Um colete desenvolvido por ex-alunos do Mestrado Profissional de Gestão em Redes de Telecomunicações para auxiliar pessoas com fibrose pulmonar reúne baixo custo, montagem simples e mais recursos que os equipamentos tradicionais. Ele auxilia na fisioterapia pulmonar para auxiliar pacientes com essa doença respiratória crônica com um custo que vai de US$ 250 a US$ 1 mil, enquanto um tradicional custa em média US$ 15 mil.
O projeto começou com os ex-alunos da Pós Carlos Sanches, Marcelo Montedori, Leonardo Delforno e João Pedro de Oliveira, este último da Iniciação Científica.
A proposta do projeto foi feita por Marcelo Montedori após contato com uma clínica chamada Arca dos Sonhos, de Paulínia, que trabalha com reabilitação. O fisioterapeuta Cláudio Roberto Duarte propôs buscar soluções para os problemas enfrentados no tratamento de uma paciente chamada Vitória, que tinha fibrose pulmonar.
“Sabíamos que a expectativa de vida dela não era maior do que quatro anos, mas ela era muito sonhadora, queria estudar publicidade e estava na fila do transplante que poderia salvá-la. Apresentei essa proposta para os colegas do mestrado, que se empolgaram com o desafio”, conta Montedori.
Mesmo não constando no cronograma do mestrado, o projeto foi aceito pelo programa. Os alunos pesquisaram formas de construir um colete que auxiliasse em massagens vibratórias em pontos do peito e das costas que ajudassem na expectoração de líquidos que se formavam no pulmão.
A paciente Vitória Aparecida Lourenço e o fisioterapeuta Duarte participaram dando todas as orientações para o aprimoramento do colete. “O primeiro teste foi emocionante, pois, em poucos segundos usados pela Vitória, ele mostrou resultados. Depois vimos que precisava ser aprimorado para que indicasse a oxigenação do paciente e outros indicadores que auxiliassem o fisioterapeuta a saber o tempo necessário e intensidade da aplicação”, disse.
Para chegar ao resultado do colete, o grupo pesquisou motores de aparelhos de massagem que causassem a vibração na frequência e intensidade corretas, adaptou um colete de segurança usado em esportes náuticos, desenvolveu controles de intensidade, programas de acionamento remoto e outras adaptações.
Leonardo fez o desenvolvimento da placa com o driver para fazer o controle dos motores que faziam as vibrações. Marcelo e Carlos desenvolveram o colete e anexação dos motores. João Pedro cuidou da parte de hardware e também do software do equipamento.
O protótipo foi um dos escolhidos pela PUC-Campinas para representar a Universidade no stand do Inova Campinas, feira que reuniu pesquisas e inovações desenvolvidas por diversas instituições de ensino e pesquisa da cidade.
A paciente Vitória faleceu em janeiro de 2021 antes de conseguir fazer o transplante de pulmão. O colete desenvolvido com sua ajuda está em processo de avaliação de possibilidade de registro de patente aberta, para que possa ser utilizado pelo maior número de pessoas a um custo mais acessível.
Também foi iniciado o processo de uma patente de nome da marca. “Queremos batizar o colete com o nome de FluxVest DuaVit em homenagem às duas pessoas que nos ajudaram no desenvolvimento. O Dua vem do Duarte, o fisioterapeuta, e Vit da Vitória, que foi nossa inspiração”, disse Montedori.
Continuidade
Atualmente, Gustavo Shoiti Sonodi, aluno de Engenharia de Controle e Automação, dá continuidade ao trabalho, desde setembro de 2020, como Iniciação Científica, sob orientação da Profa. Dra. Lia Mota.
Ele está desenvolvendo uma placa de circuito impresso, feita industrialmente, e melhorando a conectividade wi-fi do colete. Ele é controlado por um aplicativo acionado por celular conectado a um roteador. Antes havia dificuldade quando havia deslocamento do equipamento. Pelo novo sistema, ele pode detectar o roteador do local e se conectar automaticamente.
O próximo aprimoramento é a anexação no colete do sensor oxímetro, para avaliar a oxigenação, e de outros sensores com mais indicações físicas do paciente, como temperatura, em tempo real, para auxiliar no tratamento.
A professora Lia diz que o desenvolvimento do protótipo continua no Programa de Iniciação Científica e foi até premiado com bolsa do CNPq. Ela destaca a iniciativa dos ex-alunos, que ainda hoje participam de reuniões para aprimorar o projeto e ajudar o aluno que continua a pesquisa. Enquanto isso, o NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica) da Universidade avalia se ele possui inovações necessárias para que seja feito um pedido de registro de patente.
“Essa atividade não estava prevista no escopo do programa de pós, mas como é um mestrado profissional, é esperada essa inserção social. O ex-aluno Marcelo apresentou esse desafio, que foi aceito por todos e teve o apoio do mestrado. E devemos continuar no desenvolvimento do colete por mais um período da Iniciação Científica”, disse.