Desde 2016, o grupo de palhaças TrupeCali, formado pelas atrizes-palhaças Marina Rodrigues, Marcela Sampaio e Nicole Marangoni, percorre semanalmente os quartos do Núcleo de Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas de São Paulo. Com o projeto Palhiare, o grupo usa a arte da palhaçada para se reconhecer, identificar e ressignificar os anseios e medos dos que estão ali presentes.
O dia de trabalho começa com uma reunião, com a equipe médica multidisciplinar de plantão, onde cada caso é explicado onde e uma estratégia de abordagem desses pacientes é definida pela trupe. “A palhaça é por essência o lugar da emoção exacerbada, da frustração, dos medos e anseios humanos vistos quase que por uma lupa. É uma máscara que na verdade mostra quem somos de maneira genuína, ou o mais próximo dela”, afirma Marcela. “Quando entramos no quarto, fazemos uma leitura daquele ambiente. Se há espaço para brincadeiras, brincamos, se há tristeza, ouvimos cuidadosamente esses relatos compartilhando o momento”, completa.
Cada encontro é singular. As palhaças buscam em seus repertórios pessoais, de palhaçaria, improviso e demais formações das integrantes, proporcionar um encontro único com cada paciente. “Toda nossa bagagem profissional se torna uma carta na manga para cada atendimento”, explica Nicole.
De acordo com Marina Rodrigues, também integrante do projeto, existem muitas pessoas que acham que ser palhaço é colocar o nariz vermelho e provocar o riso, mas essa reação é apenas uma das consequências possíveis da interação. “Quando, por exemplo, um palhaço tropeça e cai, aquilo é a condição real dele, então quando estamos no hospital, as pessoas se identificam com essa inadequação, uma vez que se encontram em um momento de fragilidade, dessa forma criamos uma nova comunicação entre nós, contextualiza.
O grupo tornou-se uma referência na abordagem através da arte, de pacientes em cuidados paliativos, sendo convidadas para palestras e cursos em universidades de medicina e hospitais de São Paulo e interior.
