Alerta para possível interrupção no fornecimento de kits descartáveis para cirurgias cardíacas no SUS

A Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO) tem se reunido constantemente com o Ministério da Saúde, nos últimos cinco anos, para discutir a necessidade de reajuste da tabela SUS, com relação aos dispositivos descartáveis utilizados em cirurgias cardíacas que necessitam de circulação extracorpórea.

Os itens não sofrem correção desde 2002, ocasionando prejuízos às duas indústrias brasileiras que produzem esses componentes, com tecnologia 100% nacional, que são utilizados, principalmente, em cirurgias de pontes de safena, troca de válvulas cardíacas e transplantes cardíacos. Atualmente, os fabricantes atendem 70% das 48 mil cirurgias desse tipo, realizadas anualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo o superintendente da ABIMO, Paulo Henrique Fraccaro, a situação é preocupante. “Se confrontarmos a defasagem de 18 anos com os dias atuais, a diferença chega a 121%. A consequência disso é que as indústrias não têm mais condições de absorver esse custo para suprir as necessidades do SUS, sem abrir mão da saúde financeira de suas fábricas. E uma das possibilidades é deixar de fornecer esses componentes”, explica.

A presidente da Braile Biomédica, Patrícia Braile, afirma que 80% da matéria-prima utilizada no kit de cirurgias cardíacas com circulação extracorpórea (composto por oito peças descartáveis) é importada. “Todos os insumos sofreram reajuste e a indústria foi absorvendo os custos. Nos últimos sete meses houve uma explosão de preços por causa da pandemia. Chegamos ao nosso limite. Não há como continuar a produção com aumento no déficit”.

Para o presidente da Nipro Medical, Mario Tanigawa, os pagamentos pelo valor de referência sem qualquer reajuste inviabilizam investimentos. “É impossível ampliar a produção e gerar empregos com essa conjuntura. Os reajustes ocorrem para médicos, para hospitais, mas os produtos permanecem os mesmos. Fica muito difícil manter a sustentabilidade dos fabricantes. O que solicitamos é apenas uma equiparação de valores para continuar o fornecimento de maneira adequada e equilibrada”.

Para a ABIMO, o ideal é chegar a um preço justo para que as indústrias possam manter a produção e o fornecimento dos materiais. “Com uma eventual interrupção da fabricação e da entrega desses itens, o SUS terá como única alternativa a importação desses dispositivos, com o agravante que o custo em dólar será muito acima dos pleiteados pelas fabricantes nacionais”, ressalta Fraccaro.

O kit para procedimentos cardíacos com circulação extracorpórea é composto por oito peças entre conjuntos descartáveis de tubos, filtro arterial, kit de cânulas, oxigenadores de membranas e hemoconcentradores.

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.