Sociedade de Cirurgia Bariátrica defende transparência na fila de cirurgias pelo SUS

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) defende uma maior transparência no que se refere a informação sobre número de pacientes que aguardam o tratamento cirúrgico da obesidade nas filas do Sistema Único de Saúde (SUS), em estados e municípios do país, bem como o cumprimento das diretrizes previstas nas portarias 424 e 425 do Ministério da Saúde.

Isso porque com a redução em 69,9% no número de cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS no último ano de pandemia, saindo de 12.568 em 2019, para 3.772 em 2020, muitos hospitais não voltaram a operar pacientes que aguardam – com comorbidades – o tratamento. Até o mês de julho deste ano foram realizadas apenas 990 cirurgias pelo SUS em todo o Brasil.

Em julho deste ano, o Ministério da Saúde já havia classificado a cirurgia bariátrica como procedimento essencial, devido aos riscos que a obesidade causa para pacientes com Covid-19 e outras doenças. A recomendação integrou as Diretrizes da Atenção Especializada no Contexto da Pandemia de Covid-19.

Fila em São Paulo – Para que se tenha ideia, a Secretária Municipal de Saúde de São Paulo, em um pedido de acesso à informação feito pela SBCBM, informou que existem apenas 25 pessoas na fila dos SUS aguardando a cirurgia.

Em 2017, uma análise Integrada entre Vigitel 2014, POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) , IBGE e Tabnet da Agência Nacional de Saúde (ANS) – ferramenta que possibilita a tabulação de dados e pesquisas customizadas – apontou uma população elegível à cirurgia bariátrica pelo SUS de 669 mil pessoas no estado de São Paulo e de
3 milhões de pessoas no Brasil.

Para o presidente da SBCBM, Fábio Viegas, é fundamental que haja um sistema de regulação e de transparência dos pacientes que aguardam na fila, tendo em vista que 52% dos brasileiros declararam ter engordado neste último ano. “A obesidade e doenças associada a ela aumentaram e, aliado a isso, houve uma redução no número de cirurgias bariátricas em 2020. Este cenário ocasionou em um tempo de espera ainda maior para os pacientes que buscam o SUS para o tratamento cirúrgico da obesidade”, afirma Viegas. Ele reforçou que a fila do SUS para cirurgia bariátrica deveria seguir o mesmo processo da fila de transplantes no Brasil. “Cirurgia bariátrica não é cirurgia estética. Precisamos pensar que os pacientes com obesidade grave reduzem a cada dia suas chances de vida e dar agilidade ao encaminhamento para tratamento. É muito simples, se não temos novos cadastros, não temos fila”, ressalta.

Outro ponto questionado pelos cirurgiões bariátricos no Brasil é o não cumprimento dos critérios previstos nas portarias do Ministério da Saúde, que preveem o encaminhamento para cirurgia de pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) de 50 Kg/m2; pacientes com de IMC ³40 Kg/m², com ou sem comorbidades, sem sucesso no tratamento clínico por no mínimo dois e pacientes com IMC < 35 kg/m2 e com comorbidades, com alto risco cardiovascular, diabetes e/ou hipertensão arterial de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos.

Obesidade será debatida em SP – O crescimento da obesidade no Brasil e os tratamentos serão debatidos entre os dias 11 a 13 de novembro, no Expo Transamérica, em São Paulo, no XXI Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

A Sociedade Brasileira reunirá mais de 1.500 cirurgiões e profissionais que atuam no combate à obesidade como nutrólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, profissionais de educação física, psicólogos e psiquiatras.

“Será o maior Congresso presencial do mundo sobre o tema, já que muitos eventos internacionais foram cancelados em 2020. O Congresso será fundamental para debater estratégias sobre como otimizar os resultados da cirurgia bariátrica e metabólica”, afirma o presidente do evento, Marcos Leão Vilas Bôas.

Entre os temas que serão abordados estão novas tecnologias para o tratamento dos pacientes, bem como propostas de atendimento seguro e formas de dar maior agilidade ao atendimento do SUS. A programação do evento conta com a participação de 282 palestrantes – entre convidados nacionais e internacionais em cursos, palestras e debates dinâmicos. Neste ano, a SBCBM preparou um curso de Gestão e Tendências em Cirurgia Bariátrica; o I Simpósio de Cirurgia Robótica; o evento Novas Fronteiras no Tratamento do Diabetes Tipo 2, com a participação de representantes de entidades que atuam diretamente com pacientes portadores da doença.

“Serão três dias de evento. O objetivo do congresso é a educação em cirurgia bariátrica e metabólica e a união das diferentes especialidades envolvidas no tratamento da obesidade”, finaliza o presidente da Comissão Científica do Congresso, Antônio Carlos Valezi.

Redação

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