasil nos últimos cinco anos. A tecnologia pode ser usada, por exemplo, para tratar a endometriose, considerada a doença da mulher moderna, que causa irregularidades menstruais, cólicas intensas e constipação ou diarreia, afetando as capacidades para o trabalho e atividades rotineiras. Trata-se de uma afecção inflamatória e crônica no lado de fora do útero, região bastante delicada para procedimentos cirúrgicos normais, mas facilitada pelo cirurgião-robô.
Segundo o ginecologista do Hospital Santa Catarina, Dr. Gustavo Barison, miomas uterinos e patologias oncológicas como tumores de ovário, de colo e endométricos, também podem ser tratados dessa forma. “O equipamento é conduzido por uma equipe de cirurgiões credenciados, enfermeiros, anestesistas e instrumentadores cirúrgicos, que agregam à sua técnica habitual a precisão das imagens em 3D que a tecnologia fornece, assim como os filtros de movimento preciso dos braços do robô”, afirma o médico.
“A robótica veio para aperfeiçoar e refinar a cirurgia minimamente invasiva e ser um adicional nesse arsenal terapêutico, buscando a excelência no tratamento da saúde da mulher como um todo. O equipamento garante incisões cirúrgicas menores, menor dor no pós-operatório e menos sangramento. Com isso, o tempo de internação e recuperação diminui consideravelmente, e a paciente pode retornar às atividades cotidianas mais cedo”, completa o ginecologista do HSC.