A importância da odontologia oncológica no tratamento do câncer

O paciente oncológico deve seguir alguns protocolos específicos de cuidados e um deles está relacionado à saúde bucal. É essencial que seja acompanhado antes, durante e depois do tratamento por um cirurgião-dentista com experiência em oncologia. A doença pode ocasionar alterações de cavidade oral, por exemplo, e certos medicamentos têm a capacidade de aumentar os riscos de surgimento de outros problemas.

A odontologia oncológica é mais um serviço oferecido pelo Centro de Oncologia Campinas (SP) para reforçar o perfil de atendimento multidisciplinar da instituição. As cirurgiãs-dentistas Dra. Bruna Sabino e Dra. Monique Regalin entram para o time de especialistas nos cuidados do paciente com câncer do COC a partir deste mês, com a multimissão de orientar, tratar, prevenir e conscientizar.

A associação dos problemas bucais com a condição clínica do paciente reflete na saúde bucal e gera conforto. O cirurgião-dentista oncológico não avalia apenas a boca do paciente mas também a medicação que ele usa, os exames que realiza e os tratamentos que faz. “No caso da oncologia, é preciso desenvolver uma relação multidisciplinar, enxergar paciente como um todo. Temos de saber que tratamentos ele faz e quais as medicações  que toma para poder prevenir ou tratar eventuais problemas na boca”, detalha Monique. “Todos os casos são discutidos com a equipe médica e multiprofissional, de modo a proporcionar segurança e qualidade do tratamento”, acrescenta  Bruna.

Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia têm o potencial de agravar problemas bucais pré-existentes ou desencadear outros. Dessa forma, antes mesmo do início do tratamento oncológico, o paciente deve procurar o cirurgião-dentista para realizar uma avaliação e receber orientações. Alguns quimioterápicos podem provocar o aparecimento de alterações em mucosas – lesões conhecidas como Mucosite – além da perda do paladar. Essas intercorrências, além de desconforto, podem dificultar a alimentação, dificultando a terapêutica do paciente.

O tratamento oncológico eventualmente ocasiona outras alterações bucais, como a xerostomia – sensação de boca seca – com potencial de prejudicar a alimentação, deglutição e de favorecer o aparecimento de infecções oportunistas. “O paciente que fizer a avaliação com o cirurgião-dentista desde o início do diagnóstico, consegue minimizar os efeitos colaterais e até prevenir. Mesmo o paciente que já está em tratamento e que apresenta alguns efeitos, consegue diminuir esses efeitos com a laserterapia e com protocolos específicos”, reforça Bruna Sabino.

A extração de um dente, por exemplo, é um procedimento descomplicado para o paciente saudável, porém, exige cautela e cuidados quando envolve uma pessoa com câncer. “Alguns pacientes que usam certas medicações estão propensos a dadas reações. Se ele fizer a extração do dente, pode não apresentar reparo ósseo na região e desenvolver osteonecrose”, exemplifica Bruna.

O conhecimento e a experiência de lidar com pacientes oncológicos são determinantes, muitas vezes, do curso correto dos tratamentos. Um problema de boca, confirma Monique, dependendo da gravidade, pode retardar o tratamento oncológico. “O ideal é que todo paciente, antes de iniciar o tratamento, passe por avaliação com o cirurgião-dentista. Se for notada qualquer alteração, ela já será tratada”, confirma.

O cirurgião-dentista oncológico, além de conhecer os efeitos dos tratamentos, dos medicamentos e os problemas aos quais os pacientes são mais suscetíveis, dispõe de experiência para lançar mão de recursos altamente positivos, como a laserterapia. “O tratamento a laser pode ser preventivo, para evitar aparecimento de lesões, ou para recuperar mais rápido. É um recurso eficaz e seguro”, confirma Monique.

A laserterapia, entre outros benefícios, alivia a dor, inflamações, é eficaz na cicatrização e regeneração de tecidos e possui ação analgésica e anti-inflamatória. É ainda um meio bem-sucedido de tratamento nos protocolos preventivos de mucosite para o paciente oncológico.

O Centro de Oncologia Campinas oferece o serviço de odontologia oncológica para todos os pacientes recém-diagnosticados ou já em tratamento para serem orientados a realizar uma avaliação e fazer o acompanhamento mais completo da sua saúde.

Profissionais 

A cirurgiã-dentista Bruna Sabino é graduada em Odontologia pela UNESP, especialista em Estomatologia e pacientes oncológicos pela Fundação Antônio Prudente/A.C Camargo Câncer Center, Mestre em Ciências da Cirurgia pela Unicamp. É coordenadora da Odontologia Hospitalar do Hospital Vera Cruz, Casa de Saúde e Oncologia Vera Cruz. Especializanda em Implantodontia pela São Leopoldo Mandic.

A cirurgiã-dentista Monique Regalin é graduada em Odontologia pela Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic. Mestranda em Ortodontia pela São Leopoldo Mandic. Atua em Odontologia Hospitalar no Hospital Vera Cruz e Casa de Saúde Vera Cruz, nos atendimentos de pacientes críticos, oncológicos e domiciliar.

COC é presenteado com saxofone solidário de Hilquias Alves

O som solitário do saxofone leva acolhimento a ambientes por vezes desafiadores. A melodia que transforma é obra de Hilquias Alves, um pernambucano que veste o jaleco branco para encantar pacientes e colaboradores de 96 hospitais e instituições de saúde de Campinas e região. Na manhã desta quinta-feira (7), Hilquias esteve no Centro de Oncologia Campinas. O dia dele estava só começando. A agenda do músico inclui ao menos 15 apresentações voluntárias, semanalmente, em diferentes locais. A doação a que se propõe envolve muitos quilômetros rodados e milhares de notas musicais compartilhadas.

Na peregrinação diária pelas instituições de saúde, Hilquias segue em busca de momentos que só a música e o voluntariado podem lhe dar. “O que mais me marca no que faço é a troca de olhares. A pessoa recebe minha música com tanto carinho, posso ver a transformação no rosto dela. Tem homens durões que eu vejo enxugando as lágrimas. É para isso que me dedico, para levar amor aos outros”.

Onze anos atrás, Hilquias resolveu seguir o conselho da mulher, Lucirlei Silva, e levar seus acordes a quem precisava se alegrar. O primeiro trabalho foi no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp e, a partir dele, a lista cresceu. Durante o isolamento da pandemia de Covid-19, muitos foram os moradores de prédios de apartamentos que saíram às janelas e sacadas para ouvir Hilquias. Naquela época estranha, o silêncio das ruas acentuava a mensagem de paciência e esperança que saía de seu sax. “Pensei que na pandemia minha missão fosse mudar, que teria de interromper o que eu faço, mas aconteceu o contrário. As pessoas nunca precisaram tanto de mensagens de força, de gestos de carinho”, recorda.

A cada instituição que visita, Hilquias recebe em troca o amor que busca levar a todos. “O amor é o vínculo da perfeição, e perfeição é fazer algo pelo próximo. Da mesma forma que quando eu estivesse doente eu gostaria que alguém tocasse uma música para mim, faço isso pelo outro. Estou sempre disposto a fazer algo por alguém”.

Natural de Olinda, Hilquias chegou a Campinas há 35 anos – atualmente mora em Valinhos. Sua história com o saxofone começou pelas mãos do pai, que o ensinou a tocar. “Quando os conhecimentos do meu pai se esgotaram, parti para as escolas de música, onde me aprimorei. Desde 1983 sou músico profissional pela Ordem dos Músicos do Brasil. Fui também militar da banda do Exército”, detalha.

A obra solidária de Hilquias é resultado do projeto de um homem só, que conta com a ajuda de muitos outros que se identificam com sua missão. Todas as apresentações de Hilquias são gratuitas. Para ajudá-lo nessa tarefa, possui um grupo de “amigos mantenedores”, pessoas que colaboram com uma ajuda mensal. Não há compromissos firmados, cada um faz o que pode, e quando pode. Hilquias também recebe uma ajuda fixa do Hospital Vera Cruz, onde toca regularmente.

Os gastos mensais com combustível e pedágio são grandes, mas os “amigos mantenedores” se asseguram de garantir Hilquias e seu sax ativos onde a música se faz necessária. “Tem gente que fala: ‘quando eu me aposentar foi fazer um trabalho voluntário’. Às vezes nem aposenta, nem chega lá, ou quando chega está tão derrubado que não consegue cumprir o desejo. Por isso eu prefiro fazer o que faço enquanto estou firme, com saúde” ensina.

As pessoas ou instituições que quiserem conhecer um pouco mais da missão de Hilquias, ou colaborar com ela, podem entrar em contato com o músico solidário pelo telefone (19) 99773-3813.

Redação

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