Os principais executivos da Celling Biosciences passaram recentemente uma semana no Brasil para divulgar a técnica e buscar parcerias para uma terapia que já faz sucesso em vários países do mundo. Trata-se do Concentrado do Aspirado da Medula Óssea, que usa células do próprio corpo para tratar lesões. Apesar de a técnica ser amplamente usada nos Estados Unidos e nos países membros da União Europeia, ela ainda não está aprovada no Brasil.
O fundador e CEO da empresa Kevin Dunworth, e o presidente da companhia, Steve Melchiode, visitaram alguns tradicionais centros de pesquisa ortopédica do Brasil para oferecer apoio para que possam realizar estudos. Ficou acertado que a PUC de Curitiba e a Santa Casa de São Paulo, serão as primeiras a fazerem as pesquisas com o objetivo de comprovar a eficiência da nova técnica.
A comitiva americana também ofereceu parcerias aos departamentos médicos de alguns dos principais clubes de futebol do Brasil, como Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Botafogo e Atlético-PR. Nos últimos dias, o Flamengo entrou em contato para manifestar seu interesse também.
Por fim, os americanos se reuniram com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, e com parlamentares ligados a esse setor, para explicar os benefícios dessa técnica.
Com os executivos, veio o médico Scott Spann, um dos maiores expoentes em medicina regenerativa dos Estados Unidos, com mais de 10 mil casos registrados. Além disso, Spann é um especialista em medicina esportiva, pois convive com o esporte desde a infância. Na juventude, foi nadador de alto rendimento e quebrou cinco recordes mundiais, em diferentes provas.
A Celling produz equipamentos para o uso das células da medula óssea que estão no osso do quadril – crista ilíaca, na terminologia médica. A técnica do Concentrado do Aspirado da Medula Óssea consiste em usar as próprias células-tronco adultas do paciente para tratar a lesão. O médico retira um pequeno volume, concentra-as por meio de uma centrífuga, e depois as injeta no local da lesão.
No Brasil, o uso de células-tronco adultas para terapia está aprovado para a odontologia desde o final do ano passado e poderá ser aprovado nos próximos meses para algumas especialidades médicas, como a ortopedia.
Até que isso aconteça, os atletas dos clubes brasileiros que firmarem parceria poderão fazer esse tratamento nos EUA, em clínicas certificadas pela empresa.
O tratamento com células-tronco já possui alguma tradição no tratamento de atletas de elite. O tenista espanhol Rafael Nadal melhorou de um crônico problema nas costas ao fazer esse tratamento em 2014. Dois anos depois, o português Cristiano Ronaldo usou a mesma técnica para tratar uma lesão muscular a tempo de disputar a semifinal da Liga dos Campeões e na sequência a Eurocopa. Foi campeão e eleito melhor jogador em ambas as competições.
Nos EUA, o uso em esporte de alto rendimento é quase maciço. No Super Bowl de 2016, 30 atletas do Denver Broncos se submeteram ao tratamento antes do jogo de forma preventiva – e isso foi amplamente divulgado. O Denver venceu por 24 a 10 e foi campeão.
Nesta semana, Terrell Owens, um dos maiores jogadores da história do futebol americano, com 14 recordes pessoais na NFL, aposentado há cinco anos, fez BMC nos joelhos, costas, cotovelos e cintura, para tratar as dores que acompanharam sua carreira. Em agosto, ele será incluído oficialmente no Hall da Fama desse esporte.
O tratamento com o Concentrado do Aspirado da Medula Óssea possui três vantagens sobre os métodos tradicionais. Por ser muito menos invasivo, não necessita de tempo de recuperação pós-operatório. Também é altamente anti-inflamatório, cortando a dor de forma muito rápida. Por fim, em tratamentos como o de Cristiano Ronaldo, propicia um tempo de recuperação mais curto.
No esporte, esse tratamento não é considerado doping pela Wada, a agência mundial reguladora do tema, desde que as células não sejam manipuladas – misturadas a qualquer outro tipo de substância não presente no próprio sangue – e que sejam reinjetadas no organismo do mesmo atleta em menos de 48 horas. As duas exigências são atendidas pelo Concentrado.
Quando a terapia for aprovada no Brasil, a Celling pretende primeiro exportar seus equipamentos para o Brasil. E, dependendo dos resultados, pode até abrir um centro de produção no país.