Passar uma ou mais noites internado num leito de hospital é um fato bastante comum para muitos pacientes submetidos a diversos tipos de cirurgia. Até alguns anos atrás, o processo de internação ainda era necessário para quem passava por uma cirurgia para remoção da glândula tireoide, com permanência de um a três dias no hospital. No entanto, vários estudos mostram que para essa cirurgia, a tireoidectomia, a alta é possível ainda no mesmo dia.
A maioria das pesquisas feitas nos Estados Unidos e em alguns países europeus comprovaram que não há nenhum benefício numa internação prolongada, mas sim algumas desvantagens e até riscos, como o de infecção hospitalar. Todavia, por serem estudos de países com outra estrutura na área de saúde e outro perfil de pacientes, não se tinha certeza se essa conduta poderia ser replicada na realidade brasileira. Com isso, um estudo realizado pelo cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Unimed Chapecó, Marco Antonio Scirea Tesseroli, avaliou a segurança e a satisfação de pacientes submetidos à cirurgia da tireoide com alta no mesmo dia.
Publicado na revista científica The Archives of Head and Neck Surgery, o estudo mostrou que esse tipo de cirurgia não exige a internação na maioria dos casos e que os pacientes ficaram extremamente satisfeitos ao poder retornar para casa sem pernoitar no hospital. As vantagens da alta precoce são muitas e afetam positivamente não somente os pacientes, mas também os hospitais e o sistema de saúde. Com relação aos pacientes, os pontos positivos são:
- O retorno ao conforto do lar, a companhia dos familiares, dormir na própria cama, a liberdade de transitar pela casa ao invés de ficar praticamente restrito ao quarto do hospital, evitar ruídos próprios dos corredores dos hospitais como campainhas e trânsito de pessoas, diminuição do risco de infecção hospitalar. Uma situação especial é o caso de pacientes que têm filhos pequenos e que esse distanciamento causa não só ansiedade nas crianças como também nos pais e mães; o rápido retorno ao lar diminui esse problema.
- Os hospitais se beneficiam da alta precoce ao disponibilizar leitos, dando maior dinâmica para admitir novos pacientes, não sobrecarregam os profissionais de enfermagem que podem dedicar mais atenção a pacientes que efetivamente necessitam de suporte, reduzem custos – a diminuição de custos traz benefícios a pacientes, a planos privados e ao sistema público de saúde.
Um fato que não era esperado quando o estudo iniciou foi a pandemia da Covid-19. Nesse período muitas cirurgias foram suspensas pelo elevado risco de contaminação pelo vírus. Com a alta precoce os pacientes puderam ainda ser operados – dando-se prioridade aos casos de câncer – e receber alta precoce diminuindo o risco de contágio intra-hospitalar e também favorecendo a liberação dos leitos hospitalares numa época em que os hospitais estavam superlotados.
Apesar de a alta no mesmo dia poder ser oferecida à maioria dos pacientes submetidos à cirurgia de tireoide e trazer grande satisfação, o médico especialista decidirá baseado na sua experiência pessoal, nas condições clínicas e em fatores sociais, se o paciente poderá retornar ao lar ainda no mesmo dia. Existem pacientes que preferem permanecer no hospital após a cirurgia e, para estes, apenas um pernoite é necessário.
O Hospital Unimed Chapecó foi, oficialmente, o primeiro hospital privado brasileiro a oferecer a alta precoce e segura de modo rotineiro a pacientes submetidos à cirurgia da tireoide com base no estudo publicado pelo médico da Unimed Chapecó, Marco Tesseroli, pioneiro no país. Mais uma conquista para os pacientes do oeste catarinense que podem contar com uma medicina equiparada ao dos melhores hospitais de países de primeiro mundo.
Dr. Marco Antonio Tesseroli é Cirurgião de Cabeça e Pescoço, especialista em Cirurgia oncológica/cancerologia
