Cirurgias bariátricas crescem 7% em 2019

O Brasil realizou no ano passado, 68.530 cirurgias bariátricas. O número é 7% maior que em 2018, quando foram feitas 63.969. Os dados foram divulgados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e englobam os procedimentos feitos em planos de saúde, particular e Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar do crescimento, o número ainda é muito baixo. No país, 13,6 milhões de pessoas têm indicação para a cirurgia bariátrica.

“A cirurgia bariátrica é o tratamento mais eficiente, a longo prazo, para a obesidade. Mas, infelizmente, nem todo mundo tem acesso a ela. Para se ter uma ideia, o número de cirurgias realizadas no ano passado corresponde a 0,5% do total de obesos em nosso País. Imagina quanto tempo vamos demorar para operar todo mundo nesse ritmo. Isso sem levar em conta o crescimento do número de obesos a cada ano”, destaca o cirurgião bariátrico Admar Concon Filho, membro titular da SBCBM.

De acordo com ele, vários motivos contribuem para este número reduzido de procedimentos no país. “Algumas pessoas não fazem por medo ou porque não querem. Mas o maior motivo é a falta de acesso mesmo. O SUS realiza poucas cirurgias e nem todos os brasileiros têm plano de saúde. Precisamos de políticas públicas que deixem a cirurgia bariátrica mais acessível”, destaca. Segundo o levantamento, das cirurgias realizadas no ano passado, 12.568 foram pela saúde pública; 52.699, através de planos de saúde; e 3.263 de forma particular.

O cirurgião reforça que a cirurgia bariátrica não é uma cirurgia estética. “Além de combater a obesidade, que já é uma doença, ela também ajuda a controlar – e até curar – muitas doenças causadas ou agravadas pela obesidade, entre elas, o diabetes tipo 2, que é uma das principais comorbidades da obesidade. Portanto, com a cirurgia bariátrica, o paciente, além de aumentar sua expectativa de vida, também ganha qualidade de vida”, afirma Concon.

Cirurgia metabólica e a ajuda da população

Os resultados para o tratamento de comorbidades são tão efetivos que, em 2017, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou também a cirurgia metabólica. Ela é igual à cirurgia bariátrica, mas sua finalidade é o tratamento de doenças, principalmente o diabetes, e não a perda de peso. “O que muda é o objetivo. Por isso, ela pode ser feita em pacientes com IMC a partir de 30, enquanto a bariátrica só é indicada para quem tem IMC acima de 40 ou a partir de 35, com comorbidades”, explica o cirurgião.

“O problema é que a cirurgia metabólica ainda não faz parte do rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS) e, por isso, não tem cobertura dos planos de saúde. A SBCBM está com uma campanha para mudar esse cenário. A população pode ajudar opinando na consulta pública da ANS. Acreditamos que com a manifestação popular, a cirurgia metabólica possa ser coberta pelos planos de saúde e, assim, ficar mais acessível”, comenta o cirurgião.

Alguns estudos apontam que 72% dos pacientes com diabetes não têm controle clínico da doença, que progride de forma significativa e, muitas vezes, deixam de responder adequadamente ao tratamento com medicamentos. “Com a cirurgia metabólica, 90% dos pacientes deixam de usar insulina e de 70% a 80% não usam mais remédios.  Ou seja, é possível manter o controle da glicemia com menos medicamento e com menos insulina, o que melhora muito a qualidade de vida do paciente”, pondera Concon.

Além dos benefícios para o diabetes, a cirurgia metabólica também reduz os níveis de colesterol ruim (LDL) e aumenta os do colesterol bom (HDL). Ela melhora a pressão arterial, diminuindo o risco cardiovascular, reduz em 31% o índice de infarto, em 60% o índice de doenças renais, em 33% o índice de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e em 62% o índice de insuficiência cardíaca.

A consulta pública está disponível no site da ANS, mas é mais fácil acessá-la pelo site www.vidanovametabolica.org.br, criado pela SBCBM, logo na página inicial. Ao acessar a consulta pública, é necessário rolar a página e, na área para opinar, escolher o procedimento 153 (gastroplastia) e colocar, no campo Opinião, que DISCORDA da recomendação, que, atualmente, prevê que os planos não são obrigados a fazer a cobertura. Depois, basta explicar seus motivos.

Redação

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