Artigo – Biotecnologia além do Coronavírus

Com a chegada da pandemia da Covid-19, a medicina e suas soluções passaram a ter mais destaque na agenda das pessoas. Um dos assuntos nesse contexto é a biotecnologia.

Trazendo a definição da ONU, “biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica”. Em outras palavras, é a ciência que, a partir de organismos vivos, consegue criar produtos para otimizar o modo que vivemos, mesclando conhecimentos acadêmicos, experimentação e inovação.

Apesar de aparentemente se tratar de uma área vanguardista, a biotecnologia começou muito antes do que se imagina. Já era presente em processos de fermentação de bebidas alcóolicas, posteriormente utilizada na fabricação de vinagres, queijos e pães. Quem avançou nesse assunto foi Louis Pasteur, no século XVII, ao descobrir, através do microscópio, os microrganismos que provocavam a fermentação. Outro grande marco para a biotecnologia e para a medicina foi a descoberta da penicilina em 1928 por Alexander Fleming.

De lá pra cá muito se avançou. Atualmente a biotecnologia é responsável por grande parte das tecnologias biológicas hoje existentes, que vão da saúde humana até o meio ambiente: sequenciamento genético para a compreensão de genomas, produção de fármacos e vacinas para salvar vidas, biorremediação ambiental para recuperação das áreas degradadas, melhoramento genético para melhorar a condição biológica produtiva no campo e até mesmo biologia sintética para novas soluções inovadoras.

E agora, em 2021, com o novo Coronavírus, como a biotecnologia pode ajudar ao combate da pandemia? Além da resposta óbvia da vacina, a biotecnologia tem o potencial de atuação em muitas frentes como métodos de diagnóstico e também o desenvolvimento de novas moléculas com potencial terapêutico para a Covid-19; mas uma delas merece uma atenção de destaque: tecnologias virucidas para redução da capacidade de contaminação do Sars-CoV-2.

Atualmente, após um ano de incidência da pandemia no Brasil, já compreendemos um pouco mais de como se comporta o novo Coronavírus humano. Sabemos que máscaras são eficientes, que ambientes fechados e pouco ventilados podem ser perigosos, que o isolamento social é fundamental e que álcool em gel são altamente virucidas e salvam vidas; mas será que poderíamos ir além? Será que poderíamos tornar superfícies, tecidos e ambientes mais seguro nesse momento? Essa é uma pergunta que a biotecnologia brasileira tem se debruçado para compreender.

Através de longos processos de pesquisa e desenvolvimento, profissionais de biotecnologia tem se debruçado no desenvolvimento de novos produtos para tornar a infecção pelo Sars-CoV-2 menos provável, e de um ano para cá, uma série de novos produtos comprovadamente virucidas tem entrado na casa dos brasileiros e brasileiras. Novas formulações virucidas em spray, como caso da VistoBio, para aplicação na pele e que eliminam o mau cheiro; novos purificadores de ar, como caso da SterilAir, podendo tornar seus ambientes mais seguros contra vírus e ácaros; novas formulações poliméricas para transporte coletivo, como o caso da Caio Induscar, que tem tornado os assentos e revestimento de seus carros mais seguro para os passageiros; entre muitos outros exemplos que poderiam aqui ser citados.

Essas empresas compreenderam que apenas os conhecimentos tradicionais de engenharia e química não poderiam mais ser suficientes para lidar com um momento complexo quanto o que vivemos, e deste modo, somaram forças com profissionais altamente qualificados de biotecnologia para desenvolver novas soluções poderosas no combate ao Coronavírus.

A biotecnologia está na vanguarda do conhecimento humano e, em momentos de crise sanitária, assumir as rédeas da biologia é uma questão de sobrevivência. Apenas por meio de uma ciência ousada e inovadora é que conseguiremos sair mais fortes desse momento trágico.

Guilherme Ferreira Luz é CMO da CROP

Redação

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