Um dos momentos mais marcantes da série de lives sobre Segurança do Paciente, organizada pela Pró-Saúde na última semana, aconteceu na sexta-feira (17), durante a palestra do advogado, atleta e empresário Bernardo Lobo.
Bernardo contou a sua experiência como paciente, relatando o seu ponto de vista sobre a assistência recebida no período que lutou contra um câncer e os impactos da doença na sua vida. A palestra aconteceu no mesmo dia em que é comemorado o Dia Mundial da Segurança do Paciente, data que reforça a importância dos cuidados assistenciais e redução de riscos.
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Antes do diagnóstico oncológico, ele contou que a sua infância foi marcada pelo esporte. “Me sentia forte, imbatível e pensava que era imortal. O câncer, pra mim, era uma sentença de morte”, compartilhou.
Com uma vida agitada, atuando como triatleta, advogado, sócio de um escritório de advocacia, entre outras atividades, Bernardo viu a sua vida mudar quando morava em Portugal com a esposa e estudava para um mestrado. Em um exame de rotina, houve a suspeita de um câncer na mandíbula, muito raro em adultos.
Ele e a esposa voltaram para o Brasil imediatamente em busca de tratamento. Aos 33 anos de idade, começou a travar a luta mais importante da sua vida. Bernardo lembra do quanto a família e os amigos tiveram um papel importante nesse momento.
“Quando tem um membro da família com câncer os demais membros adoecem juntos. Difícil lidar com a tristeza e os problemas gerados por você estar doente. O tempo é realmente relativo. Enquanto todos seguiam as suas vidas, a minha estava estagnada enquanto travava a minha batalha”, conta.
A importância de ouvir
Bernardo explicou, ainda, a importância de ouvir os profissionais responsáveis pelo seu tratamento e no cuidado assistencial. Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem acabam se tornando amigos, parceiros capazes de compreender os momentos de tristeza, ansiedade e tensão.
Além disso, ele também faz um alerta a respeito de promessas de curas milagrosas com tratamentos alternativos. “É importante o médico deixar bem claro que não se deve fazer nada que não seja prescrito por ele. E, principalmente, qualquer coisa que você for tomar, comer ou administrar, que seja passado antes pela equipe médica. Por isso, é importante o diálogo”, reforçou.
Bernardo conseguiu vencer o câncer depois de muita luta, com realização de uma cirurgia para retirada do tumor, quimioterapia e reconstrução da mandíbula. Ele voltou a praticar esportes e foi retomando a sua vida aos poucos. A experiência vivida com o câncer despertou a vontade de ajudar outros pacientes.
No Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, localizado em Belém (PA), unidade gerenciada pela Pró-Saúde voltada ao tratamento de crianças e adolescentes com câncer, que leva o nome do avô de Bernardo, ele ajudou a criar uma brinquedoteca com apoio da entidade. “Foi uma forma de retribuir e agradecer os profissionais de saúde que cuidaram de mim e deixar esse espaço para as crianças que também irão lutar contra o câncer”, diz.
Bernardo encerrou a palestra reforçando a importância do diálogo entre a equipe médica e o paciente, mantendo a transparência e as explicações de cada procedimento adotado durante o tratamento. A confiança da equipe e o estímulo diário por um final positivo também são fatores que acabam contribuindo no sentimento de segurança assistencial.
O debate promovido pela Pró-Saúde sobre a Segurança do Paciente está disponível no canal da entidade no YouTube. Além do Bernardo Lobo, outros dois encontros virtuais foram realizados pela entidade sobre as estratégias em segurança do paciente.
A primeira live foi com o médico Péricles Góes Cruz, que atua como superintendente técnico da ONA (Organização Nacional de Acreditação). O segundo encontro on-line aconteceu com a participação da médica Elenara Ribas, uma das maiores especialistas em segurança do paciente no Brasil.