Artigo – Coração: que órgão é esse?

“O coração tem razões que a própria razão desconhece”. “Eu sei essa música de cor”. “Só se vê o bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Poderíamos citar inúmeras frases, reflexões e poemas envolvendo o coração, órgão que muitos relacionam diretamente ao amor e às emoções. Mas o coração vai muito além da emoção; ele é fundamental para a nossa sobrevivência.

45 segundos. Esse é o tempo que o sangue demora para percorrer todo o organismo, fruto da batida do coração. Sem o sangue circulando não conseguimos manter a oxigenação celular, não mantemos a temperatura do corpo e, portanto, não nos mantemos vivos. Ainda que seja composto por tecido muscular, o correto é dizer que o coração é um órgão e não apenas músculo. Ele está localizado no centro da cavidade torácica, levemente inclinado para a esquerda, em uma região denominada mediastino. Sim, você leu corretamente: o coração fica no centro do peito, contrariando a famosa música que diz que “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”. A forma anatomicamente correta seria “amigo é coisa pra se guardar no mediastino do peito”, mas talvez a licença poética permite esse “erro”.

Dividimos o coração em quatro partes: dois átrios e dois ventrículos, sempre usando a denominação direita e esquerda para melhor compreensão. Na metade direita deste órgão circula apenas sangue venoso (rico em dióxido de carbono e pobre em oxigênio) e na parte esquerda circula apenas sangue arterial (rico em oxigênio a ser transportado ao resto do corpo). A distribuição e passagem correta desses dois tipos de sangue é coordenada por meio de válvulas que abrem e fecham em um meticuloso “ballet” que permite que os sangues não se misturem e nem sejam distribuídos erroneamente.

E ainda que seja um órgão aparentemente simples, é complexo em suas funções e vital para a nossa sobrevivência. E ainda assim, tão negligenciado: a cada 90 segundos morre no Brasil uma pessoa decorrente de problemas cardíacos. Muitos deles, evitáveis. Esse é um dado que temos o poder de mudar e para isso basta mais cuidado. Cuidado com a alimentação, com o estresse, com a qualidade do sono. Cuidado com a atividade física (sempre tão deixada de lado).

Autocuidado e alto cuidado. O coração agradece e pulsa. Por você e pra você. Cuide bem dele.

Dr. Jeffer de Morais é diretor de Cardiologia Clínica do Grupo Sirius 

Redação

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