Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), houve um aumento de 141% no número de cirurgias plásticas entre adolescentes de 13 a 18 anos nos últimos anos. E as pesquisas ainda apontam que essa procura é tanta que o Brasil ultrapassou os números dos Estados Unidos em termos de intervenções estéticas nessa faixa etária, o que o torna líder do ranking.
De acordo com o Dr. Luís Felipe Maatz, cirurgião plástico, com especialização em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e especialista em Reconstrução Mamária pelo Hospital Sírio-Libanês; os procedimentos mais procurados pelos adolescentes são:
- Prótese de silicone nos seios;
- Redução de mama;
- Ginecomastia (redução de mama masculina);
- Lipoaspiração;
- Rinoplastia (correção do nariz);
- Otoplastia (correção das orelhas).
Afinal, por que eles querem tanto?
A adolescência é uma fase caracterizada por inúmeras transformações, tanto no aspecto orgânico como psicossocial. O fato é que a distorção do corpo ideal, massificada pelos meios de comunicação, principalmente as redes sociais, fez com que a cirurgia plástica se tornasse uma solução e um objetivo a ser alcançado.
“A ditadura da beleza é um fenômeno que penaliza os adolescentes, que nunca estão satisfeitos com a própria imagem e vivem em busca de uma pseudo perfeição. Esta fase, por si só, já engloba uma série de alterações físicas e psicológicas difíceis de lidar. Passar por elas neste momento turbulento de pandemia, cujo emocional de todos já está desestabilizado, se torna um desafio ainda maior”, comenta Stella Azulay, fundadora da Escola de Pais XD, educadora parental pela Positive Discipline Association, especialista em Análise de Perfil e Neurociência Comportamental e mentora de pais, educadores, adolescentes e mulheres.
Segundo Stella, um dos pontos é o ganho de peso na adolescência. “Algumas meninas, por exemplo, podem passar ilesas, se tiverem um estirão de crescimento na mesma fase da puberdade ou se não tiverem muita tendência a engordar. Mas, ainda assim, há grandes chances de aumento dos quadris, das pernas, mamas e até da barriga. Meninas que estão acima do peso tendem a ganhar cerca de três vezes mais peso do que as que estão dentro do normal”. Para ela, uma cirurgia plástica, mesmo que simples, configura uma mudança no corpo humano. “Daí a importância de pais e responsáveis estarem atentos e buscarem compreender o que tanto incomoda o adolescente a ponto de querer se submeter ao procedimento”.
O que deve ser levado em conta
As cirurgias plásticas na adolescência devem ser discutidas pelo pediatra (dependendo da idade), pelo cirurgião plástico e, se for o caso, por um psicólogo. O objetivo é obter um julgamento cirúrgico adequado, devendo ser valorizados aspectos como idade ideal para correção, inserção social, estabilidade emocional, higidez física, autoestima e autoimagem.
Segundo Luís Felipe Maatz, é preciso também orientar o jovem e os pais sobre a cirurgia plástica em adolescentes. “Discuta todos os pontos da cirurgia. Tratamento de acne pode envolver laser ou peelings químicos, assim como botox e preenchedores só podem ser aplicados se houver indicação médica não estética. Já a mamoplastia de aumento deve ser realizada, preferencialmente, acima de 18 anos de idade, enquanto a redutora e os implantes para correção de assimetria mamária são aceitáveis após esclarecimentos aos responsáveis”.
O cirurgião aponta ainda que a rinoplastia é somente em casos excepcionais, e com indicação para meninas entre 15 e 17 anos, e, para meninos, entre 17 e 19 anos. Já a lipoaspiração deve ser evitada, salvo raras exceções. Por fim, a ginecomastia e otoplastia podem ser realizadas sem grandes problemas.
“Em suma, os adolescentes podem passar por determinados procedimentos, desde que sejam avaliados os pontos citados. Além disso, jovens costumam ser apressados. Se as recomendações pós-cirurgia não forem seguidas à risca, a cirurgia plástica pode não apresentar os resultados esperados. Lembrando também que é imprescindível optar por um cirurgião comprovadamente qualificado e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica”, orienta Luís Maatz.