Após verão, vacinas contra a febre amarela têm queda de 80% no Brasil

Após a primeira mudança de estação de cada ano, do verão para o outono, a busca pela vacina contra a febre amarela cai bruscamente no Brasil. É o que aponta um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (ANADEM), que usou os dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e mostra que a vacinação para evitar o vírus transmitido por mosquitos cai cerca de 80% nos meses subsequentes ao período mais quente do ano no país.

De acordo com a pesquisa, no verão de 2018 (contemplado no primeiro trimestre daquele ano), quando ocorreu grande surto de febre amarela no Brasil, foram 7,1 milhões vacinações contra a doença viral. Porém, a quantidade de aplicações caiu para 1,3 milhão na estação seguinte (de abril a junho), enquanto no inverno, foram “apenas” 1,2 milhão pessoas vacinadas. Uma queda de 82,5% em relação aos primeiros três meses do ano passado.

Em 2017, houve uma redução na busca pela vacina ainda mais significativa após o verão. Naquela ocasião, foram pouco mais de 13,9 milhões de doses aplicadas entre janeiro e março. Esse intervalo de tempo remete ao período da primeira epidemia recente da doença, que começou em dezembro de 2016.

No segundo trimestre daquele ano, foram 64% aplicações a menos, enquanto entre julho e setembro, a queda foi de 87% (1.810.800 vacinações).

“Seria necessário que o SUS e o Ministério da Saúde realizassem campanhas permanentes de vacinação. Não adianta fazer divulgações esporádicas ou apenas quando ocorrem os surtos. Quando se erradica uma doença infectocontagiosa, as pessoas perdem o medo e deixam de se vacinar. Então, o ciclo retorna e doenças que, há quase um século haviam sido extinguidas, voltam a apresentar altos picos de incidência por função da não vacinação”, alerta o presidente da ANADEM, Raul Canal.

O especialista explica ainda que “o alto número de pessoas que se vacinam no verão está relacionado ao maior consumo de água, do aumento de chuvas no período, além da alta no turismo, já que alguns países do exterior exigem que o turista brasileiro precise estar vacinado contra esse tipo de doença”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorreram 778 casos de febre amarela no Brasil no verão de 2017, resultando em 262 mortes. Um ano depois, o mesmo período contabilizou novos 1.376 casos da doença, enquanto o número de vítimas fatais atingiu 483 pessoas.

“O Brasil está sempre propenso aos surtos de doenças infectocontagiosas porque não consegue estar em dia quanto às prevenções ou sequer criar formas de antecipação para minar as epidemias de patologias que deveriam estar erradicadas”, concluiu o presidente da ANADEM.

Redação

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