Setembro Amarelo: Hospital realiza roda de conversa com profissionais

Os reflexos da pandemia da Covid-19 desestabilizaram muitos aspectos da vida cotidiana, em especial a saúde mental. E trazem efeitos ainda marcantes entre profissionais da saúde. No Paraná, estado em que um suicídio é registrado a cada dez horas, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o Hospital Angelina Caron (HAC) começou a promover rodas de conversa com enfermeiros e colaboradores para escuta ativa de suas rotinas, anseios e dificuldades. A iniciativa marca o mês de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo.

“Uma crise nada mais é do que um desequilíbrio emocional, mas que traz também oportunidades: de fazer diferente, de se propor novas respostas e usar os recursos disponíveis no momento com criatividade. Se for pego pela correnteza, não nade contra ela. Lembre-se de que ela desemboca em algum lugar. Não brigue com a vida, querendo ter controle da situação, isso só potencializa o sofrimento. E nunca esqueça: se tem vida, tem jeito”, orienta a psicóloga ocupacional Joyce Gurgel, coordenadora da dinâmica implantada pelo hospital paranaense, que fica localizado em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba.

Por meio do Programa Ciclo do Cuidado, o HAC oferece escuta acolhedora através de Rodas de Conversa contínuas, contribuindo para amenizar as tensões, angústias, ansiedade e estresse dos colaboradores. O trabalho é feito em local neutro e restrito, assegurando o sigilo das conversas, em um espaço de confiança e empatia.

Em junho de 2019, os artistas Emicida, Majur e Pabllo Vittar lançaram a música “AmarElo”. Nela, foi usado um trecho da música do falecido compositor e cantor Belchior, “Sujeito de Sorte” (1976): “Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro, ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”. A letra reforça uma mensagem atual e de esperança: a prevenção ao suicídio, explica a psicóloga. “Emicida colocou, no começo do vídeo, o áudio de um amigo próximo com depressão. Ele acreditava que a morte era a única saída, mas saiu dessa e hoje está bem. A vida é preciosa e sempre vale encontrar outras respostas para as questões que ela traz”, reforça Joyce.

Um suicídio a cada 10 horas no PR

O número de suicídios no Paraná segue em patamar recorde desde 2018, com mais de 900 registros por ano, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Só no Brasil, são 12 mil, de acordo com o Ministério da Saúde e a ABP.

Os transtornos como depressão, bipolaridade e abuso de substâncias como álcool e drogas são os principais fatores de risco do suicídio. Além disso, 96,8% dos casos estão relacionados aos transtornos mentais, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que promove desde 2014 a campanha do Setembro Amarelo, junto ao Conselho Federal de Medicina.

Redação

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