Coágulos e vacinas contra Covid-19 podem estar relacionados?

A preocupação em torno dos efeitos adversos provocados pelas vacinas contra a Covid-19 tem movimentado organizações de pesquisa do mundo todo, especialmente em relação às desenvolvidas pela AstraZeneca e pela Johnson & Johnson, que levaram entidades científicas na Europa e nos Estados Unidos a questionar o possível risco de trombose em decorrência do uso desses imunizantes.

A trombose acontece quando um coágulo de sangue bloqueia uma veia ou artéria, podendo causar diferentes problemas conforme a localização e a via circulatória obstruída. Quando o coágulo se forma dentro de uma artéria, há o risco de infarto ou acidente vascular cerebral isquêmico (popularmente conhecido como derrame), necrose de perna, braço ou ainda de vísceras. Já quando acontece dentro de uma veia, há o risco de trombose venosa, que pode ter como complicação a embolia pulmonar, que, por sua vez, impede a circulação no pulmão. Alguns casos relatados pós-aplicação de vacinas foram de trombose dos canais venosos intracranianos, que acarretam problemas de ordem neurológica.

Há algumas semanas, agências reguladoras de saúde dos EUA recomendaram a suspensão do uso do imunizante da Johnson & Johnson depois que seis casos de coágulos foram relatados em mulheres com menos de 50 anos. As ocorrências foram relatadas após 6,8 milhões de doses serem aplicadas naquele país.

Dias depois, a Agência Europeia de Medicamentos afirmou que existe uma possível ligação entre o uso da vacina de Oxford, fabricada em parceira com a farmacêutica AstraZeneca, e a formação de coágulos sanguíneos. Em comunicado oficial a agência reforçou que mais estudos são necessários para entender a origem dos coágulos e a incidência e que, por enquanto, a formação de coágulos deve ser adicionada à bula como um efeito adverso raro.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) investiga 47 suspeitas do possível efeito colateral de ocorrências tromboembólicas. Apesar de não haver comprovação ainda, a informação foi adicionada ao item Advertência e Precauções da bula da vacina contra o novo Coronavírus fabricada no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Bonno Van Bellen, angiologista e cirurgião vascular da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, diz que a trombose venosa compromete com maior frequência as veias das pernas, o que também ocorreu em alguns casos relatados com a aplicação da vacina. Porém, casos que mais preocupam, aqueles que acometem vias de maior importância na circulação, são raros. “Anticoncepcionais, cigarro e principalmente a própria Covid-19 podem ter chance muito mais alta de causarem trombose nas veias das pernas. Cerca de 16% dos pacientes com Covid-19 são acometidos pela doença contra 0,0004% dos que apresentaram o quadro pós-vacina. Ou seja, o imunizante pode ser considerado seguro por ter benefícios superiores aos problemas em caso de contágio pela Covid-19”, conclui o especialista da BP.

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.