Pandemia impulsiona ecossistema digital da medicina brasileira

A medicina brasileira passou por uma profunda transformação cultural durante a pandemia. Além de atendimentos mais humanizados e maior integração entre profissionais de diferentes áreas, o setor está vivendo uma grande evolução tecnológica. É o que apontam especialistas da área, que se reuniram no 1° Fórum em Saúde, promovido pela MDHealth, uma das maiores empresas de educação médica independente da América Latina. Segundo os profissionais, houve uma aceleração no desenvolvimento do ecossistema digital do setor e, com a aproximação da era pós-Covid, é importante focar também em outras questões fundamentais como gestão e retomada de exames preventivos.

“Durante a pandemia, a medicina digital conquistou ainda mais espaço. Temos dispositivos, monitoramento a distância, medicina de precisão, robótica, realidade virtual expandida e agora tecnologia 5G, que está chegando para revolucionar a área. Também contamos com o ensino médico a distância permitindo a conexão entre o conhecimento e a cura. Da mesma forma que uma fake news pode matar, levar informação qualificada para médicos de todo o País pode salvar e melhorar a qualidade de vida das pessoas”, comentou o cardiologista e presidente do conselho da MDHealth, Dr. Marcelo Sampaio.

O vice-presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Henrique Neves, comentou sobre o atendimento médico a distância no país. “Lutamos durante anos para conseguir que houvesse uma resolução que autorizasse a prática da telemedicina no Brasil e, por conta da crise sanitária, do dia para a noite recebemos a permissão”, disse o médico. No Brasil, as consultas a distância estão autorizadas somente enquanto durar a pandemia e ainda há incertezas sobre a aprovação definitiva desse formato de atendimento médico.

Já o membro do conselho da MDHealth, Dr. Nelson Teich, se aprofundou nas questões relacionadas à gestão. “A Covid mostrou as fragilidades e ineficiências do sistema de saúde. A inovação transformou muito rapidamente as questões de recursos diagnósticos, mas as capacidades de gestão e de informação não acompanharam. Para conduzir uma gestão são necessárias três coisas: financiamento, operação e entrega. Se você não tem informações claras sobre isso, você caminha às cegas e vai tomando decisões de uma forma mais intuitiva”, explicou o ex-ministro da saúde.

O tema gestão também foi abordado por um dos fundadores da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED), Luis Natel. “Tem muitas lições que pudemos aprender durante esse período, inclusive sobre gestão e governança. As pessoas perceberam que é necessário fazer uma utilização mais consciente dos recursos que temos. A alta demanda por equipamentos de proteção individual (EPIs), por exemplo, levou os profissionais a fazerem um uso mais adequado desses materiais, evitando desperdício”, comentou. Os especialistas destacaram ainda um outro fator que tem sido fundamental durante a crise sanitária: o esforço conjunto e integração de diferentes áreas da saúde, tanto na indústria farmacêutica, quanto nos hospitais, empresas provedoras de insumos etc.

Outro ponto levantado durante o fórum foram os adiamentos de exames complementares da saúde suplementar. “Em 2020, eram esperados que fossem realizados 1 bilhão de exames e, por conta da pandemia, atingimos 85% desse número. A consequência disso foi uma queda de 46% no número de mamografias, um exame essencial para prevenção do câncer de mama em mulheres. Tivemos também uma queda de 47% em um exame muito simples que se chama pesquisa de sangue oculto, utilizado para prevenção do câncer de colo de útero”, destacou o presidente do Conselho da ABRAMED, Wilson Shcolnik. Segundo o médico, os números estão sendo revertidos esse ano, o que é fundamental para a economia do setor.

Para a realização do fórum foram seguidos todos os protocolos sanitários de segurança contra a Covid-19.

Redação

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