Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicam que ao ano mais de 30 mil brasileiros são diagnosticados com câncer de pulmão, fazendo com que o tumor esteja entre os líderes em volume de incidência no país – cerca de 13% de todos os casos registrados. E cabe a ele mais um título pouco valoroso: o de doença oncológica que mais mata todos os anos. O levantamento mais recente, de acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer divulgado em 2018, indica que são 28.717 mortes em decorrência dessa neoplasia maligna a cada 12 meses.
Contudo, há motivos a serem celebrados: graças ao avanço proporcionado pelas pesquisas científicas nos últimos anos, os tumores de pulmão atualmente contam com um arsenal poderoso para o enfrentamento da doença, que, somados à quimioterapia, radioterapia e outras condutas de cuidado, tem revolucionando o combate à esse tipo de câncer. Neste cenário, a Imunoterapia – que ativa o sistema imunológico através da combinação de diversos medicamentos – é apontada como uma aliada valiosa e eficaz em muitos casos, podendo ser combinada ou não a outras alternativas terapêuticas.
O tratamento recebeu dedicatória do Prêmio Nobel de Medicina em 2018 e, desde então, se estabeleceu como melhor caminho para pacientes com Câncer de Pulmão – inclusive em metástases – porque tem uma variedade de componentes agindo especificamente nas células cancerígenas. Dados apresentados na Associação Americana de Pesquisa do Câncer, em Chicago, no mesmo ano, já apontavam a Imunoterapia como a responsável por maior qualidade de vida e probabilidade de sobrevivência, modificando de forma imediata as práticas médicas no tratamento de algumas formas da doença desde então.
“A imunoterapia é um enorme avanço para o tratamento do câncer de pulmão. Para que essa terapia funcione, o diagnóstico precisa ser individualizado e preciso. Conhecendo as células cancerígenas, as medicações vão agir para fortalecer o sistema imunológico que combate aquele mal especificamente. Ou seja, o caminho passa a ser o fortalecimento do sistema. Antes, o que ocorria era a destruição total das células, inclusive as saudáveis, para a eliminação do mal. Agora, o tratamento é focado, o que aumenta as chances de sucesso e qualidade de vida”, argumenta Carlos Gil Ferreira, oncologista clínico do Grupo Oncoclínicas e Presidente do Instituto Oncoclínicas.
Combate ao tabagismo e individualização também são palavras de ordem
O arsenal de avanços na Oncologia tem ainda como aliada a análise genética, tanto para a precisão diagnóstica, quanto para o direcionamento de tratamentos cada vez mais pautados pelo olhar individualizado e eficácia nos resultados. Segundo Carlos Gil Ferreira, exames que ajudam a detectar o perfil molecular de tumores de pulmão têm se mostrado importantes ferramentas no controle da condição.
“Esse tipo de teste proporciona maior precisão e melhor qualidade no diagnóstico, o que é fundamental para uma definição precisa do tratamento. Isso porque, apenas conhecendo com precisão a célula cancerígena o profissional de saúde conseguirá especificar o melhor tratamento para aquele caso”, ressalta.
Adicionalmente, seguindo essa visão voltada à união de esforços para obtenção de melhores resultados em toda a linha de cuidados ao paciente, o presidente do Instituto Oncoclínicas ressalta que o combate ao fumo é essencial para reduzir os riscos de incidência de tumores de pulmão. “Nunca é tarde para abandonar o vício. Mesmo no caso de pacientes com diagnóstico de câncer, aqueles que largam o cigarro obtém uma melhora na capacidade de oxigenação que favorece a redução de possíveis efeitos colaterais das terapias empregadas e contribui para uma melhor resposta ao tratamento, com ganhos evidentes para a qualidade de vida”, finaliza Carlos Gil.