Artigo – A importância da tecnologia na hora de salvar a vida de prematuros

De acordo com a ONU, em 2016, sete mil crianças morreram antes do quinto aniversário e, se a situação permanecer desta forma, serão 60 milhões nessas condições entre 2017 e 2030, metade delas durante o período neonatal.

No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, diariamente nascem 40 prematuros e ocorrem mais de 900 partos antes da hora. Os números alarmantes fazem da prematuridade um tema de grande importância, que precisa ser discutido com atenção, razão pela qual foi instituído 17 de novembro como o Dia Mundial da Prematuridade.

A data visa mobilizar a área da saúde e a sociedade. Afinal, encontrar novas formas de aumentar o número de vidas salvas é um desafio constante. O papel da tecnologia é crescente na melhoria dos cuidados neonatais nos primeiros dias de vida de um bebê prematuro. Os resultados são visíveis, por exemplo: há um tempo, o nascimento de um bebê com menos de 23 semanas era considerado um aborto, pois as chances de sobrevivência eram mínimas.

Hoje, graças a todos os avanços, foi possível rever esse conceito e salvar vidas de prematuros de apenas 22 semanas, simulando dentro da incubadora o ambiente ideal.

Aline Hennemann, vice-diretora-executiva da ONG Prematuridade – Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros, afirma que, em hospitais e unidades neonatais, é indispensável o uso de avançados equipamentos para cuidados aos pacientes no que diz respeito ao aumento das chances de sobrevida e de suporte ininterrupto às funções vitais dos recém-nascidos prematuros. De acordo com ela, as incubadoras, por exemplo, reproduzem com a maior proximidade possível o útero materno, proporcionando um local aquecido, com umidificação adequada para a idade gestacional, além de trazer o conforto necessário ao diminuir ruídos e luminosidade.

Equipamentos de fototerapia, ventilação, entre outros, garantem um tratamento muito mais adequado. Ela ressalta que, se utilizados de forma correta, diminuem o tempo de internação, tendo em vista que quanto mais rápida a alta, menores podem ser as complicações e os traumas da família. Aliar tecnologia de qualidade ao cuidado só traz benefícios para os bebês.

Aline salienta ainda que, além da tecnologia, o cuidado humanizado deve ser realizado sempre para que o recém-nascido e sua família sintam-se acolhidos. Uma estratégia de cuidado pautado nas diretrizes do método canguru, por exemplo, comprovadamente salva e melhora a qualidade de vida dos recém-nascidos prematuros e suas famílias. Esse método consiste em uma política nacional de saúde que compreende três etapas – pré-natal, na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Canguru (UCINCa) e no período pós alta hospitalar –, nas quais a equipe de profissionais da Unidade Neonatal oferece atendimento de saúde qualificado, observando a individualidade de cada criança, o momento evolutivo do recém-nascido e sua história familiar.

A ONG Prematuridade trabalha com três pilares sólidos: educação em saúde, advocacy e o cuidado com as famílias. Neste sentido, realiza ações, inclusive no Dia Mundial da Prematuridade, de sensibilização para a causa em todo o Brasil, levando informações e cursos de qualificação para as equipes hospitalares incrementarem a qualidade da assistência. Também promove políticas públicas de saúde que possam atender aos prematuros e suas famílias, como, por exemplo, a licença estendida.

A boa notícia é que, além do empenho dos defensores da causa de salvar vidas de prematuros e da celebração do Dia Mundial da Prematuridade, o Brasil hoje é considerado um produtor de tecnologia de ponta na área neonatal, dispondo de fabricantes de equipamentos de alta qualidade para os cuidados de bebês nos primeiros dias de vida e nos cuidados pediátricos. Estes aparelhos estão alinhados às necessidades de atendimento, muitas delas, demandadas pela própria Sociedade Brasileira de Pediatria e em consonância com as políticas públicas nacionais vigentes.

O mais importante disso tudo é ter a certeza de que, na verdade, a experiência, a tecnologia, as equipes interdisciplinares qualificadas e muito carinho são capazes de transformar realidades.

 

 

Professora Doutora Karin Schmidt Rodrigues Massaro é médica hematologista, sócia-diretora e presidente do conselho da Fanem

 

 

 

Conteúdo originalmente publicado na Revista Hospitais Brasil edição 94, de novembro/dezembro de 2018. Para vê-la no original, acesse: portalhospitaisbrasil.com.br/edicao-94-revista-hospitais-brasil

Redação

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