Artigo – A vacina contra a Covid: como na cardiologia, melhor prevenir

A discussão no Brasil e no mundo em torno da chegada da vacina contra a Covid-19 é absolutamente inócua, um mero exercício irresponsável de futurologia, uma vez que não faz qualquer sentido duvidar de fármacos que ainda estão sendo testados nos melhores laboratórios e centros de pesquisa do planeta.

Mas alguns leigos se arvoram no direito de determinar o que serve ou não para salvar a vida de pessoas, como se fossem os mais preparados cientistas do mundo. Na verdade, politiza-se a futura vacina como se fosse ela candidata a eleição. Até o comportamento da sociedade, normalmente de defesa, vira objeto de cobiça.

Essas pessoas desconhecem o valor das vacinas em geral para a preservação da espécie e sua luta desesperada contra doenças fatais, como o sarampo, a varíola ou a meningite meningocócica, além de outras que podem deformar um corpo, como a poliomielite.

Talvez até tenham tomado vacinas quando crianças e se livrado de males maiores, e sem registro de questionamento sobre a origem do produto, inclusive dos equipamentos que realizam exames ou terapias medicamentosas em geral na medicina.

Convém traçar um paralelo entre uma vacina e as doenças do coração, como um AVC ou um infarto, responsáveis por 380 mil mortes por ano no Brasil e 18 milhões no mundo. Números pandêmicos! Imagine ficar livre da ameaça de ataques cardíacos após receber uma ou duas doses de um imunizante. Um alívio para a Humanidade.

Nos dois casos, a chave que determina a longevidade da vida se chama prevenção. Sem a vacina, ainda estamos todos sob a ameaça desse novo vírus que se propagou pelo mundo. Como pode alguém ser contra um fármaco que salva?

Se podemos ter uma vacina contra a Covid, no caso de doenças cardíacas a prevenção já é do conhecimento dos cidadãos, mas nem todos seguem os conselhos médicos e se livram de males que matam. Um conjunto de medidas pode ser considerado com eficácia semelhante às vacinas.

Por exemplo, as consultas médicas para realizar avaliações periódicas e controle de fatores de risco: má alimentação, sedentarismo, estresse, tagabismo, diabetes, hipertensão arterial, colesterol alto etc. Mas temos hoje terapias avançadas no controle destas doenças, a partir da evolução tecnológica com exames apurados. Além do ECG simples, contamos com exames esclarecedores como a Ressonância Magnética e Angiotomografia do coração.

Mesmo que não tenha sintomas de deficiências coronárias, a consulta médica é essencial para prevenir surpresas desagradáveis. Claro, aqui não deve haver jamais interferências de quem quer que seja, como deve ser também saudável a relação entre médico e paciente no caso da Covid ou de qualquer doença.

E agora temos à disposição a telemedicina, um avanço tecnológico que democratiza o acesso à medicina de qualidade. Por tudo isso, convém sempre lembrar: a vacina é um direito, não obrigação.

Sua saúde pertence somente a você e não está a serviço de nenhum demagogo de plantão, mas cabe reforçar que a vacina é uma excelente prevenção da Covid, cientificamente comprovada, e pode evitar a morte de milhares de pessoas. Quanto a isso, há pouco espaço para debates e misticismos.

 

 

Américo Tângari Junior é especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e Associação Médica Brasileira (AMB)

Redação

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